Walquiria Rodrigues dos santos, 42, auxiliar de serviços gerais, descobriu o diagnóstico em agosto de 2022, sentindo o volume na mama com o toque (Larissa Durães)
À medida que o mês de outubro se inicia, o mundo se pinta de rosa para dar voz a uma causa de extrema importância: o combate ao câncer de mama. O ‘Outubro Rosa’ é um movimento global que une comunidades, organizações de saúde e indivíduos em uma jornada de conscientização sobre essa doença que afeta milhões de mulheres em todo o planeta. Em 2022, foi a causa de 77.014 internações em todos os municípios do Brasil, segundo dados do SIH/DATASUS disponíveis no Observatório da Atenção Primária à Saúde (APS).
Walquiria Rodrigues dos Santos, 42 anos, auxiliar de serviços gerais, descobriu o diagnóstico em agosto de 2022, sentindo o volume na mama com o toque. “Daí, fomos fazendo exames e mais exames até encaminhar para biópsia e dar positivo”, conta. Para ela, ouvir o médico dizer: “você está com um probleminha e é câncer” foi algo aterrorizante.
Por isso, Walquiria explica que é importante a prevenção. “Aos 40 anos fui fazer uma mamografia de rotina, e fui contemplada”, explica. Para ela, que faz todos os anos a mamografia, apesar do baque, o tratamento está respondendo bem, “exatamente porque peguei a doença no começo.” Na primeira medida para a ultrassonografia para biopsia, que ocorreu em setembro, o tumor que estava nela media 4,5cm e, em menos de dois meses, quando recebeu o diagnóstico do médico no dia 1º de novembro, o tumor já estava com 7,6 centímetros. “Então, ele estava crescendo rapidamente, bem agressivo, tanto que no fim de novembro já estava 9,8 cm. O que me salvou foi o hábito da rotina”.
Para a presidente da Associação Presente, a médica oncologista Príscila Miranda, é necessário bater na tecla da conscientização e dar importância de buscar ajuda médica e conhecer o próprio corpo. “Buscar mudança de estilo de vida para se viver melhor e viver mais, que é tudo o que a gente quer. Então, o ‘Outubro Rosa’ é muito importante para nós mulheres”, diz convicta.
Para a médica, o câncer de mama é uma questão de saúde pública, “pois, representa 25% de todos os cânceres da mulher. Se parar para pensar quase 70 mil novos casos serão diagnosticados até o final desse ano”, informa.
DIAGNÓSTICO PRECOCE
A médica diz ser importante lembrar que o câncer de mama é curável. Mas, para isso, quanto mais cedo se fizer o diagnóstico precoce, melhor. “E o diagnóstico precoce não se faz pelo alto exame, ele se faz pelo rastreamento que é a mamografia”, explica. “Muitas vezes, as mulheres acham que apalpar a própria mama e não encontrar nada, é porque não tem nada. Rastreamento significa poder descobrir aquilo que não se palpa e não enxerga. Por isso que a mamografia é insubstituível, e salvou a vida e continuará salvando de 30% de nós mulheres no mundo inteiro, porque fazemos mamografia anualmente”, destaca.
Existe um tipo de mulher mais propensa a ter cânceres de mama, como explica a doutora. “As mulheres que já tiveram história de câncer de mama na família, como na mãe, irmã, aumenta a sua possibilidade. E também os casos de mulheres que tem, por exemplo, praticado o sedentarismo, que fumam, que bem, que fazem uso de terapia de reposição hormonal, anticoncepcional. Mas é claro que o câncer é multifatorial, mas esses fatores aumentam a nossa predisposição”, completa.
NÚMEROS
Mulheres a partir dos 50 anos têm mais risco de desenvolver o tumor na mama, apontam os dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH-Datasus). Essas faixas etárias representaram a maioria dos casos de hospitalização em 2022: 20.166 internações entre 45 e 54 anos; 20.394 internações entre 55 e 64 anos; 20.049 internações acima de 65 anos.
Segundo Instituto Nacional do Câncer (INCA), a neoplasia de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina no Brasil. Foram 18.139 óbitos em todos os municípios do país em 2021, segundo o SIM/DATASUS. Mais uma vez, o destaque é a população acima de 65 anos: aproximadamente 45% do total.
Luciana Boaventura, de 40 anos, que há um ano foi diagnosticada com câncer de mama, diz que “falar que é fácil, não é, mas existe muita vida durante e pós o câncer”. Ela conta que descobriu com o autocuidado, e foi logo procurar ajuda médica para saber o que era “aquilo”. “Então, a importância da gente conhecer o nosso corpo e do nosso autocuidado e procurar ajuda sem medo, enfrentando, porque a gente está em busca de vida. Um diagnóstico precoce salva-vidas e hoje estou aqui, a prova viva, depois de um ano de químio, cirurgia e radioterapia, estou finalizando o tratamento com a honra e gloria de Deus”, diz confiante.