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Fotógrafa se encanta com a fauna do sertão

Sílvia Linhares chorou ao retratar ave endêmica do Norte de Minas Gerais

Manoel Freitas
Publicado em 30/03/2023 às 20:30.
Encantada pela fauna do sertão, Sílvia Linhares já registrou mais de 80% das aves brasileiras. Em seu trabalho, a “número um” do Brasil diz nunca ter sido discriminada.

Encantada pela fauna do sertão, Sílvia Linhares já registrou mais de 80% das aves brasileiras. Em seu trabalho, a “número um” do Brasil diz nunca ter sido discriminada.

Nas celebrações do “Mês da Mulher”, O NORTE contou histórias importantes de superação e resiliência feminina da mulher norte-mineira. Ultrapassando as fronteiras estaduais, a reportagem encontrou a história da fotógrafa paulista, Sílvia Faustino Linhares que se encantou com a fauna sertaneja. Na dianteira do maior banco de dados sobre aves do Brasil, o site Wikiaves, com 1.693 espécies catalogadas, das 1.971 do país, Linhares é exemplo de mulher brasileira que chegou ao topo da observação de aves depois de percorrer os 26 Estados brasileiros e o DF e de superar Acidente Vascular Cerebral Isquêmico.

Mas mede-se o feito da ex-gestora de planejamento da Caixa Econômica Federal, que fez sua iniciação na fotografia em estúdios e retratando automobilismo, não apenas pela quantidade, mas pela singularidade e delicadeza do olhar feminino, capaz de produzir imagens de rara beleza e contar histórias de amor. Foi assim, depois de dez anos de fotografia de natureza, em fevereiro de 2018, ao registrar pela primeira vez, em Botumirim, Norte de Minas, a Rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), na atualidade entre as 20 espécies mais raras do mundo.

“Todas as vezes que me entrevistam, perguntam qual a ave que mais gostei de fotografar, então digo não ter nenhuma dúvida de que nenhuma outra me emocionou tanto como a Rolinha-do-planalto”, garante Sílvia, lembrando que guarda com carinho “a foto com o olhinho inchado, cheio de lágrimas.Me faltou ar e muito pouco para eu desmaiar de emoção, porque na verdade estava fotografando uma espécie criticamente ameaçada de extinção”. Mais ainda, faz questão de dizer que “toda vez que vou a Botumirim fotografá-la, choro de novo, porque ela é a rolinha da fênix, do renascimento, porque reapareceu depois de 75 anos”. 

Asas são para voar

Sílvia Linhares falou ao O NORTE em Montes Claros, onde retornou para registrar mais uma espécie que tem atraído observadores do mundo inteiro, o beija-flor Asa-de-sabre-da-mata-seca (Campylopterus calcirupicola), endêmico das Matas Secas do rio São Francisco. Dos 236 registros em Minas, 211 foram feitos no Parque Estadual da Lapa Grande, onde sua história se misturava, o tempo todo, a um coro de passarinhos. 

Por sinal, ter asas é um de seus segredos para liderar o disputado ranking nacional. É que, indagada se pelo fato de ser mulher encontrou ao longo de sua caminhada maiores obstáculos para ser a número um do Brasil, disse “que asas é para voar, então, sou decidida, quando quero cumprir uma meta, sai de baixo”. Afirma que nunca foi discriminada, “com certeza porque me relaciono muito bem com a grande maioria das pessoas, não sou de ninguém, sou de todo mundo, todo mundo é meu também”. 

“Estar em primeiro lugar não significa disputar com outras pessoas, disputo comigo mesma, é uma superação, porque cada vez que entro numa trilha cheia d’água, que subo um muro, é um desafio que eu estou me impondo”, continua Sílvia Linhares, observando acreditar “que, de alguma forma, o destino se encarregou de me mostrar um caminho em que eu poderia ser mais feliz e encontrar a minha verdadeira essência”.

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