
Após o Carnaval, os hospitais frequentemente observam um aumento significativo nos atendimentos de pacientes com sintomas respiratórios, como dor de garganta, coriza e tosse. Um exemplo marcante foi o ano de 2020, quando a pandemia teve um surto notável logo após as celebrações carnavalescas, desencadeando uma crise de saúde que se estendeu por cerca de três anos.
A publicitária de Montes Claros Desirée Lira conta que teve sintomas semelhantes aos de uma virose no período de carnaval, por isso preferiu não sair de casa. O intuito era o de se proteger e proteger principalmente os outros. “Depois de ir ao médico, foi constatada uma intoxicação alimentar. Tive que ir à farmácia e infelizmente estava cheia. As pessoas tossiam e espirravam sem ao menos colocar a mão como anteparo. Acho uma falta de respeito quando a pessoa tem ciência de que está gripada e não adota medidas para proteger os outros”, diz a publicitária, que revela não abrir mão da máscara quando percebe algo incomum. “As pessoas olham com estranhamento quando usamos máscara, mas acredito que deveria ser um hábito comum no Brasil, assim como acontece em outros países. Eu sempre uso quando vou a lugares cheios ou quando estou gripada”, disse.
Desirée não está errada. O protocolo está em conformidade com as recomendações dos especialistas. Segundo o pneumologista Daniel Abolafio, do Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro da Silveira (HCMR), as aglomerações em espaços fechados ou abertos facilitam a propagação de alguns vírus respiratórios, como os que causam gripes, resfriados e até mesmo a COVID-19. Após esses eventos, o risco de surtos de doenças respiratórias é maior, pois muitas pessoas expostas, em locais cheios e com pouca ventilação, vão levar o vírus para diferentes regiões, amplificando a propagação e o impacto nas comunidades. “Essas condições aumentam a probabilidade de contato direto com secreções respiratórias como gotículas da tosse, dos espirros e da fala, sendo essas as principais formas de transmissão”, explica o médico.
A fim de frear a transmissão, os médicos recomendam a chamada “etiqueta respiratória”, sendo um desdobramento da etiqueta social, com indicações de cuidados de convivência em espaços públicos. “Uma pessoa pode estar infectada com um vírus respiratório e transmitir a doença para outras pessoas, mesmo com sintomas leves. Nesses casos, o uso de máscara ajuda a evitar a transmissão, agindo como uma barreira, impedindo que as gotículas expelidas pela fala, ou pela tosse e espirro se espalhem pelo ambiente”, alerta. Outra indicação é o isolamento social, que limita o contato com outras pessoas e assim evita a circulação do vírus.
A “etiqueta respiratória” após o carnaval se baseia em vários fatores relacionados à transmissão de doenças respiratórias, pois, mesmo com sintomas leves, a transmissão acontece, segundo o médico. “A adoção dessas medidas simples visa reduzir a propagação de doenças, bem como proteger a saúde pública e evitar a sobrecarga no sistema de saúde”, assegura.