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Segunda-Feira,22 de Setembro

Revoltados, presos ameaçam atear fogo no cadeião

Jornal O Norte
Publicado em 06/06/2006 às 11:15.Atualizado em 15/11/2021 às 08:37.

O clima na cadeia pública de Montes Claros voltou a ser tenso na noite de ontem, segunda-feira, após reunião realizada entre detentos, juiz da Vara de execuções penais, Marco Antônio Ferreira, e o diretor do cadeião, delegado Saulo Nogueira.






Repórteres comprovam qualidade de marmitex


dispensados pelos detentos
(foto: Wilson Medeiros)



Logo após a reunião convocada para ouvir as reivindicações dos detentos das alas internas que estão em greve de fome desde o último sábado, 02, os presos começaram a bater grades e gritar que iriam colocar fogo no local e render os agentes penitenciários, se o juiz Marco Antônio não cedesse ao apelo de liberar a entrada de alimentos às quintas-feiras no local, proibida há mais de trinta dias e prorrogada por tempo indeterminado.



O juiz Marco Antônio informou à reportagem que os presos reclamam que a comida paga pelo estado é ruim e de pouca quantidade e reivindicam a revogação da decisão de proibir a entrada de alimentos levados pelos familiares nas visitas de quinta-feira.



- Não vamos ceder de forma alguma às exigências dos presos. A decisão foi tomada por questões de segurança, para evitar a entrada de drogas, armas e celulares no local, se mesmo com a proibição ainda estão sendo encontrados celulares nas celas, a proibição será mantida até que nada que comprometa a segurança do local esteja nas mãos dos presos. Os únicos alimentos que serão autorizados a ser entregues pelas famílias são açúcar, café e miojo.



Sobre a reclamação dos presos da qualidade das refeições, o juiz informa que a comida oferecida aos detentos é de boa qualidade:



- A refeição diária dos presos é de ótima qualidade. Carne e verduras todos os dias. Não há justificativas para fazerem greve de fome por causa da qualidade da comida, pois muitos trabalhadores não têm uma refeição igual a dos detentos.



SITUAÇÃO CRÍTICA



O juiz reconhece que a situação no cadeião é crítica, mas afirma que não cederá às exigências dos detentos. O diretor delegado Saulo Nogueira diz que a situação é insuportável e humanamente impossível de ser controlada, ao lembrar que o local construído para 90 detentos hoje abriga 381:



- Conversamos com os detentos para tentar controlar a situação que está a cada dia mais difícil de ser controlada e os alertamos de que quem agir de forma que comprometa a segurança do local será punido nos limites da lei.



DESPERDÍCIO



No cadeião, O Norte presenciou o desperdício de alimentos que são pagos pelo estado e que poderiam matar a fome de muitos trabalhadores e crianças da cidade. Os corredores das alas internas estavam forrados de comida que os detentos vêm jogando fora desde o início da greve de fome, no último sábado.



Na tarde de ontem foi determinado pelo juiz Marco Antônio que as refeições rejeitadas pelos detentos fossem doados ao Centro de convívio Lar da criança abandonada, localizada na Vila Atlântida.



SEGURANÇA REFORÇADA



Para reforçar a segurança do local, uma vez que os presos ameaçam se rebelar a qualquer momento, o diretor do cadeião convocou as polícias militar e civil para ficar de plantão no local. Até o fechamento desta edição, policiais estavam de plantão reforçando a segurança do cadeião.

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