Imunizante contra o tipo A é gratuito e está disponível pelo SUS a crianças de 15 meses a menores de 5 anos (marcelo camargo/agência brasil)
Minas Gerais não atingiu a meta de 95% de cobertura vacinal contra a hepatite no último ano, seguindo o Programa Nacional de Imunizações (PNI), de acordo com o Ministério da Saúde. É mais uma doença que assombra a população – principalmente crianças – por não haver uma adesão adequada à vacinação.
A situação é preocupante porque o Estado já investiga quatro casos de hepatite aguda em crianças. No país eram, até a noite de quarta-feira, 28 casos suspeitos.
A hepatite de origem desconhecida está acometendo crianças em, ao menos, 20 países. A doença se manifesta de forma muito severa e não tem relação direta com os vírus conhecidos da enfermidade. Em cerca de 10% dos casos foi necessário realizar o transplante de fígado.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) mostram que, em 2021, a imunização do público infantil em Minas contra a doença do tipo A ficou em 76,42% e a do tipo B em 75,88%.
Em Montes Claros, a cobertura vacinal foi de 74,22% para o tipo A e de 73,61% para o tipo B, segundo dados divulgados pelo município.
De origem ainda desconhecida, a nova doença tem preocupado autoridades em saúde, devido ao aumento da frequência de casos e do perfil de gravidade da enfermidade em todo o mundo. As causas das hepatites comumente registradas foram descartadas em todos os pacientes com a hepatite aguda.
VÍTIMAS
Outra preocupação de especialistas é que a doença tem afetado apenas crianças. Pesquisadores avaliam que uma das possibilidades seria o confinamento devido à pandemia causada pelo coronavírus. Uma hipótese é que o isolamento teria afetado o desenvolvimento do sistema imunológico dos pequenos, que ficaram suscetíveis a micro-organismos oportunistas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 200 casos, até o último dia 29, haviam sido reportados no mundo, a maioria (163) no Reino Unido. Houve relatos também na Espanha, Israel, Estados Unidos, Dinamarca, Irlanda, Holanda, Itália, Noruega, França, Romênia, Bélgica e Argentina.
A doença atinge principalmente crianças de um mês a 16 anos. Até o momento, foi relatada a morte de uma criança no dia 30 de abril.
VACINAÇÃO
De acordo com a SES-MG, as vacinas contra as hepatites do tipo A e B são consideradas a medida mais eficaz para reduzir as chances de infecção, evitar casos graves e mortes pela doença.
O imunizante contra o tipo A é gratuito e está disponível pelo SUS, para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos, já que faz parte do Calendário Nacional de Vacinação.
A primeira dose da vacina contra o tipo B deve ser aplicada em recém-nascidos, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida, 24 horas, ou na primeira visita no centro de saúde em até 30 dias.
O imunizante também é oferecido pelo SUS para toda a população, independentemente da faixa etária. São necessárias três doses, com intervalos de 30 dias entre a primeira e a segunda dose e 180 dias da primeira para a terceira dose. Uma vez que o esquema vacinal esteja completo, a pessoa está imunizada pelo resto da vida.
Para receber a vacina, basta procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima e levar o cartão de vacinação.
Não existe vacina contra a hepatite do tipo C, mas existe tratamento pelo SUS com chance de cura em mais de 95% dos casos, evitando complicações da doença.
Sintomas da doença
De acordo com especialistas, é comum que a hepatite aguda comece com diarreia, vômito e dor abdominal, associados ou não a sintomas como prostração, dores no corpo e mal-estar. Em um segundo momento, pode surgir uma coloração amarelada dos olhos, da pele e das mucosas. Esse é um sinal de alarme para procurar por atendimento imediato.
A associação dos agentes causadores da hepatite aguda infantil com o coronavírus está descartada. Além disso, a vinculação dos casos de hepatite com a vacinação contra a Covid-19 também está invalidada, pois a maioria das crianças afetadas não recebeu a vacina contra o SARS-CoV-2.
Prevenção
Apesar das causa da hepatite aguda infantil ainda ser desconhecida, a SES-MG recomenda medidas gerais de higiene e prevenção, como “higienização adequada e frequente das mãos, cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, consumir água potável e alimentos adequadamente higienizados”.
*Com Agência Brasil e Larissa Durães