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VARIEDADES

Propriedade rural de Verdelândia conquista posição em concurso nacional

Manoel Freitas
Publicado em 28/07/2023 às 19:00.

Na sexta-feira (21), a Revista Globo Rural, com patrocínio da Cargill, apoio metodológico da Fundação ECO+ e Rabobank realizou em São Paulo, com representantes de diferentes cadeias do agro, o 7º Prêmio Fazenda Sustentável. Para escolha dos 15 finalistas, em dois meses a organização percorreu mais de sete mil quilômetros e analisou criteriosamente em todo o Brasil nada menos que 44 propriedades rurais em suas atividades ambientais, sociais e econômicas. 

Entre as fazendas mais sustentáveis do Brasil, ficou em quarto lugar a Fazenda Rio Verde, em Verdelândia, propriedade do engenheiro agrônomo Paulo Bina, diretor da Sociedade Rural de Montes Claros. Na verdade, a escolha, que se tornou ao longo dos anos referência na avaliação de propriedades que obtém excelentes resultados, premiou projeto de sustentabilidade pioneiro no Norte de Minas, no qual são gerados lucros e inovação sem agredir o meio ambiente.

Uma vitória maiúscula porque foram muitos os inscritos e, além da publicação, a premiação tem parceria com a Fundação Eco+, instituída e mantida pela BASF, uma consultoria em sustentabilidade com projetos personalizados para empresas em diferentes estágios de maturidade no assunto; e, igualmente, a Rabobank, multinacional holandesa bancária e de serviços financeiros, líder global em serviços de financiamento para alimentação, agro financiamento e sustentabilidade orientada.
 
O FUTURO DA AGRICULTURA E DA PECUÁRIA
Mas quem é o produtor para o qual “aqui a terra vale ouro” e que há 20 anos faz história no Norte de Minas, não apenas por sua produção orgânica certificada, mas sobretudo por ter criado um projeto sustentável? 

Natural do Rio de Janeiro, Paulo Bina graduou-se em agronomia em Piracicaba, de onde partiu para produção inovadora em 1.200 hectares no município de Verdelândia, Norte de Minas Gerais, que faz limite com Jaíba, Janaúba e Varzelândia. São 22 km de terras, no dizer do engenheiro agrônomo “cercadas e totalmente preservadas às margens do Rio Verde Grande, dos quais 770 hectares são abertos e 430 de reservas naturais, ou seja, a fazenda tem no DNA a sustentabilidade”.

A iniciativa da Revista Globo Rural, com a premiação, fomenta a sustentabilidade, ao mesmo tempo em que colabora para a divulgação das práticas da chamada agricultura regenerativa, posto que a adoção desse tipo de tecnologia possibilita – a um só tempo - melhor uso da terra e aumento de produtividade. Isso, de modo a, simultaneamente, gerar produção de alimentos nutritivos, recuperar a terra e cuidar do meio ambiente.

Em outras palavras, em São Paulo foram homenageados projetos que têm a sustentabilidade em seu DNA, ou seja, são exemplos do futuro da agricultura e da pecuária sustentável. Desse modo, a premiação é forte estímulo aos pequenos, médios e grandes produtores que fazem uso da biodiversidade a favor da produção. Isso, de modo a diminuir ou acabar sua dependência por insumos químicos, criar água e sequestrar carbono. 

Um tributo ao modelo agrícola que tem como base a agricultura orgânica, mas que prioriza práticas de saúde do solo e gestão da terra, instrumentos indispensáveis na agricultura moderna.

Fazenda fazendo escola

O processo de avaliação do Prêmio Fazenda Sustentável, feito através de visitas por técnicos da Fundação Eco+ e Rabobank, ocorreu em três etapas. Inicialmente, foi efetuada a coletada informações essenciais sobre sustentabilidade, bem como a situação trabalhista dos funcionários e o emprego de técnicas de manejo de baixo impacto ambiental. Outro critério que trabalhou a favor do produtor norte-mineiro Paulo Bina diz respeito à quantidade de insumos utilizados em cada cultivo e o volume de ração oferecido aos animais. 

Na quarta-feira (27), O NORTE ouviu o produtor homenageado que há muito faz escola no Norte de Minas. “O selo de certificação orgânica é obtido após cinco anos sem utilização de adubos e defensivos químicos, quando o solo e os alimentos ficam livres dos resíduos”, explica Paulo Bina, para o qual “para passar do processo convencional para o orgânico é preciso percorrer um longo caminho: o selo é obtido após minuciosas análises do solo, das pastagens e dos alimentos que chegam ao consumidor”.

Para Paulo Bina, o projeto tem sido premiado por possibilitar a junção da pecuária com a agricultura de modo sustentável. “Temos certificação de agricultura orgânica, de modo que temos hoje e podemos não ter amanhã, mas o certificado de sustentabilidade é um projeto de agronomia que não tem igual no Norte de Minas, que é um projeto gerado para perpetuar, servir de exemplo para pequenos, médios e grandes produtores”. (MF).

Vencendo desafios

Por que a escolha por Verdelândia, cidade da microrregião de Janaúba, a 173 km de Montes Claros? Depois de rodar por boa parte do Brasil, o engenheiro Paulo Bina descobriu que aqui na região “a gente comprava terra muito bem localizada em média cinco vezes mais barata que em outras regiões do país, mas que impunha um desafio, vencer a seca, e foi o que fizemos”. 

Na visão do produtor, “o Norte de Minas, com tecnologia e sustentabilidade, é um dos melhores lugares do Brasil para se investir, é a região do país em que o retorno dos investimentos ocorre mais rapidamente”. E para que dê certo, revela que em Verdelândia produz adubo, silagem e 100% da energia consumida, “de forma a fechar todo o ciclo produtivo, consolidando-se de modo sustentável”. 

Outra sacada do produtor “foi aproveitar o mundão de água do Rio Verde Grande no período da chuva, em outras palavras, enxergamos ser altamente positivo guardar em piscinão lonado a água da cheia”. E o fez com aprovação pela Agência Nacional das Águas (ANA): “utilizamos na época da seca a água que iria para o mar, o que é inédito no Norte de Minas em se tratando de piscinas como reservatório”. 

Lembra que em 2015 “ocorreu um El Ninõ severo que acabou por baixar os lençóis freáticos, quando foram impostas restrições de irrigação, a partir das quais nasceu a possibilidade de armazenar a água do Rio Verde em tanque lonado para não permitir sua infiltração na terra”. Por fim, destaca que “foram, na verdade, seis meses de obras para que o piscinão ficar pronto e, a partir daí, aguardar as chuvas para encher o reservatório por bombeamento”.

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