Embora não haja vacina, a doença é tratável com o protocolo terapêutico correto
Enfermidade é provocada por bactérias do gênero Rickettsia, que são disseminadas através da mordida do carrapato conhecido como carrapato-estrela (PREFEITURA DE JUNDIAÍ)
Minas Gerais registrou 25 casos de febre maculosa em 2024, com dois fatais. Montes Claros teve um caso em 2023 e já soma dois confirmados em 2024. O primeiro caso na cidade foi de um supervisor agrícola de 60 anos, identificado em julho. O segundo, de um homem da área urbana, foi confirmado em agosto.
“Outros dois casos, também em Montes Claros, permanecem em investigação com resultado de primeira amostra positiva para febre maculosa, aguardando resultado de segunda amostra, já coletada”, afirmou Agna Menezes, coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Regional de Saúde (SRS).
“A doença é transmitida pela picada do carrapato e uma coisa importante a se dizer é que ela é sazonal e os meses de junho a outubro constituem o período de maior proliferação, então é um período de risco maior”, explica o biólogo Patrick Nascimento Valim. Ele ressalta que a melhor ou única maneira de evitar a doença é evitando o contato com o seu transmissor, daí a necessidade de ações conjuntas para diminuir a multiplicação da espécie. “Essa ação não é somente dos órgãos públicos. É também um dever da população, evitando animais que possam ter carrapato, terrenos sujos, mato e lixo. Se perceber um lote com carrapato, a pessoa deve informar aos vizinhos e à prefeitura para que ela tome providências”, esclarece.
SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
A febre maculosa é uma doença infecciosa, causada por uma bactéria do gênero Rickettsia e não é transmissível de uma pessoa para outra. As manifestações clínicas podem ser leves e atípicas, ou graves, com elevada taxa de letalidade, de acordo com Jackeline Maria de Sousa Lima Lopes, médica dermatologista, cuja área está apta a fazer o diagnóstico, já que a doença apresenta também sintomas dermatológicos. A febre repentina, moderada ou alta, que dura geralmente de duas a três semanas, acompanhada de dor de cabeça, calafrios e olhos vermelhos, são os sintomas iniciais. “As lesões que surgem na pele são parecidas com uma picada de pulga, apresentam, às vezes, pequenas hemorragias sob a pele e aparecem em todo o corpo, nas palmas das mãos e na planta dos pés”, explica a médica, acrescentando que náuseas e vômitos, dor abdominal e, conforme a gravidade do quadro, paralisia dos membros e até parada respiratória, integram o quadro de sintomas.
Em caso de exposição a carrapatos, a médica orienta que a remoção na pele deve ser feita de maneira cuidadosa com uma pinça e a espécie deve ser descartada ou colocada em álcool. Mesmo que nem todo carrapato esteja infectado, ele deve ser tratado como tal. A picada pode provocar apenas coceira e vermelhidão, mas se o carrapato estiver infectado, entre dois a 14 dias, os sintomas da maculosa aparecem. A área da mordida deve ser higienizada com antisséptico e o médico deve ser procurado imediatamente ao primeiro sinal de febre. Ainda segundo a médica, infelizmente, é impossível erradicar a doença e não existe vacina, mas o diagnóstico e o tratamento precoce têm chances de sucesso. “Tem cura, caso seja feito o tratamento com o antibiótico adequado. Preferencialmente no início dos primeiros sintomas. Evitando assim uma evolução grave da doença”, esclarece.