Impactos da chikungunya

Sequelas da doença afetam economia e sobrecarregam a saúde em MOC

Márcia Vieira
Publicado em 16/02/2023 às 22:05.
 (ARQUIVO PESSOAL)

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O surto de chikungunya em Montes Claros e região envolve desde a alta demanda no sistema de saúde à exclusão no mercado de trabalho. Pessoas que passaram pela doença ainda convivem com as sequelas. 

O empresário Leandro Azevedo teve chikungunya em 2022 e até hoje inclui, na rotina, uma medicação variada para possibilitar a locomoção. 

“O médico disse que para ter uma boa recuperação levaria até seis meses, mas que em algumas pessoas pode levar de um a dois anos para recuperar. Tive ínguas no corpo, atualmente sinto muita dor na lombar e nas articulações. Tomo uma enorme quantidade de remédios para conseguir trabalhar”, relata o empresário, que ficou um mês afastado do serviço.

Barbara Larissa Cardoso, funcionária de uma loja em um shopping da cidade, também ficou afastada do serviço ao ser surpreendida com o diagnóstico. 

“Eu, minha mãe e minha filha nunca deixamos de usar repelente. E, mesmo assim, eu fui picada. Infelizmente, estou de atestado e justamente nesse período de movimento, que antecede o carnaval. Minhas pernas e pés estão inchados, minha boca estourada com afta e ainda sinto muita dor”, lamenta. 

A dona de casa, H. C. R., que não quis se identificar, conta que em um dia de 2022, cerca de seis meses atrás, ao acordar não conseguiu colocar os pés no chão, as pernas travaram e era uma dor diferente de todas que já havia sentido. Naquele dia, havia conseguido um serviço por um período determinado e não pode cumprir.

“Meu filho me carregou no colo. Não tinha condição de entrar no carro para ir ao hospital. Tive febre, calafrios, dor de cabeça. E o mais insuportável era a dor nas pernas. Fui à UPA, fizeram hemograma, que acusou queda nas plaquetas. Tomei soro com medicamentos. Agora, sofro de dor nas articulações e quase nada consigo fazer. Dependo de ajuda até para trocar de roupa e impossibilitada de buscar emprego”, relata. 
 
SAÚDE E ECONOMIA
Para o economista, Aroldo Rodrigues, saúde e economia estão interligados e todos os lados ficam prejudicados. 

“O primeiro ponto é o estrangulamento do sistema de saúde com demandas que poderiam ser evitadas, ou seja, pessoas que poderiam não estar ali se houvesse a prevenção. Isso tira recursos e tira vagas de pessoas com situação mais grave, que não podem ser prevenidas. Do ponto de vista econômico, essa quantidade de pessoas afastada do trabalho reduz a produção. Menos gente trabalhando, menor produção econômica e, como consequência, isso faz com que empresas, estado e município tenham custo mais elevado. Com pessoas fora do mercado de trabalho, há redução na atividade econômica do município”, explica. 
 
CUIDADOS NECESSÁRIOS
“O mais importante com relação a chikungunya, zika ou dengue sempre será a prevenção dessas doenças”, diz a infectologista Lorenna Silveira, que recomenda muita atenção àquilo que é possível de se fazer.

“Reforçamos continuamente sobre a importância de cuidar de casas e lotes para que não haja água parada, a fim de evitar a proliferação do mosquito. Este é o principal cuidado. Não existe terapia específica no tratamento da chikungunya. A vacina ainda está em desenvolvimento. O tratamento é de suporte e inclui descanso, inflamatórios e analgésicos”, ressalta a médica.

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