O Dia do Mototaxista foi comemorado em território nacional no último 24 de setembro. A profissão ganhou corpo em meados da década de 1990 como uma alternativa de transporte rápida e de baixo custo, concorrendo então com os táxis. 

Uma lei chegou a ser votada e aprovada em 1999, a fim de disciplinar a prestação do serviço em Montes Claros. Na ocasião foi aventada uma licitação para quem desejasse prestar o serviço, entretanto, a lei e licitação foram questionadas pelo sindicato e consideradas sem efeito. O sindicato não existe mais. 

Com a introdução dos aplicativos de transporte, cujo custo se assemelha ao de uma corrida, houve uma ligeira queda na procura; entretanto, os dois aplicativos mais populares no Norte de Minas passaram a ofertar também a corrida de moto, abrindo um campo de serviço aos profissionais das duas rodas. 

O mototaxista, Jayme de Jesus Oliveira, trabalha há 12 anos na profissão e, embora autônomo, mantém uma rotina diária. 

“Procuro ser o mais disciplinado possível. Geralmente pego as 7h da manhã, paro por uma hora para almoço e vou até as 18h, por causa do curso que estou fazendo no momento”, diz o mototaxista que mesmo cadastrado no app, paga uma taxa mensal em um ponto fixo da cidade, por considerar mais seguro. 

“Pelo aplicativo de moto as corridas são mais baratas e talvez mais atrativas ao público, ainda que não saibam por quem serão atendidos, ao contrário de quem liga para o ponto ou para o celular do mototaxista”, afirma o profissional que mantém uma média de 15 clientes fixos para garantir o salário no final do mês. 

O mesmo acontece com Geilson Fernandes, há 10 anos trabalhando no ramo.

“Todo dia é uma batalha, né? Você sai nesse trânsito de Montes Claros e é como se fosse um campo de guerra. Você tem que aguentar fechada, mau motorista, xingamentos, e agora entrou a concorrência de Uber e outros aplicativos. Tá sendo uma guerra mesmo. Mas como a gente tem muito tempo aqui no centro, a gente se sobressai fazendo as entregas para as lojas. Eles já nos conhecem e confiam no nosso trabalho”, declara. Ele tem a seu favor o local escolhido para a batalha, o “ coração da cidade”. Além de um comércio efervescente, que garante a clientela fixa, está próximo dos pontos de ônibus.

“O pessoal sempre reclama do transporte coletivo que acaba atrasando e os funcionários das empresas recorrem ao nosso serviço quando estão com pressa”. 

Mas se engana quem pensa que o profissional liberal está livre de custos. Mesmo não tendo que pagar um ponto fixo para trabalhar, o cuidado com a ferramenta de trabalho exige investimento. O local é dividido com mais profissionais que cotizaram o pagamento de um estacionamento próximo para guardar as motos e não ter problemas com a MCTrans.

“Compensa, porque temos a segurança de ficarmos livres de furto e de multas. Não cometemos nenhuma infração e a relação com a empresa de trânsito é tranquila”, explica. Ele afirma ainda que os colegas se respeitam e todos conseguem fazer as corridas sem disputas. A média de corridas diárias pelos mototaxistas entrevistados fica em torno de 15, mas Geilson confessa que, como todo brasileiro autônomo, já voltou para casa frustrado. “Essa é a vida nossa, não é?”, completa.