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Domingo,12 de Janeiro

Bandidos que matam bandidos: três pessoas com passagens pela polícia assassinadas em 12 dias

Jornal O Norte
Publicado em 17/01/2006 às 11:31.Atualizado em 15/11/2021 às 08:28.

Gissele Niza


Repórter


onorte@onorte.net



O crescente índice de criminalidade em Montes Claros, apesar de assustador, já não é mais novidade para a população. Um fato que está intrigando e ao mesmo tempo consolando a sociedade é o crescente número de bandidos matando bandidos.



A reportagem de O Norte solicitou um levantamento ao 10º Batalhão de polícia militar e à polícia civil e, apesar de as estatísticas ainda não terem sido concluídas, devido ao grande empenho que se faz necessário para sua conclusão, já é perceptível que esse número é crescente em relação a anos passados.



Dados da PM apontam que, em 2004, foram registrados 33 homicídios; já em 2005 foram registrados 49; ambos no período de janeiro a novembro de cada ano.



Levantamento realizado pela reportagem através dos boletins de ocorrência divulgados diariamente para a imprensa pela PM, já adianta o que se esperava: apenas nos primeiros 12 dias de 2006, três pessoas com passagens pelos meios policiais foram assassinadas por seus companheiros.



No segundo dia do ano novo, Fernando Silveira Belizário, 20 anos, com dois registros de prisão, morreu quando foi atingido no peito por uma espingarda polveira de fabricação artesanal manuseada por Gabiano Fernandes Oliveira, 21 anos, com um registro de prisão no povoado de Campos Elíseos, zona rural de Montes Claros, quando os participavam de uma confraternização no sitio Estância Santa Lúcia. Testemunhas que também participavam da confraternização afirmam que o tiro foi acidental.



VAI-SE BRENO



No último dia 10, o assassinato de Breno Diego Santos Silva, 20 anos, que tinha doze passagens pelos meios policiais, repercutiu em Montes Claros. Segundo testemunhas, por motivos ignorados um homem conhecido como Candinho disparou dois tiros nas costas de Breno Diego, na Rua Menino Jesus de Praga, 491, Bairro Renascença.



E ANDERSON TAMBÉM



Menos de 24 horas depois do assassinato de Breno, Anderson Rodrigues Brandão, 28 anos, três prisões cadastradas, foi assassinado por Ranildo Pereira Brasil, conhecido como Veím, 20 anos, uma passagem pelos meios policiais, na Rua Neco Maria, Bairro Major Prates. Segundo testemunhas, Ranildo Pereira disparou três vezes um revólver, depois de luta corporal com Anderson, atingindo-o na região molar, lado esquerdo, transfixando o lado esquerdo do peito, e também a nádega esquerda, transfixando a glútea direita. Segundo testemunhas, Anderson havia cobrado uma dívida de Ranildo um dia antes do crime.


 


47 PASSAGENS



No último final de semana foram registrados pela PM duas tentativas de homicídio nos bairros Centro e Jardim Palmeiras. Juntos, vítimas e autores somavam 47 passagens pelos meios policiais. 



Na noite de sexta-feira, Wilson Soares da Silva, conhecido como Gereba, 21 anos, com trinta e sete passagens pelos meios policiais, foi golpeado com 11 facadas na Praça Raul Soares, Centro, por autor desconhecido.



No Jardim Palmeiras, Roney Rodrigues, 19 anos, com nove passagens pelos meios policiais, foi surpreendido por dois adolescentes de 17 anos quando estava próximo a sua residência. Armado com revólveres, um dos adolescentes, com uma passagem pelos meios policiais, atirou três vezes em direção a Roney, fugindo em bicicletas com seu comparsa.



MORADORES ACHAM BOM E BATEM PALMAS



O comerciante C.R.S., 58 anos, residente Centro, disse a O Norte que os assassinatos entre bandidos não é preocupante.



– Muito pelo contrário, bandido tem que morrer. É preferível eles se matarem entre si do que continuarem soltos na rua, assaltando, ferindo e matando gente de bem – completa o comerciante.



C. afirma que é a favor da pena de morte e que os policiais devem agir com mais rigidez contra pessoas que fazem mal à sociedade:



– Esse negócio de bandido ir pra cadeia comer do bom e do melhor e ainda reclamar de superlotação é uma piada. Como já disse, bandido tem que morrer e os policiais, que são pagos pelo governo através dos impostos que pagamos, devem ser mais rigorosos e, se preciso, matar essas pessoas que estão tomando a cidade e deixando famílias acorrentadas dentro de casa.



A estudante de Direito E.O.M., 26 anos, também aplaude assassinatos entre bandidos:



– Sei que ninguém tem o direito de tirar a vida do próximo, mas o que os criminosos está fazendo com a população montes-clarense é imperdoável. Assistimos todos os dias, nos noticiários, famílias sendo humilhadas e maltratadas por menores, pessoas inocentes morrendo, sem contar os assaltos que vêm acontecendo em todas os bairros da cidade. Eu mesma já fui assaltada três vezes. Se os órgãos responsáveis pela segurança da sociedade não estão dando conta de conter esses criminosos, que seus próprios companheiros os matem.

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