Gissele Niza


Repórter


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Depois de quase 10 anos com o índice de criminalidade crescente, uma pesquisa do 10º Batalhão de Montes Claros divulgada esta semana releva que o número de crimes violentos na cidade caiu em 7,26%.

O quadro estatístico apresentado mostra que nos últimos nove anos, desde 1997, somente duas vezes verificou-se queda deste índice de crimes violentos. Sendo a primeira em 2001 com redução de 5,04 para 4,60 no índice calculado para cada grupo de 10.000 habitantes, e a outra neste semestre com redução acumulada de 7,26.

(fotos: Wilson Medeiros)

Segundo informações do 10º BPM, os resultados positivos foram conquistados por manter constante a redução nos índices criminais, especialmente em relação aos crimes violentos e fazer com que a sensação de segurança seja atinja as pessoas, nas ruas, nas escolas, no seu ambiente de trabalho e em suas residências.

O comandante do 10º BPM, tenente-coronel Heli José Gonçalves informou a reportagem de O Norte que ninguém faz nada sozinho e isto ficou muito claro nos dados estatísticos apresentados, através do trabalho conjunto entre policias militar e civil, poder judiciário e os poderes legislativo e municipal.

- O trabalho realizado entre os órgãos de segurança pública da cidade foi de extrema importância na produção da segurança pública e foi responsável pela queda dos índices de crimes violentos – concluiu o comandante.

HOMICÍDIOS

O delegado Saulo Nogueira, interino da delegacia de repressão aos crimes contra pessoa, apresentou também a O Norte, estatística sobre a redução no índice de homicídios na cidade.

No período de janeiro a junho de 2004 foram registrados 13 homicídios em Montes Claros; no mesmo período de 2005 foram registrados 28 homicídios; até o dia 1 de julho deste ano foram registrados 27 homicídios.

Segundo o delegado os dados comprovam que houve um equilíbrio no número de homicídios registrados na cidade e afirma que a tendência agora é que este numera reduza em cada mês.

- As regiões com maior índice de homicídios em Montes Claros são: Grande Santos Reis, Grande Maracanã, Major Prates e Feijão Semeado. Podemos observar que em 2004 quando houve a instalação de marginais do Rio de Janeiro e São Paulo na cidade o índice de crimes violentos cresceu assustadoramente. Isso porque eles lutavam pela tomada de poder do tráfico de drogas na cidade, inclusive houve toque de recolher nessas regiões. Com a instalação do caos da chamada ‘guerra dos paulistas’ os órgãos da secretaria de defesa social se uniram com um objetivo comum devolver a paz a população e combater os crimes violentos. Através de trabalhos conjuntos entre os órgãos, polícias militar e civil, corpo de bombeiros e poder judiciário, atuando de forma educativa, preventiva e repressiva, os criminosos que não foram mortos na guerra pelo tráfico de drogas pelos próprios colegas, foram presos e hoje já podemos observar o equilíbrio dos índices de crimes violentos na cidade.

GUERRA DO TRÁFICO

O delegado, que é titular da delegacia de repressão ao uso e tráfico de entorpecentes, reafirma que a tendência dos índices de crimes violentos na cidade é de redução ao observar o trabalho conjunto das policiais no combate à criminalidade, em especial o tráfico de drogas.

- A briga pelo poder do tráfico de drogas é o principal fator que motiva os crimes violentos na cidade. Quando se instalou a ‘guerra dos paulistas’ na cidade, o número de homicídios, assaltos, e de outros crimes violentos cresceu de forma absurda e só foi possível controlar com o trabalho conjunto das policiais. Na época, dezenas de marginais e líderes de quadrilhas foram presos o que resultou na superlotação da carcerária da cidade. A maioria dos crimes violentos está ligada diretamente ao trafico de drogas. Hoje a cadeia pública abriga 397 presos, sendo que 96 estão lá por tráfico de drogas e mais da metade estão ligados indiretamente, pois roubaram ou mataram para comprar drogas.

Segundo levantamentos da delegacia de repressão ao uso e tráfico de drogas de montes Claros, os locais com maior número de pontos de drogas na cidade são: Praça São Vicente, do bairro Santos Reis; bairros ligados pela linha férrea como Vera Cruz e Roxo Verde; e que tem como base o maior ponto que é o aglomerado Cidade Cristo Rei, conhecido popularmente como Feijão Semeado.

PROMESSAS

O juiz da vara de execuções penais e do tribunal do júri, Marcos Antônio Ferreira, disse a O Norte a expectativa é que os índices de crimes violentos na cidade caiam a cada dia e que os resultados positivos obtidos neste primeiro semestre de 2006 são frutos do trabalho conjunto não só das policiais, mais de todos os órgãos de defesa social da cidade, poder judiciário e ministério público.

