saúde

Minas Gerais: direito a acompanhante para mulheres sedadas

Lei amplia segurança e tranquilidade para pacientes, com apoio de especialistas e paciente

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 30/07/2025 às 19:00.
Gorete Avelar, após cirurgia plástica de grande porte, vê nova norma como avanço crucial (ARQUIVO PESSOAL)
Gorete Avelar, após cirurgia plástica de grande porte, vê nova norma como avanço crucial (ARQUIVO PESSOAL)

Mulheres sedadas em serviços de saúde de Minas Gerais passam a ter direito a um acompanhante de sua escolha. Prevista na Lei 25.401/2025, publicada nesta última terça-feira (29), a medida amplia direitos já existentes, permitindo presença em consultas, exames, cirurgias e partos com anestesia. O objetivo é reforçar a proteção das pacientes em situações de vulnerabilidade, respeitando as normas sanitárias de cada instituição. A aprovação ocorre após casos como o do anestesista preso por estupro de uma gestante sedada em 2022, no Rio de Janeiro.

Para o médico anestesiologista José Rafael de Mattos Lemos, a medida representa um avanço ao considerar os aspectos subjetivos da segurança feminina. “Essa questão surgiu por causa daquele problema com o médico lá. Pensando nos sentimentos subjetivos de segurança da mulher, acredito ser uma medida positiva. A mulher tem que se sentir mais segura, com uma pessoa de confiança ao lado, já que nem sempre ela conhece toda a equipe que vai atuar no procedimento”, afirmou.

O especialista reforça, no entanto, que o acompanhante deve apresentar perfil adequado ao ambiente cirúrgico, colaborando com a tranquilidade do local. “A pessoa escolhida tem que transmitir tranquilidade e segurança, não só para o paciente, mas para a equipe também. Se estiver no centro cirúrgico, onde teoricamente não vai ajudar em nada, ela não pode atrapalhar. O ambiente precisa permanecer o mais normal possível.”

José Rafael acredita que, quando bem instruída, a presença do acompanhante não representa nenhum prejuízo à rotina da equipe médica. “Essa lei vem de uma situação específica, que ganhou repercussão, mas para nós que fazemos um trabalho honesto, não incomoda. É uma questão de segurança para a mulher, que está num momento delicado, sedada, sem consciência do que está acontecendo”.

A medida também é vista com bons olhos por pacientes. Maria Gorete Ferreira Avelar, administradora de empresas, foi submetida neste mês a uma cirurgia plástica de grande porte sob anestesia geral. Ela considera a nova norma um avanço importante. “Fiz uma cirurgia longa, que estava programada para durar cinco horas, mas acabou chegando a nove. Houve uma tensão muito grande por parte da minha família, justamente por não ter notícias do que estava acontecendo durante o procedimento”.

Gorete defende a presença de um acompanhante como fator de tranquilidade para todos os envolvidos. “A gente não sabe o que realmente passou no bloco cirúrgico, porque muitas vezes não é relatado se houve alguma dificuldade, algum momento grave, se aconteceu algo inusitado. Ter alguém lá seria uma segurança e uma tranquilidade para todos. Afinal, estamos desprotegidas em um momento assim, vulneráveis”.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por