Gissele Niza


Repórter


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Em entrevista exclusiva concedida a O Norte na tarde de segunda-feira, 08, na secretaria de estado de Defesa Social, em Belo Horizonte, o secretário-adjunto da pasta, Luís Flávio Sapori, falou sobre os principais problemas de segurança pública em Montes Claros, que está entre as cinco cidades com maior índice de crimes violentos em Minas Gerais.

(foto: arquivo/ Rafael Bicalho)

Na primeira reportagem da série de segurança pública que abordará, entre outros assuntos: o clima de guerra no cadeião, o alto índice de crimes violentos na cidade, a superlotação do pátio do Detran e a implantação da RISP - Região integrada de segurança pública, que tem como objetivo integrar as polícias na luta pelo combate à criminalidade, a ser divulgada a partir de hoje, o secretário-adjunto fala sobre a rebelião registrada no mês de março no Centro de internação do adolescente infrator Nossa Senhora Aparecida, que classifica como a maior decepção do estado.

Questionado sobre a real situação do Cia, o que foi apurado depois da rebelião e se houve repressão para que os agentes penitenciários não falassem sobre o que acontece no interior do centro do menor, Sapori responde:

- O Centro do menor de Montes Claros foi uma decepção total. Apostamos todas as fichas no Cia, que foi construído para ser modelo para outras cidades de todo o país e, de repente, deparamos com um fato triste, que foi a rebelião do dia 10 de março, provocada pela má gestão da direção de segurança, que estava trabalhando de forma totalmente equivocada.

Sapori diz ainda que todos os fatos foram apurados e não houve casos de agressão dos menores para com os agentes penitenciários.

Sobre os motivos da rebelião, o secretário-adjunto responde que o Centro do menor respeita todas as determinações do estatuto da criança e do adolescente, não existem problemas de infra-estrutura ou superlotação, pelo contrário, os menores têm assistência psicológica e judicial, e estão lá para serem reintegrados à sociedade. O único motivo que resulta na rebelião foi a má gestão e trabalho equivocado do chefe da segurança na época – lembrando que o diretor de segurança foi substituído.

ESPERANÇA

Apesar do sentimento de tristeza e decepção com os fatos registrados no Centro do menor no mês de março, o adjunto afirma:

- Estamos atentos a tudo que acontece em Montes Claros, acompanhando de perto a gerência do Cia e temos a esperança de que ainda será um centro de reeducação de menores infratores-modelo para todo o país. O problema foi detectado, mudamos a direção de segurança do centro e, com certeza, fatos tristes como os passados não acontecerão mais.

O secretário prefere não revelar o nome do ex-diretor de segurança, por questões internas.

REBELIÃO

A rebelião no Centro do menor, ocorrida em 10 de março, começou às 11 da manhã e terminou duas horas depois, com dois menores e dois policiais feridos.

Durante a rebelião, 26 internos se posicionaram em cima do pavilhão B da ala permanente do Cia e fizeram outro menor de refém, sob ameaça de morte com um chuço (arma artesanal em formato de faca) no pescoço, para reivindicar celulares, drogas e visitas íntimas. Os amotinados quebraram vários bebedouros, armários e celas do bloco B, e começaram a gritar, enquanto outros  continuavam a quebrar objetos no interior do centro.

A rebelião foi contornada após a chegada do efetivo de 50 homens do Gate - Grupo de ações táticas especiais e da tropa de choque da polícia militar, tendo à frente o comandante do 10º BPM, tenente coronel Hely José Gonçalves.

O Centro de internação do adolescente infrator de Moc foi inaugurado no dia 21 de novembro do ano passado e tem capacidade para 80 menores.