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Segunda-Feira,22 de Setembro

Repressão a bandidos inibe até Samu de entrar no Feijão Semeado

Jornal O Norte
Publicado em 03/06/2006 às 13:44.Atualizado em 15/11/2021 às 08:36.

O caos instalado no aglomerado Cidade Cristo Rei, conhecido como Feijão Semeado, localizado na zona norte de Montes Claros, após o assassinato de um menor na madrugada de ontem e a repressão de criminosos a entrada dos agentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no local, reuniu autoridade das polícias militar, civil, federal, ministério público, vara de execuções penais e secretaria municipal de segurança pública, na tarde de ontem para definir estratégias para combater o crime no aglomerado, identificado como zona quente de criminalidade, com grande concentração de autores de receptação, furto/roubo de veículos e a transeuntes, uso e tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo, entre outros crimes.



O assassinato aconteceu por volta de 1 hora, quando três homens encapuzados e armados com revólveres de calibre 32 e pistola de calibre 380, invadiram a casa de Juarez Máximo da Fonseca, localizada na rua Maracanã, nº 22.



Os homens invadiram a casa efetuando vários disparos de arma de fogo e atingiram com 11 tiros: Renato Desidério Ruas, 16 anos, conhecido como ‘Tim’, que possuía três passagens pelos meios policiais, sendo uma por homicídio; Elias Desidério Fonseca, 24 anos, duas prisões cadastradas, atingido na perna direita; e uma criança de nove anos, atingida no tórax.



Segundo testemunhas, após acertarem Tim, os criminosos ainda atiraram várias vezes em seu corpo acertando 3 tiros na coxa direita, 3 na coxa esquerda, 3 no tórax e 2 nos braços.



Durante a fuga os criminosos gritava: - que já haviam se vingado.



No local foram recolhidas pela perícia técnica, 15 cápsulas calibre 32 e 380 mm, e apreendida uma espingarda marca Boito, calibre 12, nº 29965, carregada com 2 cartuchos intactos, e outros seis cartuchos intactos, que estavam escondidos debaixo do colchão da cama de Renato.



VINGANÇA



O delegado Giovani Siervi, da delegacia de repressão aos crimes contra pessoa, informou a reportagem de O Norte que o crime foi motivado pela sede de vingança de um grupo rival ao de Tim, que matou no início deste ano um dos parentes dos suspeitos de serem os chefes do tráfico no Feijão Semeado.



Giovani Siervi explicou os fatos registrados nos últimos meses no Feijão Semeado que podem ter motivado o assassinato de Tim:



No dia 7 de fevereiro passado, por volta das 23 horas, Tim matou Ricardo Santana da Silva, 19 anos, conhecido como ‘Tião Macalé’, com seis tiros de revólver calibre 32, na rua Caçarema no Feijão Semeado.



Segundo informações apuradas pela polícia civil, Tim teria ido cobrar um dinheiro de Tião Macalé, provavelmente de venda de drogas, quando foi surpreendido por Tião, que estava armado com uma faca, momento em que Tim sacou o revólver e o matou.



No dia 27 de fevereiro, outra ocorrência foi registrada na rua Maracanã do aglomerado, envolvendo Tim e seu irmão Edirceu Desidério, em um tiroteio contra um homem conhecido Cosme, que segundo a polícia civil é primo de Tião Macalé e integrante da quadrilha de Marcos Flávio Alves Moreira, 24 anos, conhecido como ‘Marquinhos Costela’, que tem quatro prisões registradas e é suspeito de ser o maior matador da história do trafico de Montes Claros e integrante de uma das quadrilhas que comandam o tráfico de drogas no Feijão Semeado, Morrinhos e Vila Tiradentes.



Um dia depois o tiroteio, dia 28 de fevereiro, Edirceu foi vítima de uma tentativa de homicídio na rua Santo Inácio, também no Feijão Semeado. Edirceu foi atingido com um tiro de revólver no rosto e atrás da orelha. As investigações da PC identificaram que o autor da tentativa de homicídio teria sido Marquinhos Costela.