O juiz lembrou que o Estado tem deixado a desejar no cumprimento das promessas de benefícios para a segurança pública na cidade.

A queda do índice de criminalidade é o resultado da ação


conjunta das polícias civil, militar e poder judiciário

- Não podemos esquecer que no final do ano passado a cidade foi beneficiada com várias viaturas e equipamentos de trabalho, assim como foi inaugurado o Centro de Internação do Menor Infrator e a cadeia pública passou por reformas. Mas não podemos esquecer também que o Estado falha em relação à estrutura carcerária, e que várias promessas foram feitas e ainda não foram cumpridas. A cadeia pública que conta com espaço para abrigar legalmente 120 presos e com estado humanamente aceitável de 250 detentos, conta hoje com mais de 400. É claro que preso não deve escolher lugar bom para ficar, tem que sentir na pele o erro cometido e tentar se reintegrar a sociedade. Mas é praticamente impossível manter a tranqüilidade de um local onde os detentos estão amontoados em apenas 30 celas. Entre as promessas do Estado estão à construção de um novo presídio, designação de uma diretoria permanente com diretor, psicólogos, advogados e assistentes sociais para dar assistência aos detentos, além de aumentar o efetivo de agentes penitenciários que hoje é insuficiente para a segurança do local. Estamos aguardando o cumprimento das promessas, enquanto isso o poder judiciário, policias civil e militar, continuaram a trabalhar no combate a criminalidade de Montes Claros.

AÇÕES

Entre as ações destacadas pelo 10º BPM que contribuíram para a queda no índice de crimes violentos da cidade estão.

POLÍCIA MILITAR

Intensificação de operações policiais, territorialização do policiamento em nove setores, lançamento de patrulhas, exclusivamente dedicadas à prevenção (Patrulhas de prevenção ativa – PPA); emprego operacional dos policiais, empregados na atividade administrativa semanalmente, no mês de maio e junho (com sobrecarga de jornada de trabalho individual), suspensão do treinamento tático semanal nos meses de maio e junho para lançamento de operações policiais; substituição de quatro horas da atividade administrativa por operacional; implementação de rotina de monitoramento semanal dos índices criminais a fim de possibilitar revisão constante do planejamento e emprego dos esforços, além de orientar melhor a imposição de metas; substituição de 15 policiais militares por agentes penitenciários empregados fixos na cadeia pública local; intensificação de atuações conjuntas com a polícia civil; aplicação do programa educacional de redução das drogas e da violência; diversas ações comunitárias através dos CONSEP e decorrentes da descentralização do policiamento.

POLÍCIA CIVIL

Substituição de parte do efetivo empregado na cadeia pública por agentes penitenciários; aumento significativo das autuações de infratores presos, recolhendo-os aos estabelecimentos prisionais devidos; atuação harmonizada com a polícia militar proporcionando o aumento da população carcerária de 150, em meados de 2005, para 420 em 2006; reforma da cadeia pública local;

PODER JUDICIÁRIO E MINISTÉRIO PÚBLICO

Maior harmonia e engajamento com as forças de segurança, especialmente nos atendimentos relacionados à expedição de mandados de busca e apreensão quando é necessário; comparecimento em ocorrências policiais complexas, rebelião na cadeia pública e centro de internação do adolescente infrator; envolvimento direto na resolução de crise e na articulação de melhorias para a cadeia pública local;

PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL

Envolvimento destacado com o tema segurança pública, através da coordenação de várias mobilizações em prol de busca de melhorias principalmente junto ao governo estadual; articulação com o poder municipal, amparando, criando e aprovando projetos importantes e que impactaram a segurança pública, especialmente o Proerd.

PODER MUNICIPAL

Implementação da guarda municipal, reforçando a segurança patrimonial dos prédios municipais; emprego da guarda municipal em parceria com a polícia militar nos principais eventos; convênios com a PM para viabilizar o telefone disque denúncia (0800300190) e a realização do Proerd; parceria na reforma da cadeia pública; engajamento em diversos empreendimentos de natureza social com repercussão na segurança pública, tanto em relação ao apoio aos Consep quanto em outras frentes voltadas para a proteção da criança e do adolescente.

PARTICIPAÇÕES IMPORTANTES

Atuação destacada do conselho tutelar; mobilização da Frente Norte Mineira; inauguração do Centro de Internação do Adolescente Infrator Nossa Senhora Aparecida; criação e trabalhos concretos do Núcleo de Prevenção à Criminalidade.