Gissele Niza
Repórter
onorte@onorte.net
Apesar de as autoridades policiais e o poder judiciário negar que existam indícios de ataques que o PCC - Primeiro comando da capital iniciaram na última sexta-feira no estado de São Paulo, que resultaram até agora na morte de 115 pessoas e vêm se alastrando em todo o país, respingar em Montes Claros, as operações realizadas nos últimos dias e uma reunião ontem à tarde no fórum Gonçalves Chaves deixam claro que as autoridades estão preocupadas com a possibilidade de rebeliões no cadeião e ataques às bases policiais da cidade.
Na convocação para reunião enviada pelo juiz da Vara de execuções penais de Montes Claros, Marcos Antônio Ferreira, as autoridades policiais, entidades de classe e poder municipal constavam as seguintes considerações: dos acontecimentos na segurança pública do estado de São Paulo envolvendo a questão penitenciária; a vulnerabilidade da cadeia pública causada principalmente pela entrada e permanência de objetos e outros produtos capazes de ofender a integridade física da população; os detentos do estado de São Paulo que estão alojados no cadeião; o temor da comunidade de que fatos semelhantes possam ocorrer no município; e a mobilização de todos para prevenir a ocorrência dos fatos organizados pela facção criminosa em outros estados.
Entre os assuntos abordados, um foi predominante: a presença de detentos de São Paulo na cadeia pública e a entrada de celulares no local, o que poderia facilitar o contato dos presos com a facção criminosa e, conseqüentemente, haver rebeliões e ataques às bases policiais do município.
PAULISTAS
Até a tarde de ontem, o cadeião construído para alojar 90 presos contava com 364 detentos, sendo que 14 destes são do estado de São Paulo; doze são presos provisórios e 2 já foram condenados.
Os nomes dos detentos não foram divulgados, por se tratar de questões internas do cadeião, mas a reportagem de O Norte levantou os sobrenomes dos detentos e as seguintes informações:
* Figueiredo, de 27 anos, que cumpre prisão provisória há 1 ano e dois meses, é acusado de assalto;
* Santos, de 31 anos, que cumpre prisão provisória há 1 mês e 26 dias, é acusado de assalto;
* Siqueira, de 35 anos, que cumpre prisão provisória há 1 ano e 3 meses, é acusado de receptação e estelionato;
* Santos, de 28 anos, que cumpre prisão provisória há 7 meses e 11 dias, é acusado de receptação;
* Santos, de 48 anos, que cumpre prisão provisória há 1 ano e 1 mês, é acusado de homicídio;
* Santos, de 37 anos, que cumpre prisão provisória há 2 meses e 10 dias, é acusado de assalto e formação de quadrilha;
* Rocha, de 34 anos, que cumpre prisão provisória há 7 meses e 5 dias, é acusado de homicídio;
* Santos, de 24 anos, que cumpre prisão provisória há 5 meses e 26 dias, é acusado de tráfico de drogas;
* Cardoso, de 22 anos, que cumpre prisão provisória há 10 meses e 9 dias, é acusado de tentativa de homicídio;
* Santos, de 37 anos, condenado por tentativa de assalto, cumpre pena em regime semi-aberto há 4 meses e 26 dias;
* Santos, de 32 anos, que cumpre prisão provisória há 9 meses e 25 dias, é acusado de homicídio;
* Dias, de 35 anos, que cumpre prisão preventiva há 1 ano e 11 meses, é acusado de homicídio;
* Rodrigues, de 26 anos, que cumpre prisão provisória há 2 meses e 4 dias, é acusado de homicídio;
* Fonseca, de 38 anos, condenado por homicídio, cumpre pena há 12 meses e 16 dias.
Dos 364 presos que estão amontoados no cadeião, 18 são mulheres, sendo que uma é albergada; 11 albergados; 262 cumprindo prisão provisória e esperando do julgamento; e 92 condenados.
TRANSFERÊNCIA
O juiz da Vara de execuções penais, Marcos Antonio Ferreira, informou a O Norte que um dos paulistas é considerado de alta periculosidade, acusado de ser agitador e líder de rebeliões.
- Todos os 14 paulistas já têm pedido de transferência para as cadeias e penitenciárias das cidades onde cometeram o crime no estado de São Paulo. Mas nossa maior preocupação é com um deles, conhecido por ser líder de várias rebeliões e que será transferido o mais rápido possível para a penitenciária de segurança máxima de Francisco Sá – diz o juiz.