Pacientes com HIV sofrem também com depressão

O estudo foi feito com 226 pessoas que possuem HIV/AIDS

Christine Antonini
25/01/2019 às 07:27.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:12
 (DIVULGAÇÃO)

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Pesquisa desenvolvida pelo professor Antônio Carlos Ferreira, do Departamento de Saúde Mental e Saúde Coletiva da Unimontes, revela alta incidência de depressão entre soropositivos em Montes Claros.

O estudo intitulado “Determinantes de Qualidade de Vida para Pessoas vivendo com HIV/Aids em uma das Regiões mais Pobres do Brasil” – foi realizado com 226 pacientes adultos e escolhidos aleatoriamente. Do grupo, 90% iniciou tratamento antirretroviral em 2013 e 2014.

Nada menos do que 43,7% dos pacientes apresentavam sintomas de depressão. Fatores como desemprego e baixa renda interferem diretamente na qualidade de vida dos soropositivos. Entre os portadores do HIV entrevistados, 56,3% vivem com renda inferior ao salário mínimo, apontou a sondagem.

O professor pesquisador, que também é psicólogo, trabalha com pessoas soropositivas desde 1999 e para uma dissertação de mestrado resolveu mostrar a qualidade de vida desses pacientes atualmente.

“Independentemente de a pessoa ter ou não HIV, dificilmente conseguimos localizar uma causa isolada para a depressão. No nosso estudo, o que pudemos observar é que algumas condições socioeconômicas, tais como a falta de emprego, a baixa renda e o pertencimento a classes sociais mais baixas contribuem para uma pior a qualidade de vida dessas pessoas”, explica Antônio Ferreira, doutor em Ciência da Saúde – Infectologia e Medicina Tropical também pela UFMG.
 
PRECÁRIO
Em Montes Claros não há acompanhamento sistemático para o paciente deprimido. O Centro de Referência e Doenças Infecciosas (Cerdi), serviço municipal que trata pessoas com HIV/Aids, tem psicólogos, mas não garante assistência específica. Segundo Ferreira, o principal motivo para falta de assistência aos soropositivos com depressão é principalmente porque nem sempre o paciente deprimido é diagnosticado como tal e, muitas vezes, não busca ajuda adequada.

“O paciente com transtornos de ansiedade, sobretudo, aqueles recém-diagnosticados ou que precisam revelar seu diagnóstico ao parceiro ou parceira, esses sim procuram atendimento psicológico com mais frequência e, sempre que procuram são atendidos pelas psicólogas desse serviço. Outro problema é que se esses pacientes atendidos pela psicologia, quando necessitam de medicação psiquiátrica não encontram fluxo normal para esse tipo de consulta com esse especialista”, explica Ferreira.
 
PESQUISA
Durante a pesquisa, foram entrevistados pacientes soropositivos do Norte de Minas atendidos pelo serviço especializado do HU. Também foram ouvidos portadores de HIV/Aids atendidos por serviço especializado da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros e que funciona em uma das unidades de saúde da cidade. O grupo de mulheres é o mais vulnerável, diz o pesquisador.

“Quando ela descobre ser portadora do HIV dificilmente consegue um companheiro ao revelar que tem o vírus. Um homem consegue uma parceira muito mais facilmente na mesma situação. É comum que um homem abandone uma mulher com HIV, mas é mais raro que uma mulher abandone um homem soropositivo, seja ela portadora ou não do vírus”, observou Antônio Carlos Ferreira.


 

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