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Segunda-Feira,22 de Setembro

Ordem de vingança começa nas grades: Marquinhos Costela comanda assassinato de menor de dentro do cadeião

Jornal O Norte
Publicado em 16/06/2006 às 10:29.Atualizado em 15/11/2021 às 08:37.

A polícia civil de Montes Claros apresentou na tarde de quarta-feira, 14, a imprensa quatro homens acusados de terem assassinado com requintes de crueldade na madrugada do dia 2 deste mês o menor Renato Desidério Ruas, 16 anos, conhecido como "Tim" no aglomerado Cidade Cristo Rei, conhecido popularmente como Feijão Semeado.



O delegado Giovani Siervi, da delegacia de repressão aos crimes contra pessoa, informou a reportagem de O Norte que a ordem para que os homens matassem Renato partiu de Marcos Flávio Alves Moreira, 24 anos, conhecido como Marquinhos Costela, que tem quatro prisões registradas e é suspeito de ser o maior matador da história do trafico de Montes Claros e integrante de uma das quadrilhas que comandam o tráfico de drogas no Feijão Semeado, Morrinhos e Vila Tiradentes, e que está preso desde o último dia 26 de abril.






Polícia desconfia que ordem de matança partiu de


Marquinhos Costela
(foto: reprodução TV Geraes)



- Marquinhos Costela é primo de Ricardo Santana da Silva, 19 anos, conhecido como Tião Macalé, 19 anos, que foi assassinado no dia 7 de fevereiro deste ano por Renato, no Cidade Cristo Rei e teria jurado o menor de morte. Ao ser informado de que Renato estava na cidade, Marquinhos Costela mandou um recado para os homens para que o matassem, como vingança pela morte do seu primo – informa o delegado.



Giovani Siervi informa ainda que está sendo investigada a forma em que o recado chegou até os assassinos de Renato se foi por telefone celular ou através de um mensageiro durante visita na cadeia pública.



ACUSADOS



O servente de pedreiro, Wanilson Renato Moura de Jesus, 26 anos, conhecido como ‘Nilson; Reginaldo Renato Moura de Jesus, 24 anos, conhecido como ‘Ruquim’, que tem dois registros de prisão cadastrada; e Jardel Pereira Batista; 23 anos, que tem um registro de prisão; todos residentes no Feijão Semeado, foram presos na tarde dessa terça-feira, 13, durante cumprimento de mandado judicial, em uma casa localizada na rua Juiz de Fora daquele bairro, onde o quarteto estava reunido para assistir o jogo de estréia da seleção brasileira na Copa 2006.



Wanilson, Reginaldo e Jardel, são acusados de terem sido os executores da ordem de Marquinhos Costela para matar Renato. Também foi preso no local, Andrey Costa Ferreira, 23 anos, conhecido como ‘Didi’, que tem cinco registro de prisão.



De acordo com o delegado Giovani Siervi, as investigações do inquérito da morte de Renato apontaram que Andrey teria comprado as armas do crime por R$ 8 mil e distribuído para os integrantes da quadrilha de Marquinhos Costela no Feijão Semeado.



INVESTIGAÇÕES



Giovani Siervi lembra que as investigações sobre o assassinato de Renato tiveram início no dia 2 deste mês, quando o inquérito foi instaurado, e apontaram os executores, o comprador das armas e o mandante do crime.



- Em menos de uma semana de investigações já tínhamos o nome dos executores do assassinato, pedimos a prisão preventiva dos autores e em uma operação conjunta das policiais civil e militar, conseguimos prender os quatro acusados na tarde de terça-feira – observou o delegado ao lembrar que outro autor do assassinato de Renato está foragido.



RESPOSTA PARA OS BANDIDOS



O comandante da tropa da polícia militar que executou o cumprimento dos mandados judiciais, capitão Rômulo, informou a reportagem de O Norte que as prisões foram uma resposta rápida aos bandidos que tentam conturbar a ordem pública.



