Ato de esperança

Ministério da Saúde reconhece MOC como grande centro de transplantes

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 23/09/2024 às 19:00.
À esquerda está Cléa Márcia Drummond, transplantada há 19 anos na Santa Casa, que vê a doação como sinônimo de vida. À direita, sua irmã Joyce Mary Drumond Lemos Teixeira, que foi a doadora (arquivo pessoal)

À esquerda está Cléa Márcia Drummond, transplantada há 19 anos na Santa Casa, que vê a doação como sinônimo de vida. À direita, sua irmã Joyce Mary Drumond Lemos Teixeira, que foi a doadora (arquivo pessoal)

A campanha Setembro Verde destaca a importância da doação de órgãos, impulsionada pelos 1.459 transplantes realizados em Minas Gerais em 2024, um número que superou os do mesmo período do ano anterior. No Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, reforça-se a importância das campanhas de conscientização, que têm o potencial de salvar até cinco vidas com uma única doação. Embora cerca de 160 transplantes sejam realizados mensalmente no estado, aproximadamente oito mil pessoas ainda aguardam por órgãos e tecidos, de acordo com dados do MG Transplantes.

Em Montes Claros, a Santa Casa, o único hospital da região a realizar transplantes, registrou 252 transplantes de fígado em 2022. Desde 2018, foram feitos 73 transplantes de medula óssea e 1.197 de rim, sendo 68 apenas em 2024, além de sete corações encaminhados para doação. Neste ano, o hospital já realizou seis transplantes de pâncreas. Ao longo dos anos, a Santa Casa acumulou quase dois mil transplantes de rim, mais de 250 de fígado e quase 100 de medula óssea.

O médico e cirurgião-geral Luiz Fernando Veloso, mestre e doutor em medicina e especialista em transplantes, esclarece que pessoas em morte encefálica podem doar órgãos para atender à lista de espera, beneficiando aqueles que mais precisam na região. “Esses doadores são os que mais salvam vidas”, afirma.

Quanto aos receptores, Veloso explica que podem receber órgãos, pessoas cujos órgãos entraram em falência, ou seja, aqueles que não funcionam mais ou que funcionam tão mal que ameaçam a vida ou comprometem gravemente a qualidade de vida. “Pacientes com doenças graves e mortais do coração, fígado, rins, pâncreas, pulmões e medula óssea podem ser enormemente beneficiados e até salvos pela substituição de seus órgãos não funcionais por outros saudáveis doados para transplante” esclarece.

Ele também destaca que de um único doador é possível obter vários órgãos e tecidos para transplante, incluindo fígado, rim, coração, pâncreas, medula óssea, pulmão, córneas, tendões, válvulas cardíacas e intestino, entre outros. E explica que a taxa de sucesso dos transplantes realizados em Montes Claros está acima da média nacional e é comparável aos melhores centros de transplante do mundo. “O que traz grande orgulho à região norte-mineira, reconhecida por sua força e generosidade”.
 
ATO SAGRADO
Cléa Márcia Drummond, transplantada há 19 anos na Santa Casa, acredita que a doação é sinônimo de vida. “Se as pessoas pudessem visitar lugares como a hemodiálise na Santa Casa, veriam o quanto esse tratamento é sofrido e quantas pessoas, inclusive crianças, passam por isso. Comemorar a conscientização sobre a doação de órgãos é muito importante para mim, pois é essencial manter essa memória viva. Alguns dizem que há irregularidades nesse processo, mas eu posso dizer que não. É uma equipe muito séria. Se minha irmã não tivesse me doado o rim, não sei se teria conseguido um naquela época. Hoje, graças a Deus, as pessoas estão mais conscientes”, relata.

Para ela, doar é um ato sagrado. “Precisamos valorizar a vida e apoiar ainda mais as campanhas de doação. Se eu morrer, posso ajudar alguém. É o último ato de bondade, uma oportunidade de salvar várias vidas. Salvar vidas de verdade. Sem esse ato, hoje eu não estaria aqui”, enfatiza Drummond.
 
CORRENTE DO BEM
Veloso enfatiza que a doação de órgãos é essencial, pois sem doadores, nada disso seria possível. “Ao decidir doar, não estamos apenas ajudando os outros; também podemos ser aqueles que um dia precisarão de um transplante. Criar uma cultura de doação aumenta nossa própria segurança”, acredita.

Ele informa que a necessidade de um transplante em qualquer família é significativa, uma vez que diversas doenças podem afetar diferentes órgãos. “Portanto, a doação não apenas salva vidas, mas também fortalece nosso sistema de saúde. Assim, doar é um ato de altruísmo que beneficia tanto os outros quanto a nós mesmos”, ressalta.

“O sofrimento da morte é fortemente transformado pela doação; as famílias de doadores experimentam a mudança do sofrimento em esperança e, sobretudo, em paz. Isto é especialmente poderoso para os cristãos, que veem sua escolha se converter em vida”, diz o médico, que conclui. “Para quem deseja ser doador de órgãos, o mais importante é comunicar à família esse desejo de generosidade e amor”, frisa.

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