Montes-clarenses relatam dificuldades em conseguir remédios e agendar cirurgias
Maria Nice Gonçalves: dores insuportáveis e cirurgia negada pela Secretaria Municipal de Saúde (Arquivo pessoal)
A Secretaria de Saúde de Montes Claros continua a ser alvo de críticas por parte dos moradores da cidade. Relatos recentes destacam problemas no acesso a medicamentos nos postos de saúde, com alguns casos de escassez que já ultrapassam seis meses. Adicionalmente, há também dificuldades relatadas na obtenção de agendamentos para cirurgias no município.
A família de um jovem da Vila Oliveira solicitou publicamente auxílio para garantir a continuidade do tratamento medicamentoso do paciente. Na quarta-feira passada, um pedido de ajuda foi divulgado nas redes sociais, acompanhado de um número de telefone e uma chave Pix para quem desejar contribuir financeiramente. A família relata que o custo do medicamento é inacessível para eles.
“O Biperideno já tem um mês que não tem, porque o posto não entrega. Meu filho me emprestou R$ 50 para comprar uma caixa e não achei. Quando coloquei nas redes sociais, o posto de saúde me ligou e hoje vou lá buscar”, disse Gilmara Rodrigues, que, além do Biperideno, precisa de outro medicamento chamado Cinetol. Segundo disse, o filho Lucas não pode ficar sem a medicação, por ter convulsões. “Ele fica muito agressivo, quebra as coisas em casa, tudo por falta do remédio”, contou.
SEM CIRURGIA
Maria Nice Gonçalves, residente no bairro José Corrêa Machado, precisa de uma cirurgia e prótese no fêmur. Ela tem a indicação de um ortopedista para se submeter ao procedimento de artroplastia total de quadril, que consiste na colocação de uma prótese que substitui o osso gasto. Ela está com desgaste, necrose e sente muitas dores. “Já não consigo andar sem muletas, não posso me abaixar e até entrar em um carro está difícil. Enfrento muitas limitações”, relata. O valor da cirurgia pode chegar a R$ 50 mil. Nice está tentando conseguir o recurso por meio de vaquinha. “Vai demorar chegar ao valor e a doença não espera. Junto a isso, estou vivendo o luto pela perda do meu filho e tomo remédios para depressão. Não está fácil viver com essas dores, tanto na alma quanto externas. Se puderem me ajudar, serei eternamente grata”, pede Nice, que chegou a procurar a Secretaria Municipal de Saúde mais de uma vez e teve negada a cirurgia, embora o procedimento seja garantido pelo SUS.
A resposta da secretaria para a paciente é que, “diante da manifestação apresentada, a paciente encontra-se em fila de espera para atendimento da consulta W. De mais a mais, informamos que atualmente nenhum dos prestadores hospitalares credenciados no SUS tem ofertado agenda para realização do procedimento solicitado de forma eletiva, o que impede o agendamento regular da paciente. A Secretaria Municipal de Saúde continua em trabalho constante com o fito de preencher os vazios assistenciais do SUS”.
SEM CONSULTA
Há uma semana, O NORTE trouxe o caso de uma paciente, que tem recebido encaminhamentos do posto de saúde para um tratamento odontológico que não está se efetivando, entretanto, aparece no sistema como se houvesse acontecido. Nesta quinta-feira (3), ela entrou novamente em contato com a reportagem para atualizar sobre o ocorrido. Mesmo tendo buscado o posto de saúde e reiterado o pedido, declarando a urgência da situação, nada aconteceu. “Preciso dos exames e laudo para fazer o tratamento. Não adianta me dar encaminhamento e não fazer o serviço. Já tentei de todas as maneiras e não recebo sequer a informação sobre em que lugar da fila estou. Eles não me dão retorno”, disse.
Contatada pela equipe de reportagem, a secretaria não forneceu respostas aos questionamentos apresentados até o encerramento da edição.