Moc na prevenção contra ataques do PCC

Jornal O Norte
Publicado em 16/05/2006 às 10:22.Atualizado em 15/11/2021 às 08:35.

Gissele Niza


Repórter


onorte@onorte.net






(foto: Wilson Medeiros)



As polícias civil e militar realizaram, na tarde de ontem, segunda-feira, uma mega-operação na cadeia pública de Montes Claros, como forma de prevenir surpresas ligadas aos ataques que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) iniciou na última sexta-feira no estado de São Paulo e que vem se alastrando por vários estados.



O diretor do cadeião, delegado Saulo Nogueira, informou à reportagem de O Norte que a operação em conjunto com a polícia militar é uma forma de prevenir e manter a ordem no local.



- Os detentos que estão na cadeia não têm nenhuma ligação com o PCC, os mais perigosos já foram transferidos para a penitenciária de segurança máxima de Francisco Sá, onde permanecem isolados de qualquer contato com a facção criminosa. Realizamos a operação em conjunto com a polícia militar, para prevenir e inibir qualquer ação por parte dos presos, que mesmo não estando ligados ao PCC, planejem perturbar a ordem no local, que há mais de cinco meses está com a situação controlada, sem grandes rebeliões ou fugas – informa o delegado.



Ao ser questionado se a onda de violência que está se alastrando pelo país desde a última sexta-feira, comandada pelo PCC, e que vem sendo divulgada pela televisão pode influenciar os detentos do cadeião a organizar atos semelhantes, o delegado afirmou que existem dois lados que os presos devem refletir: o primeiro é que qualquer ação organizada para destruir ou danificar a estrutura do local, que está passando por ampla reforma desde o último mês de setembro, se reverterá negativamente para os próprios detentos que permanecerão no local; o segundo é que se algum detento organizar um ato criminoso ou conseguir fugir da cadeia, ele poderá até incentivar os outros detentos, mas logo será preso e retornará para cumprir a pena.



ALERTA



O comandante da 3ª Região da polícia militar, coronel Geraldo Magela, informou a O Norte ontem que a polícia militar de todo o estado está alerta a qualquer tentativa de atos criminosos contra a corporação e aos civis.



- Estamos em estado de alerta, mas acreditamos que não exista possibilidade dos ataques que tiveram início em São Paulo acontecer na cidade, até porque os dois ataques contra as bases da polícia militar nas cidades de Poços de Caldas e Alfenas, não estão ligados às ações da organização criminosa – informou o comandante.



Geraldo Magela completou informando que as buscas na cadeia pública acontecem freqüentemente como forma de manter a ordem no local e que a operação de ontem faz parte do trabalho preventivo do sistema de segurança no local, com a parceria das polícias civil e militar.



‘FECHA REGIÃO’



O comandante informou também que, na próxima sexta-feira, 19, em toda a região, será realizada a operação ‘Fecha região’, programada desde o último dia 10, com o objetivo de prevenir e reprimir crimes violentos em toda a jurisdição da 3ª RPM.



- Todas as nossas seis unidades e destacamentos estarão envolvidas na operação para prevenir e reprimir os crimes na região – reafirmou Geraldo Magela.



REBELIÃO



Informações extra-oficiais que chegaram na tarde de ontem a redação de O Norte dão conta de que os presos da ala esquerda do cadeião estariam programando uma rebelião, em um movimento solidário a mega-operação do PCC, porém o fato foi negado pelo diretor da cadeia, delegado Saulo Nogueira, que foi enfático ao afirmar – a situação da cadeia está sob controle. Os presos estão tranqüilos e não tem nenhuma ligação com a facção criminosa. A operação realizada, como já afirmamos, é para prevenir ações criminosas e manter a ordem no local.



OPERAÇÃO



Durante a operação efetuada no cadeião ontem, seis viaturas da polícia militar e oito da polícia civil, reuniram mais de 50 policiais civis da delegacia de furtos e roubos, repressão ao uso de tóxicos e entorpecentes, repressão aos crimes contra pessoa, vigilância geral, e menores; e policiais militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), pelotão de choque e moto rotam.



Até o fechamento desta edição não havia sido divulgado o balanço geral dos materiais apreendidos no interior das celas do cadeião, as informações até as 20h30min eram de que foi apreendido um celular da marca Nokia 1100, um ebulidor de água, um pedaço de arame e pequenos chuços – arma artesanal em formato de faca. Também foi localizado um buraco em duas celas da ala esquerda, que os presos utilizavam para trocar informações entre si.



VIOLÊNCIA TOMA CONTA DO PAÍS



Em todo o Estado de São Paulo 44 rebeliões estavam em andamento até às 20h30min de ontem, mantendo cerca de 190 pessoas reféns, entre detentos, agentes penitenciários e parentes de presos. Nunca se viu tanta polícia nas ruas em São Paulo, quanto nos últimos dias. Qualquer suspeito está sendo revistado, mas os ataques às bases das policiais militar e civil, ônibus, postos de gasolina e agências bancárias continuam.



Toda a polícia de São Paulo está mobilizada para reagir em duas frentes: conter os ataques às bases policiais, que acontecem desde sexta-feira, e reprimir as rebeliões que estão em andamento no interior do estado.



Os ataques começaram na noite de sexta-feira, quase que simultaneamente, sendo que em apenas quatro horas, 20 policiais foram assassinados e o número de mortes aumentou durante todo fim de semana. No início da noite de ontem, já eram contabilizadas 81 mortes, entre policiais militares, civis, guardas metropolitanos, agentes penitenciários e até bombeiros, após 180 ataques a bases policiais.



Além do estado de São Paulo, presídios de Mato Grosso do Sul e Paraná também enfrentam as ações organizadas pelo PCC.

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