
As orientações dadas pelas autoridades de saúde incluem, além da constante higienização das mãos e etiqueta ao tossir ou espirrar, evitar aglomerações. Isso, inclusive, tem motivado a adoção de medidas preventivas pelos órgãos públicos e privados, como mostramos na página anterior, com aulas e eventos suspensos.
Mas, para o produtor de beleza montes-clarense Felipe Espíndola, que voltou da Itália há quatro dias e está isolado em casa, o que se percebe é que o brasileiro tem uma consciência muito tímida com relação a esse tipo de situação. Apesar da correria para compra de álcool em gel e máscara, Felipe destaca que, na volta ao país, observou praias e bares lotados.
“Acho que o brasileiro ainda não tem consciência do que está acontecendo. As pessoas acham que estão blindadas com o uso da máscara. Apesar de não se falar em outra coisa no mundo, as pessoas não se tocaram”, afirma Felipe.
Ele conta que foi montada toda uma estratégia para voltar ao país. “Não tenho nenhum sintoma, mas estou seguindo o protocolo, porque estive em lugares críticos da Europa. Tenho uma equipe de médicos me orientando e a minha chegada foi programada. Minha mãe deixou a casa antes e abasteceu o local com suprimentos para que eu permanecesse em isolamento. Não tive contato com ninguém, exceto com o motorista do aplicativo. Mas tive o cuidado de me sentar atrás, avisei ao motorista e abri os vidros do carro, por precaução. O melhor a se fazer é a reclusão”, relata Felipe.
O montes-clarense antecipou a volta ao Brasil depois de assistir de perto a situação dramática na Europa. “Foi uma situação bem complicada. Fiquei na Itália por 15 dias e fui para Portugal na esperança de que as coisas ficassem melhores. Mas o retrato do desespero para mim foi quando desembarquei em Madri (Espanha). Um dos maiores aeroportos do mundo, em que você caminha cerca de 40 minutos para chegar ao portão de embarque, estava completamente vazio. Bateu o desespero e eu pedi para trocar a minha passagem e resolvi voltar ao Brasil”, conta.
Felipe diz que muita gente não conseguiu trocar o bilhete porque as companhias não estão fazendo trocas sem cobrar. “Está cara e a demanda alta. Meu voo de volta foi normal, não houve nenhum procedimento específico. Não houve teste, pergunta e nem uso de máscara. Nos voos dentro da Europa existia um controle muito grande, mediam temperatura e faziam questionamento. Mas nos voos com destino ao Brasil, nenhuma dificuldade, nenhuma barreira”, declarou o produtor, que deverá ficar em isolamento por sete dias.