Big Brother do tráfico no Feijão: acusado utilizaria circuito de vídeo para vigiar a presença de família no aglomerado

Jornal O Norte
Publicado em 21/08/2006 às 11:14.Atualizado em 15/11/2021 às 08:41.

Uma operação da polícia militar na manhã de sexta-feira, em cumprimento de mandado de prisão coletivo em um dos bairros considerados dos mais violentos de Montes Claros, identificado pela polícia como zona quente de criminalidade, com grande concentração de autores de receptação, furto/roubo de veículos e a transeuntes, uso e tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo, entre outros crimes, o aglomerado Cidade Cristo Rei (Feijão Semeado) resultou na prisão de quatro homens, apreensão de drogas e na descoberta de esquema ousado de monitoramento de vídeo das ruas do local.



De posse do mandado de prisão coletivo para os acusados de tráfico de drogas conhecidos nos meios policiais por Celinho, Norma e Fia, Sil, Marlene, Gilmar, Pancinha e Jardel, expedido pelo juiz da 1ª Vara Criminal, Milton Lívio Lemos Salles, os policiais militares iniciaram a operação às 6 horas quando foram presos Edmilson Ferreira dos Santos, que possui sete prisões registradas, conhecido com Sil; Adailton Ferreira dos Santos, que tem uma prisão registrada; Farley Juliano Evangelista Araújo e Cristiano Pereira de Jesus.



Sil foi preso em sua casa localizada na rua Dona Efigênia do Feijão Semeado, quando ainda dormia. Em sua casa foi apreendida a quantia de R$ 3.629 em dinheiro escondida em uma caixa de sapatos dentro do guarda-roupas e que segundo a polícia pode ser oriunda do tráfico de drogas; e várias embalagens para drogas localizadas em uma sacola plástica próximo a uma lixeira.



Em outro cômodo da casa, foi localizado e apreendido um circuito de monitoramento de vídeo externo com duas câmeras que monitoravam as ruas adjacentes da casa de Edmilson.



Segundo as investigações da polícia, o circuito de monitoramento de vídeo externo seria utilizado para identificar a presença da polícia nas proximidades da residência e facilitar o tráfico de drogas.



COCAÍNA E CRACK



Durante a operação, os policiais militares foram informados através de denúncia anônima de que a casa localizada em frente à de Edmilson também funcionaria outro ponto de tráfico de drogas. 



Na casa, alugada por Edmilson há cerca de oito meses, foi preso o seu irmão, Adailton, e apreendido um revólver calibre 38 da marca Taurus com capacidade para cinco tiros e numeração raspada, que estava escondido de baixo de uma cama; além de 29 papelotes de cocaína que estavam escondidos no banheiro; e 79 pedras de crack que estavam escondidas dentro de um chuveiro, todas embaladas em plástico; uma barra de potência de som 1600W da marca Boss; um tampão de madeira com uma barra de potência da marca Corzus; um celular Nokia 6820; uma televisão de 14 polegadas GE; dois capacetes e móveis embalados.



Segundo informações do proprietário da casa, os homens alugaram o imóvel há mais de oito meses pelo valor de R$ 80.



Também foi preso acusado de tráfico de drogas, Cristiano Pereira de Jesus, 19 anos na rua Santo Inácio e um menor de 16 anos.



Na rua Mato Verde, foi preso Farley Juliano Evangelista Araújo, quando foram localizadas e apreendidas em sua residência 11 pedras de crack, escondidas em um frasco de desodorante e uma tesoura.



APREENSÕES



Além das 79 pedras de crack, das 29 buchas de cocaína, R$ 3.629 em dinheiro e do revólver calibre 38, foram apreendidos também nas duas casas os seguintes objetos: duas câmeras de monitoramento de vídeo, um aparelho seqüêncial de vidro da marca Nitrix, um vídeo game da marca Nitendo, pequena quantidade de pólvora e chumbo, um botijão de gás, uma bomba submersa, um armário de madeira, uma carcaça de bicicleta, uma tesoura, duas varas de pescar, uma touca preta, centenas de embalagens para drogas, e dez cadeiras plásticas, sendo que uma tinha dizeres em alusão a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).



SE NÃO ENTRAR PRO TRÁFICO VC MORRE



No local das prisões/apreensões, um pedreiro que mora no Feijão Semeado disse à reportagem de O Norte que todos mundo sabe onde funcionam pontos do tráfico no aglomerado, mas ninguém denuncia por medo de morrer.



- Aqui funciona a lei de quem tem poder. Se não entrar no tráfico você e sua família morrem. Prefiro ser amigo do pessoal, ficar calado e deixar eles mexerem com os bagulhos deles para lá do que arriscar minha vida.



Uma dona de casa e moradora do Feijão a mais de 10 anos, concordou com o pedreiro.



- Quem mexe com essas coisas erradas é mais o povo que vem de fora. Os moradores daqui não mexem com isso não, se você ficar aqui vai ver só carrão até importado de doutor, médico, enfermeiro e até desse povo da segurança aí.



Os entrevistados tiveram seus nomes preservados por questões de segurança.



DEFESA



O advogado de defesa de Edmilson e Adailton, Carlos Alberto Augusto da Silva, informou na tarde de sexta-feira que entrou com pedido de habeas corpus e liberdade no Tribunal de Justiça de Minas Gerais em favor de seus clientes.



Ainda segundo o advogado, o circuito de monitoramento de vídeo apreendido na casa de Edmilson era utilizado como forma de segurança da família de seu cliente, pois o local tem registrado grande número de crimes violentos. Sobre a droga apreendida com Adailton, seu advogado disse que o cliente confessou que a droga era sua, mas apenas para consumo e não para tráfico.

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