(FOTOS UFLA/DIVULGAÇÃO)
Pesquisadores mineiros identificaram um novo polinizador da castanha-do-pará. Uma abelha que, até então, não tinha relação com a transferência de grãos que resulta na formação dos frutos. A descoberta abre portas para o cultivo da árvore em outros locais, fora do habitat natural, a Amazônia.
O trabalho é desenvolvido pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), no Sul de Minas, que possui um plantio experimental, com mudas produzidas a partir de sementes coletadas em Mato Grosso. O estudo buscou identificar os primeiros registros de insetos visitantes.
“A flor da castanheira possui um capuz que cobre a estrutura de reprodução, e, para ser polinizada, ela precisa de um agente polinizador maior”, explica a engenheira florestal e agrônoma Clarissa de Moraes Sousa, que conduziu o trabalho no doutorado em Ciências Florestais.
Para a pesquisa com a castanha-do-pará na Ufla, os professores instalaram uma plataforma de 18 metros de altura para observar e fotografar os insetos. Coletaram amostras para identificação das espécies com a ajuda de especialistas do Departamento de Entomologia e do Laboratório de Bionomia, Biogeografia e Sistemática de Inseto da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Foram identificadas três espécies consideradas apenas visitantes florais e duas já conhecidas como polinizadoras. Já a Centris lutea, ainda não havia sido percebida.
“Ter esses insetos é a garantia de que teremos os frutos da castanheira, já que ela é altamente dependente dessas abelhas. Nas áreas em que forem implantar o cultivo dessa árvore é necessário verificar se há a existência dessas abelhas, que também polinizam outras espécies, ou atraí-las com outras frutíferas, como o maracujá e a acerola”, afirma Clarissa.
OUTROS ESTUDOS
O plantio experimental da castanha-do-pará na Ufla foi realizado em janeiro de 1996 e levou 20 anos até a frutificação.
De acordo com o professor Lucas Amaral de Melo, a literatura dizia que seria impossível a castanheira dar frutos fora da região amazônica.
“Isso abre uma grande possibilidade para o cultivo e, além disso, podemos observar outros aspectos fenológicos das folhas, flores, frutos”.
Dados preliminares mostram que o comportamento da espécie por aqui é similar ao que ocorre na região de origem.
“Do ponto de vista da produção comercial é interessante, pois permite produzir frutos durante a entressafra da região amazônica e, consequentemente, disponibilizar mais amêndoas durante maior parte do ano, com um retorno econômico melhor”.
*Com informações do Portal da Ciência Ufla