COVID-19

Janeiro tem o segundo maior pico de casos de Covid em MOC

Mês fechou com 7.370 confirmações, perdendo apenas para março de 2021

Larissa Durães
O NORTE
Publicado em 01/02/2022 às 23:09.Atualizado em 01/02/2022 às 23:17.
ESPERA SOFRIDA - Márcia Silva (blusa listrada) chegou à UPA Chiquinho Guimarães às 9h e às 12h30 ainda não tinha sido atendida (larissa durães)
ESPERA SOFRIDA - Márcia Silva (blusa listrada) chegou à UPA Chiquinho Guimarães às 9h e às 12h30 ainda não tinha sido atendida (larissa durães)

O primeiro mês de 2022 fechou com uma triste estatística em Montes Claros: é o segundo com o maior número de casos de Covid-19 confirmados desde o início da pandemia. Janeiro, que registrou 7.370 confirmações, só fica atrás de março de 2021, considerado o pico da pandemia, com 7.968 ocorrências.

O mês também ostenta o recorde diário da doença, com 957 infectados pelo coronavírus no dia 27. Analisando os três últimos dias desse período (29 a 31), Montes Claros contabilizou 1.723 novos casos, aumentando para 52.382 o total desde o começo da pandemia.

O aumento de contaminações em janeiro é consequência das festas de fim de ano, viagens de férias e da circulação da variante Ômicron, que é mais transmissível, apontam infectologistas.

No entanto, a gravidade dos quadros de quem foi infectado é menor, devido a características da nova cepa e também pelo fato de a maioria das pessoas estarem vacinadas com pelo menos duas doses dos imunizantes.

A prova disso é que em março de 2021, mês com maior número de casos, foram registradas 295 mortes. Em janeiro de 2022, foram apenas sete. Outro indicador que mostra essa mudança é o de internações. Em março, 33 pessoas tiveram que esperar por uma vaga em UTI em Montes Claros. No mês passado, de acordo com o boletim municipal, a cidade tinha 89 pessoas internadas.

A ocupação de leitos clínicos para Covid estava em 85% na última segunda-feira e em 57% os de UTI específicos para a enfermidade.
 
PICOS
Apesar de a gravidade dos casos ser menor, não é hora de relaxar e abrir mão dos cuidados ou deixar de se vacinar. De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Fábio Bacheretti, em entrevista à Rádio Itatiaia, é esperado que Minas tenha um pico de casos de Covid nesta terça-feira (1º). São esperados cerca de 50 mil novos casos em apenas 24 horas.

A expectativa, no entanto, é que as contaminações caiam rapidamente até o fim de fevereiro. “É uma tsunami, uma onda muito alta que estamos vivenciando. A semana que vem deve ser a semana de maior número de pessoas se infectando. E, da mesma forma que sobe muito rápido, cai também muito rápido”, explicou o secretário.

A ação do Estado, neste momento, declara Baccheretti, é para garantir leitos aos pacientes que precisarem ser hospitalizados. “Estamos com ocupação no Estado de menos de 30% de UTI e vamos fazer um grande esforço nas próximas três semanas para atender essa demanda, que vai aparecer aumentada”, ressaltou o médico, que prevê duas ou três semanas difíceis.

HOSPITAIS EM MOC
Em Montes Claros, as unidades de saúde estão sobrecarregadas desde o final do ano passado, em decorrência do aumento de casos de gripe e de Covid.

Vários hospitais estão com ocupação de leitos clínicos Covid superior à capacidade, como é o caso do Hospital Universitário Clemente de Faria (150%), Santa Casa (200%) e Aroldo Tourinho (133%), segundo dados de segunda-feira.

A situação é mais tranquila no Hospital Dilson Goldinho (17%), com apenas um dos seis leitos ocupados, e próximo do limite no Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro da Silveira (82%), com pacientes em 14 dos 17 leitos clínicos Covid.

Atendimento demorado
E se os números disparam, a busca por atendimento também cresce e se torna mais difícil. Na segunda-feira, a reportagem de O NORTE passou por algumas unidades de saúde de Montes Claros e registrou a saga dos pacientes.

Dentre eles, Márcia Silva Mendes. Com sintomas de Covid há três dias, ela já aguardava por atendimento na UPA Chiquinho Guimarães por mais de três horas. Ela conta que chegou à unidade de saúde às 9h e viu que o atendimento estava acontecendo. No entanto, o trabalho foi suspenso às 11h e só retornou às 13h.

“Acho que a desordem surgiu porque terminaram às 11h e dava para atender. Mas encerraram e deixaram a gente de molho aqui, sem nem ter lugar para sentar”, diz indignada.

A via sacra também não foi nada fácil para Maria Marlene Souza Xavier. Com sintomas de Covid desde a última terça-feira (25), encontrou a UPA cheia nesta segunda. Ela acredita que a unidade esteja sobrecarregada porque os postos de atenção básica não atendem os moradores. 

“Vim hoje (segunda) na UPA porque ontem (domingo) não consegui atendimento. Fui no PSF do Dom João Pimenta e me disseram para vir para cá, porque aqui fariam mais rápido, porque lá precisa de consulta, e aqui não”, explica.

A assessoria da Secretaria Municipal de Saúde foi procurada, assim como a secretária Dulce Pimenta. Mas não atenderam à demanda de O NORTE.

Uma enfermeira que trabalha na UPA informou, sem se identificar, que o atendimento na unidade seguiria até as 19h. “Não sei a quantidade de pacientes que serão atendidos, mas se tiver dentro da testagem padrão, iremos testar”, informa.
 
IRRITAÇÃO
Expor pessoas que estão passando mal a uma espera tão longa por atendimento é absurdo, na avaliação do advogado Everaldo Ramos de Oliveira. Ele conta que procurou a UPA Chiquinho Guimarães depois de ter buscado atenção em várias unidades de saúde na cidade.

Everaldo conta que não conseguiu fazer o teste da Covid nos outros locais. “Todos que estão aqui estão apresentando sintomas. Estamos enfraquecidos, com a imunidade baixa, e ficar aqui esperando, desde as 8h, como tem várias pessoas esperando, é um desrespeito”, reclama.

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