Gissele Niza


Repórter


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Preso na manhã de ontem pela polícia civil de Montes Claros, Marcos Mursa Cardoso Júnior, 20 anos, conhecido com 'Júnior Moto-taxista', falou à reportagem de O Norte e confessou a autoria do assassinato de Elton José Cardoso, 43 anos, que chocou os moradores do bairro Morrinhos.

Marcos Mursa Cardoso Júnior confessou ter matado seu parceiro, Elton José Cardoso


(foto: Gissele Niza)

O assassinato aconteceu na madrugada de ontem, quando Marcos asfixiou Elton com uma corda amarela, parecendo de nylon que estava no quarto. 

O corpo de Elton, que morava sozinho, foi localizado por sua irmã sendo que em volta do pescoço havia marcas de estrangulamento.

No local, os policiais civis foram informados de que Elton tinha um caso amoroso com Marcos que trabalhava em um moto-táxi na avenida dos Militares no Bairro Santa Rita.

Já na casa de Marcos, localizada na rua Duque de Caxias do bairro Santa Rita, os policiais foram informados de que o acusado teria chegado em casa por volta das 6h20min e dormido até as 9 horas. O que segundo seu irmão não era normal.

No intervalo de tempo que os policiais ouviram o irmão de Marcos e montaram campana próximo a sua casas, o acusado teria retornado ao local do crime e questionado aos vizinhos o que tinha acontecido.

Quando retornou em uma moto Titan de cor azul, Marcos foi abordado pelos policiais e inicialmente negou conhecer a Elton, mas diante das informações de testemunhas e parentes da vítima o acusado confessou o envolvimento amoroso e o assassinato sob alegação de que estava sofrendo ameaças do amante.

Marcos foi preso e encaminhado à delegacia de repressão aos crimes contra pessoa, onde foi autuado em flagrante por homicídio qualificado pelo delegado Saulo Nogueira. Se condenado Marcos pode pegar de 12 a 30 anos de cadeia.

A corda utilizada para asfixiar Elton também foi localizada pelos policiais civis após denúncia anônima de que o acusado teria jogado alguns objetos em um bueiro na rua de sua casa. Além da arma do crime foram encontrados também um celular da marca Nokia 1520, uma folha de cheque no valor de R$ 875 do banco Itaú, outra no valor de R$ 130 do banco HSBC e outras duas folhas em branco de propriedade de Elton.

CONFISSÃO

Em entrevista a O Norte na tarde de ontem, Marcos  contou sobre seu envolvimento amoroso com Elton iniciado há 3 anos, apesar de ter uma namorada, acrecentou detalhes da execução:

- Cheguei na casa dele (Elton) para conversar, falar que não queria mais ficar com ele porque não dava mais. Queria voltar à minha vida normal. Ele começou alterar a voz e me agredir verbalmente falando que ia fazer uma loucura, contar para todo mundo do nosso relacionamento. Tentei acalmá-lo falando que queria ficar com minha namorada. Ele ficou muito nervoso e começou apertar meu pescoço gritando que se eu não ficasse com ele não ficaria com mais ninguém; que iria contar tudo para minha família e fazer um inferno em minha vida.

Neste momento tentei tirar ele de cima de mim, mas caímos no sofá e começamos a lutar. Foi quando achei a corda e comecei a apertar o pescoço dele tentando acalmá-lo, falando para ele parar e conversarmos. Aos poucos percebi que ele estava mole e como já tinha conseguido me livrar dele fui embora. Eu pensei que ele pudesse estar desmaiado, mas para não ter dúvidas peguei a corda, enrolei em uma blusa e joguei fora.

MORREU POR AMOR 

Marcos disse ainda que conheceu Elton em um bar há três anos quando começaram se envolver e que não considerava ele como namorado apenas como ficante.

- Para mim ele era um ficante. Ele que achava que éramos namorados. Ele morreu por amor, estava apaixonado e não aceitava a separação, mas eu não queria mais. Se ele tivesse mais força que eu teria me matado. Ele preferiu morrer do que ficar sem mim ou então infernizar minha vida. Hoje de manhã voltei lá para saber o que tinha acontecido, mas logo depois a polícia civil me prendeu.

O advogado de Marcos, Ricardo Quaresma, disse que seu cliente matou em legítima defesa.

LATROCÍNIO

O delegado Saulo Nogueira informou a O Norte que Marcos também está sendo investigado pelo crime de latrocínio, matar para roubar, pois a assinatura de uma das folhas de cheques encontradas no bueiro apresenta indícios de falsificação ou de que a Elton teria sido forçado a assinar.

- Eu não peguei nenhum cheque só fui ver quando joguei a corda no bueiro.

REVOLTA

A morte com requintes de crueldade de Elton que segundo informações de vizinhos trabalhava no Hemominas de Montes Claros, era voluntário do Grupo de Apoio a Prevenção e aos Portadores de Aids (Grappa) além de ser proprietário de uma vídeo locadora, chocou populares e conhecidos que também informaram que a vítima era calma, serena e estava sempre a disposição para ajudar o próximo.

Uma dona de casa vizinha de Elton informou a O Norte que nunca ouviu falar que a vítima era de confusão.

- Muito pelo contrário, apesar de não conversarmos sempre ele não demonstrava ser uma pessoa violenta ou que arrumasse confusão. Estamos revoltados com o que aconteceu, a justiça agora deve ser feita e o culpado punido – disse a dona de casa.

Um colega de Elton, que pediu para não ser identificado, desabafou dizendo que eles se amavam e que  não entendeu o que aconteceu.

EQUIPE

Participaram das investigações e da prisão de Marcos os policiais civis: Capeu, André Guida, Ataíde e Farlei, comandados pelo inspetor da delegacia de repressão aos crimes contra pessoa, Paulo Roberto.