A cada ano, o dia 17 de maio é marcado como o Dia Internacional contra a Homofobia, tornando-se uma ocasião crucial para ponderar sobre os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+. Este dia simboliza a contínua batalha por igualdade, respeito e direitos humanos universais, sem distinção de orientação sexual, identidade ou expressão de gênero.
Segundo a socióloga e coordenadora do Transidentidade do Norte de Minas, Letícia Imperatriz, a falta de dados sobre as violências enfrentadas pela comunidade LGBTQIA+ no Norte de Minas é preocupante. “A dificuldade em coletar essas informações se deve à falta de estrutura dos órgãos responsáveis pela produção, que têm dificuldade em classificar questões como orientação sexual e identidade de gênero. Essa ausência de dados é um apelo para que os movimentos e espaços engajados nessa causa atuem”, solicita a socióloga.
“O preconceito somente será vencido com mudança da cultura e para isso é imprescindível investir em educação e exigir dos gestores públicos o investimento e aplicação em políticas públicas que reconhecem a garantias de direito dessa população”, acredita William Martins, Assistente Social do Movimento LGBTQIA dos Gerais (MGG).
DADOS
Segundo a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), cerca de 20 milhões de brasileiros (10% da população) se identificam como pessoas LGBTQIA+. De acordo com pesquisa da organização de mídia Gênero e Número, com apoio da Fundação Ford, aproximadamente 92,5% dessas pessoas relataram aumento da violência contra a comunidade LGBTQIA+. No ano de 2023, um total de 230 pessoas LGBTQIA+ perderam suas vidas de forma violenta no Brasil, conforme revelado por um dossiê recentemente divulgado pelo Observatório de Mortes e Violências LGBTI+. Essa estatística equivale a uma morte a cada 38 horas. Do total, 184 foram vítimas de homicídios, 18 cometeram suicídio e 28 faleceram por outras causas, conforme apontado pelo levantamento sobre a violência e a violação de direitos LGBTI+.
O Relatório de Violências Contra Pessoas LGBTQIA+ do Diverso UFMG de 2022 revela dados alarmantes sobre a realidade enfrentada por essa comunidade em Minas Gerais. De acordo com o relatório, a violência LGBTfóbica é prevalente em diversos ambientes, sendo que 74,25% dos casos ocorreram em via pública, 47,79% no ambiente familiar, 38,23% na escola e 35,29% por agentes do governo. Entre os tipos mais comuns de violência, destacam-se a violência verbal, psicológica e física. No ambiente familiar, por exemplo, 69,23% dos entrevistados relataram violência verbal e psicológica como as mais frequentes. No ambiente escolar, 76,92% mencionaram violência verbal como o tipo mais comum. Além disso, o relatório aponta que 40% das pessoas trans e travestis sofreram discriminação ou violência perpetrada pela polícia, e as principais razões para não denunciar incluem descrença na polícia, constrangimento e medo do agressor. Estes dados refletem a urgência de medidas eficazes para combater a violência e promover a inclusão e
o respeito à diversidade.