Gissele Niza
Repórter
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Uma revista surpresa realizada pela 130º companhia de recobrimento do 10º Batalhão da polícia militar na manhã de ontem na cadeia pública de Montes Claros desmanchou uma susposta central telefônica na cela 23.
Além de 7 telefones celulares apreendidos, sendo cinco apenas na cela 23, foram apreendidas duas rifas de drogas e R$ 66 em dinheiro; vários carregadores de celulares; uma broca de 28 centimetros, uma faca com 13 cm de lâmina; dois chuços, sendo um com 55 cm e outro com 18; uma serra de 16 cm; 7 barras de ferro com tamanhos de aproximadamente 60 a 30 cm de comprimento; quatro frascos com tinta branca e um frasco com massa corrida; três tesouras pequenas; uma colher de metal; um pedaço de ebulidor; uma marica utilizada para fumar crack; três pinças e uma chave; uma bucha de maconha; uma porção de pó branco, parecido com cocaína.
Informações extra-oficiais apuradas pelo O Norte dão conta de que um dos celulares estava dentro de um vidro de pó de café enrolado em uma camisinha quando foi localizado, outro escondido em um fundo falso de uma televisão, outros escondidos dentro das paredes dos banheiros.
(fotos: Gissele Niza)
A operação denominada “Jubileu de Ouro” em homenagem aos 50º anos do 10º BPM comemorado nesta sexta-feira, 28, teve início as 9 horas da manhã quando mais de 30 militares (Choque, Canil, Gate, Rotam, Moto Rotam) entraram no cadeião para revistar as celas da ala direita, da 13 a 28.
Segundo informações da polícia militar, os presos teriam informado que a cela 23 funcionava como uma espécie de central telefônica do presídio.
O diretor da cadeia, delegado Saulo Nogueira, informou a O Norte que é impossível manter a situação do local sob controle devido a superlotação.
- Como venho afirmando a meses é humanamente impossível controlar a situação onde mais de 400 presos vivem amontoados como animais. Em todo o país vemos que a situação carcerária está fora de controle no que diz respeito a entrada de objetos e drogas. Em Montes Claros não seria diferente. Somente neste primeiro semestre quatro pessoas foram presas tentando entrar com drogas no cadeião dentro de sandálias e até em partes intimas – observou o delegado.
Saulo Nogueira disse ainda que está sendo realizado intenso trabalho para evitar que drogas, celulares e armas entrem no cadeião.
- Em conjunto com a polícia militar e superintendência de assuntos penitenciários temos realizado um trabalho com o máximo de força possível, dentro do nosso limite. Mas precisamos também do respaldo do Estado, de mais agentes penitenciários para segurança do local que hoje contra com três homens por turno para cuidar de mais de 400 presos, de detectores de metais, e principalmente de uma diretoria definitiva que possa dar assistência ao local diuturnamente – conclui o delegado.
PRISÕES
A polícia civil de Montes Claros conseguiu apenas neste primeiro semestre prender quatro pessoas que tentaram entrar com drogas no interior da cadeia. As primeiras prisões aconteceram no dia 6 do mês passado, quando foram presos um travesti e uma mulher que tentavam entrar com drogas no cadeião escondidas dentro de suas partes intimas. Após denúncia anônima de que uma mulher, e um travesti, estariam levando tabletes de maconha para os detentos foi presa: Alexsandra Leal Almeida, 28 anos, que pretendia visitar seu ex-amásio, Joanes Martins Pereira, 32 anos; e Claudinei Vieira Soares, 21 anos, que visitaria seu irmão foram presos com dois tabletes de maconha prensada que totalizavam 80,79 gramas, sendo que 52,44g foram encontradas em um bolso falso da bermuda do travesti e 28,35g nas partes intimas da mulher, enroladas em uma camisinha.
A terceira aconteceu no dia 14 deste mês, quando foi preso o entregador de ovos do bairro Ciro dos Anjos, Diego Fernandes Porto, 18 anos, que levava tabletes de maconha escondidos em vidros de desodorantes para um preso da cadeia pública da cidade.
A droga levada por Diego seria entregue ao preso, Igor Luiz Mota, 18 anos.
Na última sexta-feira foi registrada a quarta-feira prisão. Desta vez uma mulher tentava levar drogas escondidas dentro das sandálias. Ludmila Soares Antunes, 22 anos, foi presa após uma semana de investigações quando levava drogas para o esposo, Carlos Alberto Figueiredo, conhecido no meio policial como Carlinhos Paulista, preso por assalto a uma marmoraria da cidade quando atingiu uma pessoa com um tiro, dentro de sandálias. A acusada levava 3 tabletes de maconha, uma pedra grande e outras, menores, de crack - e duas ampolas de durateston, conhecido popularmente como bomba.
ALERTA
O diretor da cadeia, delegado Saulo Nogueira voltou a alertar à população montes-clarense para que evite levar qualquer encomenda para os presos do cadeião, sem conhecer a procedência dos produtos.
- É preciso que as pessoas fiquem atentas a qualquer encomenda que peçam para levarem para os presos, ou seja, o melhor mesmo é evitar. Chamo atenção principalmente dos moto-taxistas, que não aceitem encomendas, pois se houver qualquer irregularidade eles serão punidos conforme a lei. Entregar drogas, armas, ou qualquer tipo de objeto e alimento ilícitos para preso é crime.