(breno esaki/secretaria de saúde do distrito federal)
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, jogou um balde de água fria na expectativa dos adolescentes de 12 a 17 anos de serem imunizados contra a Covid-19. Nesta quinta-feira, a pasta emitiu uma nota técnica recomendando a suspensão da vacinação dessa faixa etária.
Alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal, decidiram manter a aplicação da dose da Pfizer nesse público. Minas Gerais, no entanto, decidiu pela suspensão.
Pela nova orientação, o ministério passou a recomendar a vacinação apenas para os adolescentes entre 12 e 17 anos que tenham deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade.
Uma nota técnica anterior da pasta, também de setembro, recomendava que a imunização dos adolescentes tivesse início nesta quarta-feira (15), com a ressalva de que os que não apresentassem comorbidades deveriam ser os últimos a tomarem a vacina.
EVENTOS ADVERSOS
Em coletiva na tarde de ontem, Marcelo Queiroga informou que a recomendação está atrelada aos casos de eventos adversos ao imunizante notificados ao governo federal.
O titular da pasta disse que cerca de 1.500 notificações foram identificadas. Dentre elas, a morte de um adolescente no Estado de São Paulo. O episódio, no entanto, ainda está sendo investigado e será avaliado se a causa do óbito foi mesmo o imunizante.
A maioria dos eventos adversos (93%) ocorreu no público que recebeu imunizantes sem autorização para uso em adolescentes. No Brasil, apenas a Pfizer pode ser administrada em jovens de 12 a 17 anos, segundo recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Primeiro pelos eventos adversos, segundo porque o próprio Reino Unido recuou e tem a questão da miocardite que está relacionada à vacina da Pfizer. Nós já temos as informações que a miocardite que a Covid provoca é mais grave do que a provocada pela vacina. Mas vamos observar, temos que ter cautela, a evidência científica não é sólida”, disse o ministro.
DOSES APLICADAS
Ainda segundo o ministro, estados e municípios iniciaram a campanha para jovens antes mesmo do prazo estipulado pela pasta: 15 de setembro. Sendo assim, quase 3,5 milhões já receberam a proteção contra o vírus, mas de uma maneira “intempestiva”.
“O Plano Nacional de Imunização disse que era a partir de ontem (quarta). Como conseguimos coordenar uma campanha nacional dessa forma? Quero pedir que os estados sigam recomendação do PNI e não apliquem vacinas que não têm recomendação da Anvisa. Além da Pfizer, outras vacinas estavam sendo aplicadas”, afirmou Queiroga.
MONTES CLAROS
A Secretaria Municipal de Saúde informou a O NORTE que o município está aguardando a recomendação do Estado a respeito da nota técnica. “Somente após decisão do Estado iremos comunicar a adesão ou não”.
A mudança frustrou os adolescentes, que já estavam na expectativa de começar a receber a proteção contra o novo coronavírus.
“Eu estava bem animado e ansioso, mas agora fiquei um pouco triste, porque mesmo os mais jovens correm risco de serem contaminados. Teríamos mais segurança de ir para a escola”, diz João Victor Camargos Sampaio, de 17 anos.
Anvisa discorda
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu comunicado em que diz não ver razão para mudar as condições aprovadas pelo órgão para a vacina da Pfizer. “Com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações da bula aprovada, destacadamente, quanto à indicação de uso da vacina da Pfizer na população entre 12 e 17 anos”, diz a Anvisa. Em junho deste ano, o imunizante teve o uso em pessoas com 12 anos ou mais autorizado pela agência. A Anvisa diz que investiga o caso do adolescente paulista morto após ser vacinado com a Pfizer, um dos episódios que chamou a atenção para possíveis efeitos.
*Com Agência Brasil