Abril é um mês de dupla comemoração para os leitores mirins. Desde o ano de 1967, o dia 2 de abril é a data escolhida para celebrar o Dia Internacional do Livro Infantil. Essa data remete ao nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, reconhecido como um dos maiores nomes da literatura infantil.
Anualmente, um país é escolhido para patrocinar a comemoração. Ao ser selecionado como patrocinador, o país nomeia um autor proeminente para escrever a mensagem e escolhe um tema a ser explorado. O Brasil participou duas vezes. Na primeira, em 2003, a autora escolhida foi a escritora Ana Maria Machado, abordando o tema “O mundo em uma rede encantada”. Já em 2016, foi a vez da escritora Luciana Sandroni, com o tema “Era uma vez”. Nessa ocasião, o cartunista e escritor Ziraldo, conhecido por obras como “O Menino Maluquinho”, foi responsável pelo pôster ilustrativo do evento.
Mesmo participando do evento mundial, o Brasil não ficou atrás e criou uma data específica para a comemoração em território nacional. O Dia Nacional do Livro Infantil é comemorado todo dia 18 de abril, desde o ano de 2002, instituído pela Lei Nº 10.402, de 8 de janeiro daquele ano. A data homenageia o escritor Monteiro Lobato, nascido em 18 de abril de 1882 e que tem como obra mais famosa “O Sítio do Pica Pau Amarelo”, livro que se transformou em programa de televisão e arrebatou milhares de fãs. Lobato é considerado o pai da literatura infantil no país.
ESTIMULAR PARA DESENVOLVER
A engenheira eletricista Bruna Fialho, mãe de Melissa e Mariana, com seis e dois anos, respectivamente, faz questão de inserir a leitura no cotidiano das filhas. “Melissa lê em média um livro a cada dois dias. Depois, ela escreve o que entendeu. É uma metodologia que estabeleci com ela. A leitura abre campos para a imaginação, desenvolve e estimula a criatividade”, conta Bruna que acha importante estender o hábito para além da escola. Enquanto a mais nova ainda não lê, ela adquire livros com muitas gravuras. “Mariana já demonstra interesse, gosta muito das gravuras e texturas dos livros. Não fui estimulada quando mais nova e sofri muito. Mas, hoje, eu também sou uma leitora assídua. Isso me desenvolveu muito. Nunca é tarde para começar”, diz.
A psicóloga Leila Silveira alerta que as datas são relevantes e especiais para que os pais, cuidadores e professores possam refletir, buscar estratégias e criar futuros leitores. Uma dessas estratégias, que pode ser aplicada na escola, é a utilização do mesmo livro ao longo de um semestre.
“Aquela história lida, relida, contada, representada, desenhada, vivenciada, das mais diversas formas, para que a criança vá internalizando a importância, a satisfação e o prazer daquilo. Então os adultos também precisam estar disponíveis para esse processo de repetição”, sugere.
A psicóloga ressalta que antes mesmo da escola, a partir de um ano de idade, o hábito já pode ser assimilado com a criança ouvindo historinhas curtas e repetidas.
TECNOLOGIA
Questionada sobre o papel da tecnologia e seus impactos no processo de aprendizado, a psicóloga ressalta que os livros impressos, com suas texturas e páginas dobráveis, têm um lugar especial na memória afetiva daqueles que iniciaram sua jornada de leitura por meio deles. No entanto, “os pais podem encontrar sites que pontuam a leitura. Ler no livro virtual é perfeitamente possível. A leitura em si não precisa ser somente no impresso. Mas os pais têm que dar o exemplo, pois eles têm lido pouco”, completa Silveira.