entrevista

Avanços da medicina no tratamento do câncer

Médica fala sobre a doença e sua participação no Congresso de Oncologia

Adriana Queiroz
Publicado em 02/08/2023 às 19:10.
 (Lucas Fischer)
(Lucas Fischer)

Uma das convidadas para o Congresso de Oncologia de 2023, o 7º nacional e o 3º internacional, que será realizado de 17 a 19 de agosto em Montes Claros, é a médica radio-oncologista, Laís Santiago. Para ela, o câncer é sim uma doença curável e as chances de cura cresceram muito ao longo dos anos com redução em mortalidade vista em vários estudos.
 
Como foi o convite para palestrar no congresso e sobre qual tema irá falar?
Fui convidada pela querida amiga, colega e profissional exemplar que tenho o privilégio de trabalhar em conjunto, a Dra. Príscila Bernardino, que está à frente desse excelente congresso já há 7 anos. Estarei como facilitadora de uma importantíssima mesa no congresso, que irá trazer os tumores masculinos como tema. Farei a apresentação dos renomados palestrantes e o direcionamento das perguntas ao final das apresentações. 
 
Evento como esse é importante para garantir que o norte-mineiro possa ter mais acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer?
O congresso de Oncologia, neste ano o 7º nacional e o 3º internacional, que já acontece há sete anos, garante à população norte mineira não só informações na área da oncologia, mas também conhecimento científico, tratamentos mais inovadores, promoção da saúde e prevenção do câncer e com foco em cuidado humanizado e saúde integral do paciente, melhorando a assistência como um todo e garantindo um melhor desfecho oncológico em sobrevida e com qualidade de vida aos nossos pacientes. 
 
Quais as principais novidades da radioterapia no que diz respeito à tecnologia, principalmente na área da oncologia?
A radioterapia vem evoluindo de maneira exponencial nos últimos anos. Estamos saindo de uma transição de tratamentos obsoletos, bidimensionais , com menos proteção radiobiológica para tratamentos cada vez mais individualizados, seguros e com alta tecnologia como radioterapia IMRT (radioterapia por intensidade modulada do feixe) capaz de entregar a dose da radiação de maneira bem precisa e conformada à área de interesse e diminuir a toxicidade aos tecidos adjacentes, VMAT (arcoterapia volumétrica modulada) garantindo uma entrega melhor da dose e reduzindo o tempo de exposição do paciente ao tratamento, permitindo tratar mais pacientes em menos tempo ; o sistema de verificação de imagem com CBCT (tomógrafo acoplado ao Acelerador Linear que permite realizar uma tomografia no momento exato do tratamento); radiocirurgia, entre outros. Além da questão da tecnologia, a radioterapia tem evoluído muito no tempo total de tratamento, com esquemas hipofracionados (reduzindo tempo total de tratamento e aumentando a dose diária garantindo os mesmos resultados que a radioterapia convencional e permitindo tratarmos um número maior de pacientes reduzindo filas e tempo longo após o diagnóstico para início do tratamento. No Hospital Dilson Godinho hoje contamos com todos esses tratamentos de radioterapia de última geração. 

Qual é a importância/papel da radioterapia no tratamento do câncer?
O câncer é uma doença multifatorial e o tratamento funciona através de um tripé multidisciplinar com clínicas que atuam ativamente como radioterapia, oncologia clínica e cirurgia oncológica. 70% dos pacientes oncológicos vão experienciar a radioterapia como modalidade de tratamento, que atua de maneira local ou loco-regional podendo ser empregada de maneira radical com finalidade de erradicar o tumor, de maneira adjuvante (complementar ao tratamento principal cirúrgico), neoadjuvante (anterior ao tratamento cirúrgico) e/ou paliativa com objetivo de controle de sinais e sintomas relacionados à doença avançada como, por exemplo: controle de sangramentos, dor, compressão de medula e insuficiência respiratória por compressão tumoral. 
 
Por que escolheu essa área da medicina?
Na verdade, a radioterapia me encantou desde o início da minha formação acadêmica, pois iniciei meu contato com a especialidade de maneira precoce, pois meu pai, Arlen Santiago, que é um excelente radio oncologista e que me serviu de inspiração e exemplo, me levava sempre para acompanhá-lo. Sempre vi um ambiente desafiador no âmbito da doença em si, mas, sobretudo do aspecto social e humano. E isso moveu o meu coração para entrar nessa missão que assumi no dia em que me formei: de curar quando possível, aliviar quando necessário e consolar sempre! Viver isso não tem preço, tem valor. São experiências únicas vividas com cada paciente e sua família. Ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. 

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