A polícia civil de Montes Claros prendeu ontem um entregador de ovos do bairro Ciro dos Anjos que levava tabletes de maconha escondidos em vidros de desodorantes para um preso da cadeia pública da cidade.

Diego Fernandes Porto, 18 anos, que trabalha entregando ovos para mercearias na cidade, foi preso e autuado em flagrante às 14 horas de ontem, quando tentou entregar ao preso, Igor Luiz Mota, 18 anos, três tabletes de maconha com 15 gramas cada, que estava escondido em frascos de desodorantes.

Diego, que segundo a polícia sempre leva encomendas para os detentos, afirmou que levou as sacolas para cadeia a pedido de um irmão de um preso e que não sabia o que tinham dentro (foto: Gissele Niza)

Igor Luiz foi preso no dia 6 de março deste ano por assalto, art 157 do código penal.

Segundo o delegado Saulo Nogueira, diretor da cadeia e titular da delegacia de repressão ao uso e tráfico de drogas, Diego chegou à cadeia com sacolas contendo miojo, papel higiênico, pasta de dentes e os desodorantes quando um dos agentes penitenciários percebeu que no frasco de desodorante havia algo estranho. Ao abrir os frascos foram localizados os tabletes.

Saulo Nogueira disse ainda que quem enviou a droga não retirou o conteúdo do desodorante na tentativa de despistar os agentes penitenciários, mas não obteve êxito.

Na delegacia, Diego falou ao O Norte que levou a droga a pedido do irmão de Igor, um funcionário de uma importante rede de drogarias da cidade conhecido como Gustavo.

- Eu tava esperando o horário de entregar as encomendas nas mercearias quando Gustavo me pediu para levar umas sacolas para Igor. Não desconfiei porque sempre levo coisas que os pais dele mandam e nunca tive problema. Cheguei na casa e a irmã de Gustavo me entregou a sacola. Peguei minha bicicleta e na hora que cheguei na cadeia aconteceu isso – disse Diego.

Em seu depoimento ao delegado Saulo Nogueira, Diego afirmou que vai provar que não sabia de nada e que se for preciso leva a polícia na casa do homem que entregou a ele a droga, localizada na rua 'C' do bairro Ciro dos Anjos.

Saulo Nogueira informou que Diego foi autuado em flagrante por tráfico de drogas, com pena prevista de 3 a 15 anos de reclusão.

- Diego já é conhecido na cadeia por sempre levar encomendas para os presos e estava consciente do risco de levar qualquer tipo de objeto ilicito para os presos. Agora vamos apurar os fatos e ver se existe alguém por tráz do crime – informou o delegado.

ALERTA

O delegado Saulo Nogueira faz um alertas a população montesclarense para que evitem levar qualquer encomenda para os presos do cadeião, sem conhecer a procedência dos produtos.

- É preciso que as pessoas fiquem atentas a qualquer encomenda que  peçam para levar para os presos, ou seja, o melhor mesmo é evitar. Chamo atenção principalmente para os moto-taxistas, que não aceitem encomendas, pois se houver qualquer irregularidade eles serão punidos conforme a lei. Entregar drogas, armas, ou qualquer tipo de objeto e alimento ilícitos para preso é crime.

PARQUE DE DIVERSÕES

A prisão de Diego foi a terceira deste ano, após tentativa de entregar drogas para presos do cadeião. As duas primeiras aconteceram no dia 6 do mês passado, quando foram presos um travesti e uma mulher que tentava tentava entrar com drogas no cadeião escondidas dentro de suas partes intimas.

A prisão foi efetuada após denúncia anônima de que uma mulher e um travesti estaria levando tabletes de maconha para os detentos. Alexsandra Leal Almeida, 28 anos, que pretendia visitar seu ex-amásio Joanes Martins Pereira, 32 anos; e Claudinei Vieira Soares, 21 anos, que visitaria seu irmão foram presos com dois tabletes de maconha prensada que totalizavam 80,79 gramas, sendo que 52,44 foi encontrada em um bolso falso da bermuda do travesti e 28,35 nas partes intimas da mulher, enrolado em uma camisinha.

O delegado Saulo Nogueira disse que a entrada de drogas escondidas nos órgãos genitais dos parentes dos detentos acontece em todo Brasil, devido a falta de estrutura física para impedir o crime.

- Precisamos de uma máquina de raio x e de um detector de metal o mais rápido possível, pois assim como entram tabletes de maconha, escondidos em partes intimas dos parentes dos detentos, podem entrar celulares e armas, e fica impossível fiscalizar.

COMBATE AO TRÁFICO

O delegado voltou a falar ao O Norte sobre a situação do cadeião que considera  insuportável e humanamente impossível de controlar devido a superlotação.

- Apesar de toda deficiência e da superlotação estamos intensificando as ações de combate ao tráfico de drogas, por determinação do delegado regional Aluízio Mesquita, não só na cadeia mas em toda a cidade. O objetivo da polícia civil é reduzir o índice de crimes violentos na cidade e para isso precisamos combater o tráfico de drogas, responsável por 80% deles – finalizou o delegado.