_
Trinta e cinco anos após o surgimento dos primeiros casos de Aids, começam a aparecer os resultados mais animadores dos caminhos pavimentados em direção à cura. Cientistas ingleses anunciaram que pelo menos um, entre 50 pacientes acompanhados em um experimento que visa à derrota do HIV, não apresentava mais sinais do vírus dentro do organismo.
A estratégia chamada pelos ingleses de “kick and kill”, algo como chutar e matar consiste em tentar vencer um dos obstáculos que até agora impede a cura. Os remédios antirretrovirais evitam a replicação do HIV dentro do organismo, mas o fazem somente nas células infectadas nas quais o vírus está ativo. No entanto, em muitas o HIV permanece em estado de latência, adormecido. Por essa razão, mesmo que seja indetectável a quantidade do vírus no sangue, ele continua no corpo, escondido. Se os remédios são suspensos, o vírus que dormia, acorda.
O esquema pretende acordar o vírus adormecido (a parte do “chutar”) para matá-lo. Faz isso em duas etapas. Primeiro, uma vacina fortalece o sistema imunológico do paciente para detectar e combater as células infectadas. Depois, uma droga chamada vorinostat, usada no tratamento do linfoma (tipo de câncer), entra em cena para ativar o HIV latente. Desta maneira, o vírus fica finalmente vulnerável ao ataque do sistema de defesa e também dos antirretrovirais.
BRASIL
No Brasil, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo executam experimento com igual ambição. Trinta pacientes participam de um protocolo ainda mais amplo do que o inglês. Duas medicações são usadas para tornar o tratamento mais forte, uma ativa o HIV dormente nas células e outra mata as células nas quais o vírus está escondido.
Além disso, uma vacina, feita com o vírus extraído do próprio paciente, é o recurso com o qual se pretende atingir o HIV escondido nos chamados santuários. São locais do corpo onde os antirretrovirais ou não conseguem chegar ou chegam com fraca atuação.