Caso Elton: autor de crime brutal é indiciado por latrocínio

Jornal O Norte
Publicado em 11/08/2006 às 12:17.Atualizado em 15/11/2021 às 08:41.

Dez dias após o brutal assassinato do funcionário do Hemominas de Montes Claros, Elton José Cardoso, 43 anos, registrado na madrugada do dia 1º deste mês no bairro Morrinhos, a polícia civil concluiu e encaminhou ontem ao Fórum Gonçalves Chaves o inquérito que investiga o crime.



O moto-taxista, Marcos Mursa Cardoso Júnior, 20 anos, que confessou ter estrangulado Elton até à morte foi indiciado pelo crime de latrocínio, artigo 157 do código penal, com pena prevista de 20 a 30 anos de reclusão.





Marcos foi indiciado por latrocínio e pode ser condenado a até 30 anos de reclusão (foto: Gissele Niza)



Segundo o delegado, Saulo Nogueira, que responde interinamente pela delegacia de repressão aos crimes contra pessoa, Marcos Mursa foi indiciado por latrocínio por haver fortes indícios de que ele matou o ex-companheiro, com quem mantinha relacionamento amoroso há mais de três anos, por dinheiro e que há alguns meses estaria extorquindo a vítima, de acordo com informações de testemunhas.



CHEQUES



Durante as investigações do assassinato surgiram os indícios de que Marcos teria cometido latrocínio, pois a assinatura de uma das folhas de cheques encontradas no bueiro, onde o mesmo teria jogado a arma do crime (uma corda amarela), apresentava indícios de falsificação ou de que Elton teria sido forçado a assinar.



Em seu depoimento à PC, Marcos teria informado que encontrou os cheques em um bolso da camisa branca que teria pego para jogar a arma do crime fora. 



JÓIAS DA FAMÍLIA



Após o assassinato de Elton, a família percebeu que vários objetos inclusive jóias da família haviam desaparecido no final de semana anterior ao crime.



Segundo depoimento da irmã da vítima, a professora aposentada, Estelita José Cardoso, 60 anos, na sexta-feira anterior ao crime, ela limpou o quarto de Elton e viu que as jóias estavam guardadas no lugar de sempre.



- Na sexta-feira, arrumei a casa, limpei o quarto de Elton e vi as jóias todas guardadas em cima do maleiro do guarda-roupa em uma caixinha, onde sempre ficavam. Ninguém a não ser Marcos sabia que as jóias, que eram herança da família, estavam guardadas lá, inclusive sumiram também dólares e dinheiro das economias de Elton – disse a professora.



Na lista de objetos que sumiram da casa de Elton, relatada no inquérito policial estão: dois celulares, sendo um com câmera; quatro talões de cheques; dois cartões de créditos; um relógio feminino de pulso com pulseira de ouro; um par de brincos antigos de ouro; uma corrente com crucifixo de ouro; um anel de ouro; um aparelho de DVD; uma penca de chaves com as chaves do portão e da casa; um cheque do banco HSBC em nome de um cliente da locadora de Elton no valor de R$ 130; e certa quantia em dinheiro.



CONCLUSÃO



Na conclusão do inquérito o delegado Saulo Nogueira relatou que:



- Considerando a confissão espontânea do autor (Marcos), depoimentos de testemunhas, a retirada dos cheques no local do crime, o fato de que a camisa não possuía bolso, com foi dito pelo autor; a rasura da assinatura em um dos cheques e a recusa de autor em fornecer o padrão caligráfico, considerando ainda apesar de sermos leigos, aparentemente percebemos que as letras da assinatura do autor se assemelham às letras de preenchimento do cheque com a assinatura rasurada.



Estamos convencidos de que o autor (Marcos) matou a vítima (Elton) tentando extorquir dinheiro através do preenchimento do cheque, bem como aproveitou a morte da mesma para roubar o cheque no valor de R$ 130 e outros pertences conforme declarações de testemunhas.



INFARTO



Ainda nos depoimentos anexos ao inquérito, a irmã de Elton que relatou ao O Norte, na última semana, que desde 21 de abril seu irmão estava sendo perseguido e extorquido pelo assassino, disse também que:



- Elton estava desiludido com o relacionamento mesmo antes do seu término, quando desde o dia 21 de abril, passou a dormir comigo, com medo de que Marcos fizesse alguma coisa com ele. Marcos ligava para Elton insistentemente para pedir dinheiro e na quinta-feira anterior ao assassinato ele ainda dormiu lá em casa, coisa que ele nunca tinha feito. Mesmo depois de ter tirado a vida do meu irmão, Marcos ainda foi lá em casa, quando a polícia já estava lá e comentou com os amigos e parentes que achava que Elton tinha morrido de infarto, porque ele estava com muitas manchas roxas no corpo – lembrou Estelita.



NÃO QUERIA MAIS



Marcos foi preso horas depois da família de Elton ter localizado seu corpo no chão da sala e encaminhado à delegacia de polícia onde prestou depoimento informando que:



- Eu fui na casa dele (Elton) para terminar o relacionamento, ele não aceitou e começou a brigar comigo. Eu não queria mais aquilo para mim, queria voltar à vida normal. Aí para me defender eu comecei a apertar o pescoço dele com a corda. Só depois percebi que ele estava desacordado, pensei que estava livre dele e fui embora. Joguei a corda fora, só voltei lá no outro dia para ver se ele tinha morrido mesmo.



O acusado está recolhido na cadeia pública de Montes Claros onde permanecerá à disposição da justiça desde o dia do crime.



FUNDAÇÃO



A irmã de Elton, disse ainda que a família vai implantar uma fundação com seu nome para oferecer a estudantes e pessoas carentes oportunidades de estudos através da leitura.



- Elton deixou muitos livros de várias áreas, principalmente de saúde, pesquisa de doenças como câncer, aids, e prevenção às drogas. Queremos agora criar uma fundação em nome do meu irmão para dar oportunidade aos estudantes de pesquisarem e apreender mais através da leitura.



CRIME



O assassinato aconteceu na madrugada do dia 1º, quando Marcos asfixiou Elton com uma corda amarela até à morte.



A corda utilizada para asfixiar Elton também foi localizada pelos policiais civis após denúncia anônima de que o acusado teria jogado alguns objetos em um bueiro na rua de sua casa. Além da arma do crime foram encontrados também um celular da marca Nokia 1520, uma folha de cheque no valor de R$ 875 do banco Itaú, outra no valor de R$ 130 do banco HSBC e outras duas folhas em branco de propriedade de Elton.

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