Em nota distribuída à imprensa, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Têxteis de Montes Claros diz que, na última quarta-feira, 10, foi lançada uma chapa de oposição para concorrer às eleições daquele sindicato, que há mais de 20 anos se encontra nas mãos de um grupo de pessoas que não representam os reais interesses dos trabalhadores. Diz a nota que esse grupo há anos forja eleições fraudadas sem a participação da categoria e impede, pelos mais diversos meios, que os trabalhadores possam participar dos processos eleitorais, e representa claramente os interesses patronais no meio sindical, usufruindo das benesses que lhe são asseguradas pelo poderio econômico do conglomerado de indústrias têxteis instalado em Montes Claros.
Após a inscrição da chapa 2, de oposição à atual direção do sindicato, os integrantes da chapa foram colhidos de surpresa com a demissão de cinco dos seus integrantes já no dia seguinte à inscrição. Na segunda-feira, 15, outros quatro membros foram demitidos, somando já mais da metade dos 16 integrantes da chapa 2. Além das demissões, uma integrante da chapa que se encontra grávida foi transferida de setor sem nenhuma justificativa aceitável.
Essa atitude, segundo a nota, deixa claro que o grupo Coteminas, impossibilitado de demitir a funcionária em razão da gravidez, buscou um meio de constrangê-la e intimidá-la ilegalmente, transferindo-a para um setor de atividades pesadas em que o trabalho é realizado em pé, fora das condições próprias para uma mulher grávida. Ação de reintegração dos demitidos será ajuizada ainda hoje, 16 de maio.
Dizem nos integrantes da chapa 2 que as agressões e as intimidações levadas a cabo contra os funcionários demonstram duas coisas:
- A primeira é o total descaso do grupo Coteminas, cujo principal acionista e controlador é o vice-presidente da República José Alencar, quanto aos direitos dos trabalhadores, num flagrante desrespeito às normas que regem a relação capital/trabalho. Busca, com tais atitudes, intimidar os trabalhadores e impedir que uma diretoria que não seja subserviente aos seus ditames assuma o controle do sindicato. Um segundo aspecto é a relação de estranha intimidade que impera entre os atuais diretores do sindicato e a direção das empresas: bastou a chapa de oposição ser inscrita na última quarta-feira para que, quase imediatamente, a empresa tomasse conhecimento de todos os nomes dos seus membros e iniciasse as demissões e as pressões.
Assinam a nota: Eli Isabel Santana, coordenadora regional Norte da Corrente Sindical Classista da CUT – CSC; José Germano Cardoso Ferreira, diretor do Sindicato dos professores de Minas Gerais – SINPRO/MG; Valdomiro Maciel, diretor do Sindicato dos trabalhadores na indústria do cimento de Montes Claros – SINMENTO; José Venâncio Pereira, vice-presidente do Sindicato dos Vigilantes do Norte de Minas – SEVISTV