O uso da internet e a posse de celulares entre os idosos brasileiros têm registrado um crescimento significativo, refletindo uma tendência crescente de inclusão digital nessa faixa etária. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2022 e 2023, a adesão dos idosos à internet aumentou 3,9 pontos percentuais, alcançando 66% (22,5 milhões).
Apesar desse progresso, os idosos ainda apresentam índices de uso de internet e posse de celulares menores em comparação às faixas etárias mais jovens, indicando que ainda há espaço para ampliar essa inclusão digital. Em 2023, 23,2 milhões de brasileiros ainda não possuíam um celular, sendo a disparidade mais significativa entre os idosos e pessoas com menor escolaridade.
Maria de Fátima Ferreira, de 68 anos, enfermeira aposentada, usa a internet e o celular diariamente, passando cerca de três a quatro horas por dia. Ela percebeu um aumento significativo no tempo que passa online nos últimos anos. “Porque, para mim, a internet é uma fonte de conhecimento, notícias, entretenimento e até de memes, que ajudam a aliviar o estresse”, diz satisfeita. Maria acredita que o uso da internet e desses aplicativos ajuda a diminuir a solidão e afasta a depressão, especialmente para pessoas aposentadas. “Quando estou no celular, esqueço da vida e dos problemas”, afirma, recomendando o uso da tecnologia como uma maneira eficaz de manter a mente ocupada e o coração mais leve.
CUIDADOS NECESSÁRIOS
No entanto, para a psicóloga Ângela Fernanda Santiago Pinheiro, o aumento do uso da internet e do celular entre idosos no Brasil reflete a adaptação dos mais velhos às novas tecnologias, o que é positivo, mas requer cuidados. “Embora o celular ofereça vários benefícios, como acesso rápido a informações, bancos, Uber, delivery e contato com familiares, ele não deve substituir o contato físico e social, que é essencial para o bem-estar.” Ângela alerta que o uso excessivo do celular, sem interação social, pode agravar problemas como depressão e ansiedade, especialmente entre os idosos. “Recomendo um equilíbrio entre o uso da tecnologia e atividades que promovam a socialização, como encontros presenciais e atividades físicas, para manter a saúde mental e emocional dos idosos.”
“Durante a pandemia, vimos muitas pessoas adoecerem por manterem contato apenas através do meio digital. Os idosos, em particular, foram gravemente afetados, sofrendo de depressão e ansiedade. Somos seres sociais, precisamos de interação humana para nos mantermos saudáveis. Não pode servir como desculpa para os filhos dizerem, ‘posso falar com minha mãe a qualquer hora pelo celular’. O contato físico é insubstituível. O tom de voz, o toque, o abraço, o cheiro — nada disso pode ser substituído pela tecnologia”, pontua a psicóloga.
*Com informações da Agência Brasil