O programa eleitoral gratuito começou nesta terça-feira no rádio e na TV sem que nenhum dos principais candidatos a presidente tenham concluído e divulgado seu programa de governo. O programa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na eleição passada era um grosso calhamaço detalhando todos os pontos que o candidato prometia implantar se eleito, vai ficar bem mais enxuto na campanha para a reeleição.
O documento ainda está sendo elaborado, por uma equipe coordenada pelo assessor especial para assuntos internacionais da presidência, Marco Aurélio Garcia, e deve ter entre 20 e 25 páginas. O programa tem seis pontos principais, que praticamente reforçam a continuidade do atual governo.
A data para divulgação ainda não foi definida, mas, de acordo com a assessoria de imprensa da campanha do PT, deve acontecer nesta semana.
O candidato da coligação PSDB-PFL, Geraldo Alckmin, também não concluiu o programa, que está sendo elaborado por João Carlos Meireles e está sendo submetido à aprovação do coligado PFL e do aliado PPS. Serão cerca de 30 temas.
OS OUTROS
A equipe da senadora Heloísa Helena, candidata do Psol, também promete divulgar o programa ainda esta semana.
O programa do senador Cristovam Buarque, candidato do PDT, está avançado. São cerca de 20 páginas, com os eixos estruturantes do programa.
Para o cientista político José Luciano Dias, consultor do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (Ibep), a falta de programas, a um mês e meio das eleições, mostra a falta de importância dos programas e até dos partidos políticos no Brasil.
- Nenhum dos integrantes do Ibep está acompanhando os programas, porque eles não valem nada mesmo - diz ele.
O Brasil está muito longe, diz ele, de países como Estados Unidos e Grã-Bretanha, onde os partidos têm uma estrutura programática e os eleitores sabem em que estão votando quando escolhem um ou outro partido.
- No Brasil isso nunca existiu na centro-direita, e agora também deixou de existir no PT - afirma.
Ele acha que isso não deve mudar com a reforma política que está sendo defendida por vários candidatos, que propõe a fidelidade partidária e outras pequenas mudanças.
- Para mudar isso é preciso muito mais do que a fidelidade partidária, é preciso o real fortalecimento dos partidos.