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Quinta-Feira,16 de Janeiro

Assassino de Breno executado em cima da laje: dez bandidos encapuzados se passam por policiais e matam Candinho

Jornal O Norte
Publicado em 28/03/2006 às 10:30.Atualizado em 15/11/2021 às 08:31.

Gissele Niza


Repórter


onorte@onorte.net



Era 05h30 da manhã de ontem, segunda-feira, quando dez homens começaram a disparar armas de fogo no portão da casa de José Cândido Cardoso da Silva, 22 anos, conhecido como Candinho. Encapuzados e armado com pistolas, os homens pularam o muro da residência de Candinho, localizada no Bairro Tancredo Neves, e logo se espalharam por toda a casa, alguns no telhado, outros no quintal e nos cômodos.



Segundo informações do serralheiro William Barcelos, 26 anos, os homens entraram na residência de Candinho efetuando vários disparos de arma de fogo contra o portão, a porta, e gritavam:



- Mãos na cabeça, é a polícia!



Segundos depois, os homens começaram a gritar:



- Ele não esta aqui, olhem em cima da laje.



Outro respondeu:



- Ele está em cima do telhado.



E um terceiro afirmou:



- Você já era!



O serralheiro informou ainda que, após a afirmação, foi iniciada uma seqüência de disparos, seguida da fuga dos assassinos.



William encontrou Candinho caído em cima do telhado, na posição decúbito ventral (de costas), com um tiro na cabeça, um na virilha e outro no braço esquerdo.



No local foram encontradas pelo perito Ildeu 25 cápsulas de pistola automática CBC 380 Auto e 8 projéteis.



SUSPEITOS



Segundo informações da polícia, durante rastreamento foram levantados os nomes de dois suspeitos conhecidos como Alemão e Bisson, que já tentaram contra a vida de Candinho na semana passada.



VINGANÇA



O delegado, Giovani Sierve, da delegacia de repressão aos crimes contra a pessoa, informou a O Norte que a morte de Candinho possivelmente foi por vingança:



- Candinho estava respondendo em liberdade pelo assassinato de Breno, ocorrido em janeiro passado. Ele se apresentou e foi ouvido, o inquérito foi concluído e encaminhado à justiça. Possivelmente ele foi assassinato pelos comparsas de Breno Diego Silva, que queriam vingar sua morte.



DESESPERO DO PAI



Em entrevista a O Norte, o pai de Candinho, o vigilante José Adão Cardoso da Silva, 61 anos, relatou os minutos de terror vividos na manhã de ontem:



- Assustamos com os tiros no portão, que logo se aproximaram quando a porta foi atingida. Eles gritaram que queriam meu filho e mandaram que eu colocasse as mãos na cabeça e ficasse no quarto. Só ouvia os homens gritando – aqui ele não está – e de repente gritaram radiantes: – Você já era – e iniciaram o disparo de mais de 20 tiros. Ouvi o último suspiro do meu filho quando estava no quarto, de olhos fechados, com as mãos na cabeça. Fiquei desesperado, mas não pude fazer nada.



SOFRIMENTO DA MÃE



A mãe de Candinho, Marlene Pereira da Silva, também relatou os momentos de sofrimento e angústia vivenciados nos últimos meses com as intensas ameaças ao filho.



- Há meses Candinho recebia ameaças, de quem não sei, mas ele estava jurado de morte. Sofri e estou sofrendo muito. É muita tristeza para uma mãe ver seu filho morrer em cima de um telhado, com vários tiros. Nos últimos tempos, ele estava mais calmo, tinha parado de mexer com coisas erradas. Estava mais dedicado à família, mais caseiro. Não tenho palavras para falar o que estou sentindo, infelizmente, a dor que me apertava há alguns meses acabou em tragédia.



Ao ouvir os primeiros disparos efetuados pelos bandidos, ainda no portão, Marlene diz que conseguiu fugir pelos fundos de sua residência, passando debaixo de uma cerca e, de longe, ouviu os tiros que tiraram a vida de seu filho.



FOGUETÓRIO NO VELÓRIO



O velório de José Cândido, que aconteceu no Salão dos Vicentinos do Bairro Renascença, foi mais curto do que a família esperava. Segundo a irmã de Candinho, Ivanete de Jesus Cardoso Soares, o enterro foi antecipado devido ao medo e ameaças feitas pelos bandidos:



- Durante o velório foram disparados vários foguetes nas proximidades do Salão dos Vicentinos. Temendo que algo pior acontecesse com o anoitecer, solicitamos a presença da polícia e antecipamos o enterro. Todos os familiares e amigos que prestavam a última homenagem a Candinho ficaram com muito medo dos bandidos voltarem ao local e, em decisão conjunta, anteciparam sua partida.



ANTECEDENTES



Segundo informações da polícia militar, José Cândido tem seis passagens pelos meios policiais por crimes contra a pessoa, uso de entorpecentes e crime contra o patrimônio.



Na 8ª Delegacia regional de polícia civil não havia nenhuma passagem registrada, com exceção do assassinato de Breno, ocorrido em 10 de janeiro deste ano.



Na residência de Candinho, os familiares se assustaram quando foram informados de que na PC não havia antecedentes contra a vítima.



ASSASSINATO DE BRENO



José Cândido, Candinho, matou Breno Diego Santos Silva, 20 anos, com doze passagens pelos meios policiais, por volta das 18 horas do dia 10 de janeiro deste ano, no Renascença, com dois tiros nas costas.



De acordo com o delegado Giovani Sierve, Breno, conhecido nos meios policiais, era suspeito de autoria de mais de 10 homicídios.

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