Depois dos fatos registrados acima, os irmãos Tim, Edirceu e Eliseu, foram retirados da cidade por suas famílias que os encaminharam para São Paulo.



Ainda segundo as investigações da polícia civil, pessoas ligadas à quadrilha do justiceiro informou em depoimento que – enquanto Marquinhos Costela estivesse vivo Tim e seus dois irmãos não voltariam a Montes Claros, pois estariam mortos.



TIROTEIO



No dia 21 de março, mais de 100 policiais do 10º Batalhão da polícia militar ocuparam as ruas e becos do Feijão Semeado após registro de que, durante a madrugada, homens do Feijão Semeado dispararam mais de 38 tiros de pistola 380 contra a residência da doméstica Noêmia Dezibere da Silva, 38 anos, tia de Tim, Edirceu e Eliseu.



No dia da ocupação a tia de Tim, informou a reportagem de O Norte que os autores dos disparos são parentes de Ricardo Gaspar Lopes de Souza, suspeito de ser integrante da quadrilha de Marquinhos Costela, havia sido preso às 22h30 de segunda-feira, 20, com um revólver calibre 38.



Segundo Noêmia, os integrantes da quadrilha estavam ameaçando seus sobrinhos há alguns meses.



- Marquinhos havia encomendado a morte de meus sobrinhos Tim e Edirceu. No ano passado, Tim matou Tião Macalé aqui no bairro, o que motivou a vingança do grupo de Marquinhos Costela e Ricardo contra meus parentes. Depois quando Marquinhos se armou para matar Tim, meu sobrinho Edirceu o atingiu na perna, o que provocou problemas físicos até os dias atuais. Aí começou a guerra. Quando estava na cadeia, Ricardo pagou R$ 1.500 para que seu grupo matasse meu sobrinho, mas não conseguiu porque o retiramos da cidade.



Marquinhos Costela foi preso pela polícia civil no dia 26 de abril último, quando estava sentado em um posto de gasolina no distrito de Nova Esperança, pronto para fugir para a cidade de São João da Ponte, e está no cadeião.



AMEAÇAS SAMU



A reunião que foi convocada em caráter de urgência teve como ponto prioritário solicitar o apoio da polícia militar para o serviço de atendimento móvel de urgência de Montes Claros (Samu) que há algumas semanas vem enfrentando repressão dos criminosos.



Segundo o médico e coordenador do Samu, Ênio Versiani, no momento em que Tim foi assassinato uma equipe do Samu estava no local para atender uma criança de dois anos acometida de crise convulsiva e foram ameaçados pelos criminosos.



- Os criminosos chegaram atirando na casa e obrigaram os agentes do Samu a deitar no chão e depois fugir do local deixando a ambulância no local. Esta não é a primeira vez que as equipes do Samu são reprimidas pela ação dos criminosos naquela região. Há duas semanas, quando as equipes são solicitadas para atender alguém no aglomerado, os criminosos param as ambulâncias e determinam que os agentes desliguem as sirenes de as luzes.



Durante a reunião, Ênio Versiani lembrou que é praticamente impossível continuar os atendimentos no Feijão Semeado sem apoio policial, pois o serviço de salvar vidas poderia acabar em tragédia com as ações dos criminosos.



O comandante do 10º Batalhão, tenente coronel Heli José Gonçalves, informou que a polícia militar acompanhará os agentes do Samu durante os atendimentos no aglomerado e convocou as polícias civil e federal para que sejam feitas ações conjuntas no local para combater o crime.



Ao final da reunião o coordenador do Samu, informou que:



- O Samu continuará atendendo todos a população montesclarense, entretanto, em alguns bairros considerados como zona quente de crimes violentos, como o aglomerado Cidade Cristo Rei, o atendimento deverá ser efetuado com apoio da polícia militar.

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