Pediatras são favoráveis à medida que impedirá propaganda dos ultraprocessados
Maria Fernanda acredita que antes de proibir é preciso conscientizar a sociedade (LARISSA DURÃES)
Os deputados federais, através do Projeto de Lei (PL) 2.922/2023 querem proibir a propaganda de alimentos ultraprocessados em qualquer plataforma de mídia dirigida a crianças. O objetivo é impedir que esse público seja induzido ao consumo desses produtos. O PL prevê como punição a quem desrespeitar a determinação, se esta for transformada em lei, suspensão da veiculação, multa ou a obrigatoriedade de a empresa ter que fazer uma contrapropaganda. Além disso, o projeto traz ainda penalidades para quem vender ou até mesmo entregar gratuitamente qualquer produto ultraprocessado a menores de três anos, que conclui inclusive prisão.
A possibilidade de o Projeto ser aprovado deixou animada a pediatra Cindy Rodrigues, já que segundo ela, no início da vida o ideal é que os alimentos sejam os mais naturais possíveis. “Concordo plenamente com essa medida que está sendo tomada e, já ansiava por isso, que é um desejo da classe pediatra. Nós (pediatras) entendemos a importância da alimentação saudável na infância e não recomendamos os processados e os ultraprocessados para nenhuma criança, muito menos para menores de três anos”, ressalta.
Um dos principais vilões, de acordo com a pediatra, são os açúcares, que para ela, mesmo sendo permitido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pelo Ministério da Saúde (MS), a partir dos dois anos, não é recomendado já que a criança que tem contato precoce com alimentos ricos em açucares, geralmente deixa de comer o que é saudável. O recomendado alerta, é introduzir alimentos “menos” saudáveis quando o paladar da criança já estiver definido “É desleal para o paladar ter que comparar uma cenoura com um pirulito”.
Mas manter a alimentação saudável dos pequenos, nunca é fácil. É o que afirma a Consultora de Imagem e mãe da Alice, de 3 anos e meio, Maria Fernanda Ruas. “Com ela na escola essa tarefa ficou um pouco mais complicada, pois vê colegas tomando leite com achocolatado de caixinha, bolacha e aí, ficou difícil deixar de dar. Eu tento evitar, mas ela já escolhe aquilo que quer comer”, desabafa.
Ruas enfatiza ainda, que não basta uma lei que proíba propagandas de ultraprocessados. “Uma lei assim, sem projetos paralelos que conscientizem os pais e os cuidadores não vai mudar muita coisa nos hábitos alimentares ou na saúde das crianças”, acredita.
A nutricionista Virginia Soares concorda com a mãe de Alice e vai além, “A criança que até os seis anos possui uma alimentação desregrada, a chance de ser um adulto obeso, com doenças crônicas, com diabete é de 89%.”, alerta a nutricionista.
Acesso ao Projeto: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=236708