entrevista

Marco Antônio Neves: a fusão de raízes e ritmos no Pequi Trio

Professor e músico compartilha a identidade cultural do grupo na Festa do Pequi

Adriana Queiroz
genteideiascomunicacao@gmail.com
Publicado em 30/10/2025 às 19:00.Atualizado em 31/10/2025 às 13:23.

Durante a 32ª Festa Nacional do Pequi, que será realizada em Montes Claros, de 7 a 9 de novembro, o músico Marco Antônio Caldeira Neves destaca a trajetória do Pequi Trio ao lado de renomados instrumentistas norte-mineiros como Marcelo Andrade e Thomas Fernandes.

Professor do curso de Música da Unimontes, onde leciona bateria e estágio curricular supervisionado, Neves é fundador do curso de bateria do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez (Celf). Doutor em Ciências Sociais, com ênfase em Antropologia Cultural (UERJ), e mestre em Música, na área de Etnomusicologia (UFPB), o músico integra o Pequi Trio, além de outros projetos artísticos.
 
Como surgiu o Pequi Trio e qual foi a motivação inicial para a criação do grupo?
O Pequi Trio surgiu por volta de 2016, como desdobramento de outro trabalho instrumental, o Quarteto Mecenas, que tinha uma formação diferente. Quando o quarteto se encerrou, seguimos em trio. A motivação foi o interesse e a vivência que todos nós já tínhamos na música instrumental. Já vínhamos trabalhando em projetos voltados para o jazz e a música instrumental brasileira.
 
O nome “Pequi Trio” tem forte ligação com a cultura e a identidade do Norte de Minas. O que ele representa para você musicalmente?
O nome Pequi Trio vem dessa identificação com nossa cultura e com nossa cidade, Montes Claros. Ele nasce da mistura entre tradição e modernidade, algo muito presente nos movimentos culturais locais. Nossa vivência musical e cultural passa pelas tradições dos catopês e das Festas de Agosto, pelos grupos que levaram nossa música para o país inteiro, como o Raízes, e também pelos movimentos de rock, pop e música instrumental. O pequi é parte fundamental da nossa gastronomia e representa nossa cultura. Por isso, unimos o fruto à música.
 
E a expectativa de subir ao palco para tocar para um público que compartilha das mesmas raízes e referências culturais do grupo?
A expectativa de tocar na Festa Nacional do Pequi é a melhor possível. É uma festa tradicional, onde música e gastronomia proporcionam ao público uma vivência cultural muito rica. É um privilégio e uma honra para o trio participar. Somos gratos à Secretaria de Cultura pelo convite e parabenizamos toda a equipe pela organização de uma das melhores festas do Brasil.
 
Montes Claros tem uma cena musical rica e diversa. Como a cidade influencia o trabalho e o som de vocês?
Montes Claros é um celeiro de grandes artistas, uma cidade que respira cultura de forma intensa. Todos os movimentos culturais locais contribuíram para nossa formação e criação musical.
 
A Festa do Pequi também é um espaço de afirmação da identidade regional. Como você enxerga o papel da música e do Pequi Trio, nessa construção de pertencimento?
A Festa Nacional do Pequi é, sem dúvida, um símbolo da nossa cultura e identidade norte-mineira. É um momento de celebração e intensa vivência cultural. O Pequi Trio busca traduzir tudo isso em música instrumental, que também é uma expressão representativa da nossa identidade.
 
Existe alguma música do repertório de vocês que combine especialmente com o clima da Festa do Pequi?
Sim. Muitas músicas do nosso repertório têm relação direta com a cultura norte-mineira, especialmente “Desentoado”, do grupo Raízes. Criamos uma versão instrumental dessa canção, que considero muito importante para compreendermos a riqueza musical e histórica de Montes Claros.
 
Quais são os próximos passos do Pequi Trio? Há novos discos, projetos ou parcerias em vista?
O Pequi Trio tem como objetivo gravar um trabalho autoral e já temos composições próprias e estamos em busca de apoio para viabilizar esse projeto. Seguiremos com apresentações e participações em festivais, como o de Grão Mogol, levando um pouco do universo do jazz e da música instrumental brasileira para novos públicos.
 
Que papel o Pequi Trio ocupa hoje dentro da música instrumental mineira?
O Pequi Trio busca contribuir para a divulgação da música instrumental, mantendo uma forte identificação regional. Esperamos ajudar a fortalecer o movimento da música instrumental mineira e a formação de público para o gênero.
 
Como você enxerga o futuro da música instrumental no Brasil?
A música instrumental brasileira é incrivelmente rica e reconhecida em todo o mundo. Temos músicos fantásticos que representam muito bem o país. No entanto, é preciso ampliar o acesso e levar essa música para mais cidades, fomentando a divulgação e a criação de público. Viva a música instrumental brasileira!
 
Que mensagem o Pequi Trio gostaria de deixar para quem está conhecendo o trabalho de vocês agora?
Esperamos contribuir para a criação, o desenvolvimento e a valorização da música instrumental brasileira. Que o público que nos ouve possa se interessar cada vez mais por esse universo sonoro tão diverso e inspirador.
 
Se o som do Pequi Trio fosse um prato típico do Norte de Minas, qual seria e por quê?
Arroz com pequi. É uma mistura que representa muito bem nossa cultura gastronômica: simples, marcante e cheia de identidade.

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