Artista multidisciplinar, pesquisadora, cria da Centra Única de Favelas (CUFA) da Cidade de Deus no Rio de Janeiro, aluna do Projeto Rapensando. Atualmente, krumper, um estilo de dança que expressa com mais intensidade os sentimentos; além de acadêmica na área de artes, ciências humanas, cultura e gestão de projetos, trabalhando pela dignidade, pelos direitos humanos e culturais. Essa é Jéssica Gaspar, de 31 anos, que sobe ao palco desta quarta-feira (16), às 21h, na abertura dos shows culturais das “Festas de Agosto”, na Praça Doutor Chaves, região central de Montes Claros. 

Na área da dança, Jéssica, que nasceu no Rio de Janeiro e reside em Diamantina, acumula atualmente 13 anos de estudos; na música, são seis anos de dedicação; e nas artes plásticas, já conta com três anos de prática, resultando em uma jornada repleta de aprendizado e conquistas que lhe trazem felicidade. “Essas diferentes linguagens artísticas me elevam e transformam a minha realidade, financeiramente, emocionalmente e socialmente”, disse.

Como iniciou sua vida na arte, na música? 
Meu corpo sempre dançou, minha voz sempre ecoou os mais belos encantos, Zambi me deu um samburá de melodias, toda beleza do meu trabalho, é a pura materialização de uma vida negra feliz! Sempre vivi em arte, profissão e ciência são coisas que a Cufa e a pesquisa me deram como caminho de sabedoria. 
 
Como foi o convite para se apresentar no Festival Folclórico nas Festas de Agosto? 
Creio que o som que faço, ecoa paz, uma verdade visceral e ancestral, as Festas de Agosto são sobre respirar amor e respeito as nossas culturas e eu fico feliz em dizer que me viram como parte desse movimento de amor e paz! 
 
É a primeira vez em Montes Claros?
Sim e eu estou muito feliz, sempre ouvi histórias de amor sobre a cidade! 
 
Como será o show de hoje à noite?
Será como sempre para mim, uma entrega de amor, uma oportunidade de dividir com o meu povo, tudo que temos de mais belo e poético e contar por meio da canção as potências e poderes da ancestralidade afrobrasileira, um pouco do sou, e a felicidade que precisamos para seguir em paz. Será uma noite maravilhosa!
 
Você também compõe, não é? 
Sim, é um orgulho para mim! 
 
Como cria suas performances hipnotizantes? 
Penso que as pessoas desejam contemplar a felicidade e a verdade que ser humano significa, ao pensar uma performance, desejo entregar saúde, proteção, amor e prosperidade, através das sabedorias do meu corpo, da doçura da minha voz e dos encantos de ser negra.
 
De onde vem a inspiração? 
Minha verve nasceu comigo, minha arte vem da natureza, dos meus NKISIS, e de todas as pessoas que me ensinaram coisas boas.
 
Qual mensagem, musicalmente e poeticamente, você passa ao público?
Desejo passar a mensagem da paz, do respeito, da dignidade da pessoa humana, e da felicidade, desejo dividir a coragem de existir como se é e a beleza de uma música de amor.
 
Em sua trajetória, acredito que você tenha muitas histórias e curiosidades para nos contar. Teria alguma que foi mais marcante?
Foi emocionante para mim, cantar para mais de 30 mil pessoas com o Ilu Obá de mim, uma instituição de educação e cultura que tem mais de 400 mulheres que tocam tambores de fé e resistência, cantar para encerrar o carnaval foi maravilhoso e uma das maiores bençãos em minha vida, salve Xangô, salve o Ilu Obá! 
 
E as artes plásticas. O que produz?
Sou outliner, pinto livremente, a planer, no rio, na montanha, perto da natureza, meu coração expressionista fica leve e produzo então, obras como quadros, esculturas, vestidos, coroas, joias, o que meu coração desejar compartilhar com o mundo, sou filha de muitas Áfricas, é saudável ter muitos caminhos distintos para conversar com o mundo! Sou feliz nas artes plásticas.