VARIEDADES

‘Festas de Agosto’: legado familiar

Para família de Mestre Zanza, continuar a tradição é manter a memória viva do patriarca

Adriana Queiroz
Publicado em 16/08/2023 às 19:00.
Luciene ao lado de seu pai, o saudoso Mestre Zanza (Arquivo Pessoal)
Luciene ao lado de seu pai, o saudoso Mestre Zanza (Arquivo Pessoal)

A 182ª edição das Festas de Agosto e o 43º Festival Folclórico de Montes Claros ganham vida nas ruas, porém, esse cenário é preenchido com a ausência profundamente sentida de João Pimenta, carinhosamente lembrado como mestre Zanza. Ele foi uma das figuras centrais nas celebrações folclóricas do município. Para os membros de sua família, esse momento evoca uma mistura de emoções complexas: tristeza e alegria entrelaçadas, mas também a sensação de dever cumprido.

Luciene Pimenta Borges, filha do mestre Zanza, diz que sente a fé presente nos suores, nos rostos molhados, nos olhares daqueles que acompanham os cortejos, que mesmos doentes estão lá, porque acreditam que milagres acontecem. “São pessoas que fazem questão de estarem presentes nos levantamentos dos mastros, nas missas e na procissão de encerramento dos festejos de agosto”, conta.

Para ela, o Divino representa também a devoção de um povo. É o império que sai colorindo de vermelho as ruas e avenidas da cidade no sábado. “Luxo e beleza é a marca desse cortejo”, diz.

Luciene é mãe de três filhos, avó da catopezinha Júlia que participa de alguma forma das Festas de Agosto e considera que o cortejo de Nossa Senhora do Rosário — que sai logo mais, às 10h, da Praça Dr. João Alves, até a igreja de Nossa Senhora do Rosário — representa a fé e devoção da mãe do Salvador.

“É alegria demonstrada através do Santo Rosário, é o momento da família reunida em oração, agradecendo pelas graças concedidas por intercessão de Nossa Senhora”, afirma.

Já o cortejo de São Benedito percorre as ruas da cidade na sexta-feira (18), saindo do Automóvel Clube, na Praça Dr. João Alves até a igreja do Rosário, localizada na Avenida Afonso Pena, região central da cidade.

“São Benedito é o santo protetor dos humildes. O que mais encanta no seu reinado é a simplicidade. O cortejo é uma demonstração de fé, religiosidade de um povo que resiste bravamente as dificuldades cotidianas e estão firmes louvando esse santo tão querido”, revela.

Sobre os registros de quando começou a festa e os motivos, Luciene diz que tem várias temporalidades.

“É uma festa centenária. A origem da mesma está vinculada aos festejos a Nossa Senhora do Rosário pelos escravos. Segundo alguns historiadores, em 1910, por determinação do primeiro bispo da cidade, Dom João Pimenta, foram agregados a festa a homenagem a São Benedito e ao Divino Espírito Santo”, diz.

Sempre envolvidos com a festa, os filhos do mestre Zanza desde criança participam da confecção dos instrumentos, roupas, penachos e organização religiosa. Um legado que é passado para as novas gerações.

“A história é compartilhada pelos mais velhos, é passada de pai para filho. O legado continua com a participação dos mais jovens e crianças que desde cedo estão envolvidos com os festejos. Hoje todos os filhos de mestre Zanza, netos e bisnetos participam com grande alegria e emoção dos festejos. Muitos estão vindos de outros estados para fortificar essa tradição familiar”, conclui Luciene. 

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