
Na última quinta-feira (18), um documento elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Nefrologia e pela Sociedade Brasileira de Hipertensão, validou as novas diretrizes médicas referentes à pressão arterial. O valor de 12/8, antes considerado o ideal, agora representa um sinal de alerta e é um indicativo de pré-hipertensão ou pressão elevada.
O gerente de processos, Bruno Barbosa, foi surpreendido com a notícia. A pressão em torno de 12/8 ele consegue manter à custa de uma alta carga de medicação. Apesar disso, ele pensa que talvez não seja tão preocupante, já que faz acompanhamento rotineiro com um cardiologista. “Minha pressão começou a subir há cerca de dez anos e não parou, mesmo com remédios. O resultado foi um infarto. Agora, tomo oito comprimidos pela manhã e oito à noite, para manter esse índice. Sem os remédios, minha pressão chegou a 25/20”, conta. Ele revela ainda que a única coisa que não conseguiu mudar foi em relação à atividade física, que realmente tem dificuldade para praticar. “Mas a alimentação eu mudei muito desde que soube que era hipertenso”.
Segundo o cardiologista do Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro da Silveira (HCMR) e Clínica Assistir, Alcio Antunes Amariz, os estudos apontam para um risco cardiovascular maior para pressão 12/8 até 13/8, em comparação com quem tem uma pressão abaixo desse número. A reclassificação está em consonância com as diretrizes internacionais, europeias e norte-americanas, que já têm um padrão semelhante. “Mas isso não significa que a gente vá medicar esse paciente com pressão 12/8. O principal objetivo da reclassificação é focar nas medidas não farmacológicas e na orientação ao paciente sobre algumas necessidades”, diz o profissional.
Essas medidas, conforme o médico, incluem a adoção de comportamentos que levem a um estilo de vida mais saudável. “Fazer uma atividade física, perder peso, cessar o tabagismo, ter uma alimentação saudável e diminuir o sódio na alimentação, especialmente quando se trata de alimentos industrializados que, em geral, têm muito sódio”, explica Alcio, ressaltando que a reclassificação chega para auxiliar o paciente a ter metas e objetivos melhores.
“Para aqueles que já fazem uso de medicação, a gente vai trabalhar com a meta pressórica abaixo de 13/8. Todos os pacientes que estão em tratamento têm uma meta pressórica e vamos ser mais rigorosos nisso”, complementa.
