(Arquivo pessoal)
O Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado em 29 de agosto, visa reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos causados pelo tabaco. Criado em 1986, a data inaugura a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva.
Segundo Cristina Durães, especialista em prótese bucomaxilofacial de Montes Claros, a divulgação e discussão da data são importantes para a área da saúde; pois, segundo a dentista, 80% dos seus pacientes tem câncer na área do pescoço, boca e cabeça devido ao fumo. “A maioria é relacionado ao fumo, mas quando essa pessoa fuma e bebe ela aumenta em sete vezes a chance de ter o câncer nessas áreas. Entretanto, é bom dizer que só o cigarro já provoca o câncer”, explica Cristina.
“Outra coisa importante para falar é que não é somente o cigarro industrial que causa câncer não, o cigarro de palha tem até mais risco de a pessoa ter câncer de boca, cabeça e pescoço, porque ele não tem filtro. E o cigarro eletrônico também, porque ainda não tem muitos casos por ser novo, mas daqui a uns 30 anos o usuário vai ter o câncer. Porque o produto continua fazendo efeito mesmo se parar hoje”, diz a dentista.
Na última década, pesquisas realizadas no Brasil por diferentes instituições de referência no assunto indicam que o uso de tabaco ocupa o segundo lugar no ranking de drogas mais experimentadas no país. A idade média de experimentação de tabaco entre os jovens brasileiros é de 16 anos, tanto para meninos quanto para meninas.
Os dados mais recentes da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas informaram que, em 2021, o percentual total de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil era de 9,1%, sendo 11,8% entre os homens e 6,7% entre as mulheres. Isso representa um aumento de 35% em comparação com o ano de 2020.
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, que apresenta o panorama do uso atual de produtos derivados do tabaco, no Brasil, são mais de 160 mil mortes anuais atribuíveis ao tabaco, o que representa 443 mortes por dia. O tabaco é responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano no mundo. Até 2030, pode ser responsável por 10% do total de mortes globais.
Cristina diz que a maioria dos seus pacientes são homens entre 50 a 60 anos. “O paciente deve sempre olhar no espelho o seu rosto, o pescoço, a língua em cima e em baixo e os lábios se tem uma mancha, uma ferida que não cicatriza em 15 dias ou qualquer carocinho. Se tiver ele deve procurar um profissional “, alerta a especialista.
A paciente, Neuza Kroeger, de 62 anos, conta que foi fumante desde a adolescência, e, em 2019, fazendo a autoavaliação viu que precisava ir ao dentista verificar o que tinha, sendo diagnosticada com câncer. “O tratamento foi agressivo, fiz 33 sessões de radioterapia mesmo assim perdi um pedaço do céu da boca e um pedaço do osso da mandíbula”. Atualmente curada, ela aconselha. “Se pudesse voltar, atrás não fumava e não bebia. Não fumem e se precisarem, vão nos postos de saúde, lá eles ajudam a pessoa a parar de fumar”, enfatiza.