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Sábado,11 de Janeiro
Tributo ao mestre

Pesquisador Leonardo Campos ganha museu no Norte de Minas

Manoel Freitas
Publicado em 04/08/2023 às 19:42.Atualizado em 04/08/2023 às 22:01.

No próximo dia 18 de agosto o Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros inaugura, no Corredor Cultural, o Museu Leonardo Alvares da Silva Campos. Na verdade, retrato dos seus estudos sobre a historiografia da pré-história no sertão mineiro, dedicado à preservação do patrimônio histórico-cultural do Norte de Minas.

Nascido em Montes Claros em 1953, Leonardo Álvares da Silva Campos dedicou quase 50 anos de sua vida aos estudos paleontológicos do Norte de Minas, trabalho obstinado através do qual pôde conhecer e retratar não apenas as formas de vida existentes em períodos geológicos passados, mas, igualmente, outros pesquisadores da origem do homem que, com os quais, conheceu verdadeiramente cada palmo desse chão. 

De forma que a criação de um museu para homenagear o advogado, jornalista, escritor e pesquisador Leonardo Campos significa, acima de tudo, preservar a memória do homem do Norte de Minas. Filho de Bento Álvares da Silva Campos e de Terezinha Peres Álvares da Silva Campos, Leonardo, considerado por todos como um gênio de múltiplas facetas, nasceu em 3 de junho de 1953 e faleceu aos 67 anos, em 29 de abril de 2021. Deixou abrangente biografia e três filhas, a artista plástica Samantha Maria, a jornalista Lorena Alvares e a funcionária pública estadual Monalisa Álvares. 

Entre suas obras, “O Homem na Pré-História do Norte de Minas”, “A Inacabada Família Humana” e “Saluzinho, Luta e Martírio de um Bravo”.
 
CHAMA DO CONHECIMENTO
Para falar sobre a caminhada que culmina agora com a inauguração de museu para celebrar a obra de Leonardo Campos, O NORTE ouviu na quinta-feira (3) a sua filha, jornalista Lorena Campos, Curadora da Exibição Permanente e Organizadora do Acervo. “O museu nasce da profunda admiração e reconhecimento pelo legado intelectual e incansável trabalho de pesquisa realizado por meu pai, Leonardo”.

No seu ponto de vista, o museu “é uma forma de manter viva a chama da curiosidade, do conhecimento e do respeito pelo passado, para que as futuras gerações possam compreender e valorizar ainda mais a rica herança que lhes foi deixada”.

Lorena disse que a ideia partiu do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, que em vida o homenageou com a “Sala de Arqueologia Dr. Leonardo Campos”, no município de Coração de Jesus. “Lá temos a única réplica fóssil do crânio do Tapuiassauro Macedoi, enviada pela Universidade de São Paulo (USP), além de dezenas de artefatos líticos raros doados por Leonardo”.

Adianta que “o acervo foi organizado de forma que seja um elo entre as gerações, proporcionando insights sobre a história, a evolução cultural e as contribuições do Norte de Minas para o cenário nacional”. Um dos eixos mais interessantes do museu, segundo Lorena Campos, “é quando mostramos líticos do passado, que então dialogam belamente com as cerâmicas contemporâneas do Povo Xakriabá, um testemunho claro de resiliência e inventividade humana”.

Uma vida dedicada à pesquisa
O Museu Leonardo Alvares da Silva Campos, de acordo com o Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, foi concebido de modo a ser muito mais que uma simples exposição. Ou seja, criado para dar lugar ao aprendizado, inspirar e celebrar raízes e identidades regionais.

Nos preparativos para a inauguração, a organização ressalta seu entusiasmo em compartilhar o museu “com a comunidade e com todos aqueles que desejam se conectar com a história e a cultura do Norte de Minas”. A um só tempo, tributo ao trabalho de quase meio século do pesquisador montes-clarense e estímulo à preservação do patrimônio histórico e cultural do Norte de Minas.

Um dos pioneiros da pesquisa, Leonardo acreditava que a cultura e a identidade de um povo são construídas sobre a base de suas histórias compartilhadas. Pensando assim, colecionou peças arqueológicas, documentos históricos e fotografias ao longo de sua vida.

Sabia que esses tesouros são reconhecidamente portadores de memórias que merecem ser preservadas.

Tanto é verdade que, muito jovem, Leonardo Campos já realizava palestras e mostras itinerantes de seu acervo em escolas públicas e privadas de Montes Claros. Então, pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que dedicou sua vida à exploração e divulgação da história e da cultura norte-mineira. Mais ainda, é correto assegurar que o pesquisador, com alegria, compartilhava com todos e não apenas com as filhas cada uma de suas descobertas. 

Envolvente jornada no tempo
Diretor do Museu Leonardo Álvares da Silva Campos, o escritor e historiador Dário Teixeira Cotrim, ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, falou a O NORTE acerca do seu processo de criação e importância. Lembrou que nas primeiras reuniões do Instituto já se debatia questões paleontológicas e a necessidade de criação de um museu na cidade. 

Segundo Cotrim, “o projeto do museu ganhou corpo, alma e forma praticamente definitivos, com a participação das jovens Lorena e Monalisa Campos, filhas do saudoso Leonardo Álvares da Silva Campos”. A partir de então, relata ter iniciado os preparativos, o processo de escolha do local para que tudo saísse do papel para o concreto com a perfeição necessária. 

“A exposição inaugural do Museu Leonardo Campos nos levará a uma envolvente jornada no tempo, explorando nossas raízes e as descobertas realizadas pelo ilustre pesquisador ao longo de sua vida. Além disso, teremos o prazer de apresentar obras de sua autoria, como o livro “O Homem na Pré-História do Norte de Minas”, que se tornou referência no estudo desse período histórico”, argumenta Cotrim.

O escritor Wanderlino Arruda, ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico e ex-presidente da Academia Montes-clarense de Letras, disse na quarta-feira (3) a O NORTE que, “foi em Coração de Jesus que Leonardo Campos intensificou sua pesquisa, por estar lá o maior repositório de peças merecedoras de estar em museus”. E por isso, ainda segundo Arruda, “no principal prédio da cultura corjesuense tem uma sala com o seu nome, de todo merecimento”. 

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