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Segunda-Feira,25 de Novembro
Fevereiro Roxo

Debates sobre tratamentos e diagnósticos da fibromialgia

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 22/02/2024 às 19:00.

Débora Lopes: acupuntura e ILIB (Laser De Baixa Intensidade) para amenizar a fibromialgia (arquivo pessoal)

A fibromialgia, doença crônica associada a fatores emocionais, como depressão e ansiedade, se manifesta em cerca de 2% a 12% da população adulta no Brasil e traz consequências reais que comprometem a vida funcional do paciente, com prejuízo do sono (insônia, sono não reparador), sensação de cansaço, fadiga, prejuízo da atenção, concentração e memorização, além de dores intensas e difusas em todo o corpo. A doença também integra as ações do “Fevereiro Roxo”. 

Traumas físicos e emocionais, estresse, perdas pessoais e a presença de outras doenças crônicas são tidas como fatores ambientais que provocam a doença. Entretanto, a fibromialgia ainda é um desafio para a medicina e objeto de discussão no meio, já que a enfermidade traz alterações clínicas e não aparece em exames laboratoriais ou de imagem, o que contribui para que os pacientes sejam até subestimados em suas queixas, segundo o reumatologista Thiago Henrique Guimarães, membro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Este é o profissional que preferencialmente faz a avaliação específica para identificar as manifestações características da doença. 

O tratamento aponta três direções. A primeira delas, orienta quanto a benignidade da doença, que é limitante, mas não causa deformidade e não leva a óbito; Outro ponto importante diz respeito às mudanças de estilo de vida, quando o fibromiálgico é orientado a buscar um caminho que deixe de lado o sedentarismo, adotando a prática de atividade física regular, alimentação saudável, e outras práticas que aumentem o bem-estar de forma geral. Neste caso, o médico indica exercícios que mesclem o fortalecimento muscular, alongamentos e exercícios aeróbicos. “O aumento na intensidade dos exercícios deve ser gradual, podendo iniciar com caminhadas de curta duração e evoluir para pilates, musculação, hidroginástica (dentre outras modalidades), sempre respeitando as limitações de cada paciente”, explica Thiago.

Ele destaca que é primordial alertar ao paciente de que, no início, os exercícios podem até piorar as dores, mas faz parte do processo — “Com o tempo eles serão a melhor ferramenta para a melhora da dor a longo prazo. Em pacientes com ansiedade ou depressão é importante também o tratamento psicológico com medidas que modifiquem a forma de lidar com a doença, minimizem os pensamentos negativos e busquem incentivo ao enfrentamento da dor”, pontua. 

Uma outra vertente do tratamento é o uso de medicação — “Costumamos prescrever analgésicos simples ou opioides, relaxantes musculares, medicamentos para melhora do sono, além de medicamentos moduladores centrais de dor. Essas diversas opções terapêuticas serão escolhidas de forma individualizada, respeitando o perfil de cada paciente”, afirma Thiago.
 
CONVIVENDO COM A DOR
A empreendedora Débora Lopes, 30 anos, conta que passou dois anos sem saber o que tinha. Em 2021, passou por mudanças bruscas na vida. A sobrecarga no trabalho, a falta de reconhecimento financeiro e as muitas responsabilidades e cobranças desencadearam dores musculares, fadiga, fraqueza e ansiedade. Com medo de perder os movimentos, fez vários exames. A ginecologista, que também é fibromiálgica, percebeu os sintomas da doença e indicou um reumatologista que fez a avaliação. Confirmado o diagnóstico, começou a tomar os medicamentos que trouxeram um pouco de alívio. “Não conseguia as vezes, levantar o braço. É muito estranho e só mesmo quem vive consegue entender. Eu achei que estava com câncer terminal, porque foram dois anos muito intensos, de muita dor mesmo”, relata. Atualmente, ela toma cerca de três medicações diferentes, que controlam a dor e promovem o sono, além de acompanhamento psiquiátrico e exercícios. 

“Faço terapia para mudar o comportamento cognitivo, fisioterapia, acupuntura e Ilib. É horrível acordar de manhã por conta das dores. Procuro pensar que se hoje não estou bem, amanhã posso acordar melhor. Mas aceitei a doença. É uma luta diária”, afirma Débora que lamenta a ausência de compreensão da sociedade em relação aos que sofrem da doença. 

“Essa falta de entendimento só piora a situação dos doentes. Até na perícia do INSS eu me deparei com perito banalizando a minha situação. Vou continuar lutando pelos meus direitos, mas gostaria que a sociedade fizesse o seu papel não só de festejar o ‘Fevereiro Roxo’, mas de reconhecer na prática a necessidade de quem sofre”, finaliza. 

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