Neste segundo semestre de 2023, o Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro da Silveira (HC) deu início a realização de cirurgias bariátricas pelo SUS. A medida visa a atender pessoas do município e região que antes precisavam se deslocar até Belo Horizonte para realizar o procedimento. 

A logística era um dos obstáculos para Geovana Leal, que, determinada a realizar o procedimento, pesquisou locais na internet e até mesmo se deslocou até Belo Horizonte. Felizmente, o credenciamento do hospital ocorreu a tempo e foi aqui que ela realizou a cirurgia bariátrica. “O trâmite era muito difícil. Existia a dificuldade de locomoção e lá o acompanhamento era mensal. Quando transferiu para Montes Claros o acompanhamento passou a ser semanal e consequentemente adiantou o processo”, relata Geovana que já perdeu 15kg depois da bariátrica. 

Embora naturalmente tenha sentido medo, como é comum em qualquer cirurgia, especialmente por ser a primeira experiência desse tipo, Geovana destaca que o apoio psicológico da equipe foi fundamental para superar esse receio. “Em todos os cenários que enfrentei da cirurgia até agora, eu fui muito preparada pela equipe psicológica e nutricional. Foi uma sensação de renovação. Esse é o meu real sentimento. Iniciei o processo com 145k e com 10 dias de cirurgia já estava com 130k. Não é fácil, mas é um dia de cada vez”, afirma. 
 
CENTRO DE ALTA COMPLEXIDADE
“Nós somos aqui um centro de alta complexidade no tratamento da obesidade, que envolve a cirurgia bariátrica e um tratamento com equipe multidisciplinar, com nutricionistas, psicólogo, psiquiatra, fisioterapeuta, educador físico e diversas áreas. multidisciplinares”, afirma o médico Hénniky Nascimento, especialista em cirurgia bariátrica, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e coordenador do programa cirúrgico no HC. 

Ele explica que a cirurgia tem sido realizada de modo minimamente invasivo, por meio da videolaparoscopia. O método faz com que o risco cirúrgico seja menor e a recuperação do paciente, mais rápida. “Na maioria das vezes, esse paciente volta para a atividade laboral em aproximadamente 15 dias. É o principal tratamento contra obesidade grave”, pontua.

De acordo com Hénniky, os principais critérios para indicação cirúrgica incluem pacientes obesos acima do grau 2, ou seja, com um índice de massa corporal superior a 35, associados a comorbidades como hipertensão arterial, diabetes, ansiedade, depressão, dislipidemia, esteatose hepática e outras enfermidades relacionadas à obesidade. Além disso, pacientes obesos mórbidos apresentam um índice de massa corporal acima de 40, enquanto os superobesos possuem um índice de massa corporal acima de 50. “Há ainda os ‘super super obesos’, quando esse índice de massa corporal superou 60”, afirma o médico, destacando que no pós-operatório é importante seguir as recomendações médicas e que o resultado é diário, não só na perda de peso, mas na qualidade de vida. “A saída do hospital é em média 48h depois da cirurgia. Nos primeiros 15 dias, a dieta é evolutiva e os exercícios são leves. Ao final de 30 dias, o paciente come normalmente e deve fazer musculação. Too mês tem mudança. O resultado final aparece em média, um ano e meio depois”, diz. 

Lidiane Rodrigues ficou entre Montes Claros e BH durante dois anos, se preparando para a bariátrica. Quando o hospital começou a fazer a cirurgia, ela logo foi encaminhada e se sentiu aliviada ao saber que não precisaria mais percorrer a estrada. A primeira reunião aconteceu em agosto e neste mês de dezembro ela passou pelo procedimento. A luta contra o excesso de peso vem desde a infância. Ela afirma que foi um bebê gordinho, uma adolescente gordinha e depois dos filhos o peso aumentou. “A cirurgia é a realização de um sonho, apesar de não ser fácil o pós, com restrições alimentares e dieta líquida nessa fase inicial, sou muito grata pela oportunidade. Os profissionais são excelentes e a equipe é muito preparada”, declara Lidiane que iniciou com 114kg e está atualmente com 98kg.
 
ORIENTAÇÕES
O paciente interessado em participar deste programa do SUS deve procurar a Secretaria de Saúde de seu município ou o posto de saúde local. A partir desse ponto, será encaminhado para uma consulta com um especialista, conhecida como ‘consulta W’, para verificar se atende aos critérios necessários. A diretora do HC, Luciana Santana, informou que a previsão para janeiro de 2024 é realizar 20 novas cirurgias, com a projeção de aumentar para 50 a 60 cirurgias mensais posteriormente.

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