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Sexta-Feira,16 de Maio
Entrevista

‘Homem-Bomba’: espetáculo gratuito retorna a Montes Claros

Turnê democratiza acesso à arte, levando reflexão e autoconhecimento

Adriana Queiroz
genteideiascomunicacao@gmail.com
Publicado em 14/05/2025 às 19:00.

Espetáculo Homem-Bomba retorna a Montes Claros para apresentação gratuita no sábado (17) no Teatro Vanda Dias, com retirada de senhas 1h antes. Turnê por 21 cidades mineiras é patrocinada pela Cemig.
 
Como você descreveria a essência do espetáculo para quem ainda não assistiu?
Depois de tantas turnês, é ótimo poder falar da essência do espetáculo, também do ponto de vista de quem assistiu. HOMEM-BOMBA fala de autoconhecimento. É um mix de prazer e desconforto ter consciência do que é a condição humana e de quem somos nesse turbilhão de luzes e sombras que nos cercam. Então, o espetáculo tem como mote provocar esse olhar pessoal, verdadeiro, sobre a identidade de cada um de nós. A melhor forma de encarar nosso verdadeiro eu é por meio de uma experiência teatral que misture o entretenimento — e o público tem curtido muito — com a reflexão que a gente leva para casa.
 
Na sua visão, qual é o papel do teatro na transformação individual e coletiva das pessoas?
Sou professor e coordenador da Escola de Teatro PUC Minas e acredito em processos formativos transformadores e multiplicadores. Minha torcida sempre foi para que todas as escolas de ensino formal pudessem contar com um profissional qualificado do teatro. Não tenho dúvida alguma de que é um instrumento poderoso para descoberta de identidades e, se esse trabalho começa cedo, temos a chance de colaborar para uma geração com mais escuta e mais conhecimento sobre o mundo que nos cerca.
 
Você acredita que a arte tem um poder de explosão — como uma ‘bomba’ — nas estruturas internas de quem assiste?
Todas as manifestações artísticas têm como mote essa explosão, que deve ser interpretada como uma ampliação da consciência de quem somos atualmente e da história que nos trouxe até aqui. Por isso, HOMEM-BOMBA tem causado burburinho por onde passa: a personagem não obriga a plateia a nada! O que o protagonista joga para o público é a percepção dos dois lados, da luz e da sombra, para cada um fazer sua leitura, tenha suas próprias impressões. Cada um que sai inquieto, no sentido de rever seus posicionamentos sob aspectos tão diversos da humanidade, já iniciou a explosão necessária e o tamanho dela cabe ao tempo mensurar.
 
A peça percorreu várias cidades de Minas com sessões lotadas. Qual experiência mais te marcou durante essa turnê?
Em Poços de Caldas, sabe-se lá o que aconteceu, foi a única exceção de uma turnê onde seguimos com um público muito expressivo. Não saiu divulgação em lugar nenhum, algo estranhíssimo, já que enviamos material para toda a mídia. Mas a qualidade da plateia superou todas as expectativas, com um olhar atento, generoso, inquieto, super qualificado e que fez questão de expressar nas redes sociais o quanto a sessão foi impactante e transformadora. Talvez seja difícil explicar a energia incrível de troca entre artistas e público quando acontece de forma especial. Poucas pessoas na plateia e uma sensação de que o teatro estava lotado! Certamente, não é a quantidade que qualifica a ida de um espetáculo para determinada cidade. O que ocorreu em Poços foi, repito, uma exceção, mas HOMEM-BOMBA tem chegado em locais com sessões em teatros que podem receber 600, 700 pessoas e em espaços alternativos que chegam a comportar, no máximo, 80, 100 pessoas. 
 
Montes Claros já recebeu “Homem-Bomba” com entusiasmo anteriormente. Qual é a sensação de retornar à cidade?
De muita alegria, por dois motivos: para reencontrar um público que realmente gosta de teatro e que deixou no meu Instagram muitas mensagens carinhosas, elogiosas ao meu trabalho. O outro aspecto é de chegar novamente à cidade com o HOMEM-BOMBA em um espaço diferente, a Casa Teatro Vanda Dias, que segue acreditando em cultura de qualidade. Cada espaço de cultura que abre é um alento para todos nós. Esse retorno era importantíssimo e a CEMIG, que patrocina a turnê, entendeu o quão significativo seria presentear a cidade novamente com mais uma sessão. Vai ser lindo, estou certo!
 
Por que é tão essencial levar espetáculos como esse, gratuitamente, para o interior de Minas?
Dar acesso ao bem cultural deve ser obrigação do estado. O ser social só avança com consciência de quem somos e com conhecimento sobre o que nos rodeia. Como diria Hamlet, a citação está em HOMEM-BOMBA: “A reflexão faz de todos nós covardes”. O enfrentamento de uma realidade, muitas vezes inóspita, pede consciência, conhecimento, e o teatro é um instrumento valioso para fortalecer as pessoas.

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