- Desde o último dia 2, quando autoridades das polícias militar, civil, federal, ministério público, vara de execuções penais e secretaria municipal de segurança pública, se reuniram para definir estratégias para combater o crime no aglomerado Cidade Cristo Rei, identificado como zona quente de criminalidade, com grande concentração de autores de receptação, furto/roubo de veículos e a transeuntes, uso e tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo, entre outros crimes, traçamos o objetivo de prender os autores do assassinato de Renato. E assim é que agiremos sempre, mostrando aos bandidos que o poder que deve vigorar é o do Estado e não o do crime – afirmou o capitão Rômulo.



O CRIME



O assassinato de Renato aconteceu por volta de 1 hora do dia 2, quando três homens encapuzados e armados com revólveres de calibre 32 e pistola de calibre 380, invadiram a casa de Juarez Máximo da Fonseca, localizada na rua Maracanã, nº 22, do Feijão Semeado.



Os homens invadiram a casa efetuando vários disparos de arma de fogo e atingiram Renato com 11 tiros; Elias Desidério Fonseca, 24 anos, duas prisões cadastradas, foi atingido na perna direita; e uma criança de nove anos, no tórax.



No dia do crime, testemunhas informaram a polícia que após acertarem Tim, os criminosos ainda atiraram várias vezes em seu corpo acertando 3 tiros na coxa direita, 3 na coxa esquerda, 3 no tórax e 2 nos braços e que durante a fuga os criminosos gritavam: - que já haviam se vingado.



A perícia técnica recolheu no local do crime 15 cápsulas calibre 32 e 380 mm, e apreendeu uma espingarda marca Boito, calibre 12, nº 29965, carregada com 2 cartuchos intactos, e outros seis cartuchos intactos, que estavam escondidos debaixo do colchão da cama de Renato.



VINGANÇA



Ainda segundo o delegado Giovani Siervi, o assassinato de Renato foi motivado por vingança da quadrilha de Marquinhos Costela.



Renato matou o primo de Marquinhos, Tião Macalé, com seis tiros de revólver calibre 32, na rua Caçarema no Feijão Semeado.



Segundo informações apuradas pela polícia civil, o menor teria cobrado uma divida de Tião Macalé, provavelmente de venda de drogas, quando foi surpreendido por Tião, que estava armado com uma faca, momento em que Renato sacou o revólver e o matou.



Já no dia 27 de fevereiro, Renato e seu irmão Edirceu Desidério, envolveu-se em um tiroteio contra um homem conhecido Cosme, que segundo a polícia civil é primo de Tião Macalé.



Um dia depois, 28, Edirceu foi vítima de uma tentativa de homicídio na rua Santo Inácio, também no Feijão Semeado, quando foi atingido com um tiro de revólver no rosto e atrás da orelha. As investigações da PC identificaram que o autor da tentativa de homicídio teria sido Marquinhos Costela.



Depois dos fatos registrados acima, os irmãos Tim, Edirceu e Eliseu, foram retirados da cidade por suas famílias que os encaminharam para São Paulo.



Ainda segundo a polícia civil, pessoas ligadas à quadrilha do justiceiro informou em depoimento que – enquanto Marquinhos Costela estivesse vivo Renato e seus dois irmãos não voltariam a Montes Claros, pois estariam mortos.



TIROTEIO



No dia 21 de março, policiais do 10º Batalhão da polícia militar ocuparam as ruas e becos do Feijão Semeado após registro de que, durante a madrugada, homens do Feijão Semeado dispararam mais de 38 tiros de pistola 380 contra a residência da doméstica Noêmia Desidério da Silva, 38 anos, tia de Tim, Edirceu e Eliseu. O tiroteio teria sido comandando por Marquinhos Costela.



Segundo Noêmia, Marquinhos teria encomendado a morte de seus sobrinhos Renato e Edirceu após a morte de Tião Macalé por R$ 1.500.



Marquinhos Costela foi preso pela polícia civil no dia 26 de abril último, quando estava sentado em um posto de gasolina no distrito de Nova Esperança, pronto para fugir para a cidade de São João da Ponte.

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