(arquivo pessoal)
Instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1998, o dia 11 de abril é reservado como o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson para esclarecer dúvidas sobre a doença e apoiar a importância do diagnóstico no tempo adequado. Conforme informações da OMS aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos tem a doença.
Em Montes Claros, região norte-mineira, um procedimento cirúrgico trouxe esperanças para quem convive com a mazela. Feita totalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), médicos da cidade realizaram a primeira cirurgia de Minas Gerais de Estimulação Cerebral Profunda. “A cirurgia consiste na implantação de um eletrodo em uma área específica do cérebro, que irá estimular ou inibir a área que está comprometida, resultando em melhora imediata dos sintomas da doença. Que seriam tremores, rigidez ou a lentifica-ção do movimento”, explica o neurologista Gustavo Veloso Lages.
Apesar desse avanço, Lages esclarece que o Parkinson não tem cura, pois, a doença é degenerativa, ou seja, ela vai evoluir independente daquilo que for feito. “Mas a gente consegue do ponto de vista farmacológico e com cirurgia, prover uma melhor qualidade de vida, provendo melhor controle dos sintomas da doença”, esclarece.
No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram com o problema. “A prevalência é de 3,3% em pessoas acima de 65 anos”, conta Lages. “A idade é um fator de risco inequívoco para a doença”. Porém, formas precoces, que iniciam antes dos 40 anos de idade, são vistas na prática clínica. “E Montes Claros tem a mesma incidência que o Brasil”, completa o neurologista.
Conforme o Ministério da Saúde, os sintomas da enfermidade podem ser compreendidos, basicamente, pelo tremor de repouso, tremor nas extremidades, instabilidade postural, rigidez de articulações e lentidão nos movimentos. Há também outros sintomas não motores, como a diminuição do olfato, distúrbios do sono, alteração do ritmo intestinal e depressão.
Quem conhece bem os benefícios dessa operação é o paciente Marcos Francisco Rocha, de 54 anos, que antes de passar pela cirurgia, não caminhava e não falava mais. Agradecido, Rocha comenta: “Tenho Parkinson, desde os 40 anos e depois de tantos anos com a doença já estava com a mobilidade reduzida, muitos tremores, e sem condição de falar. E só depois de fazer essa cirurgia, voltei a ter qualidade de vida. A minha melhora foi de 80%, só tenho a agradecer aos médicos, e ao SUS, por me proporcionarem essa solução para voltar a viver melhor”.
Já Wellington Bicalho, de 64 anos, diagnosticado com a doença há 17 anos, diz que chegou um momento em que os remédios não estavam mais ajudando, por isso sentiu a necessidade de fazer a cirurgia. “Trabalho em banco e gosto de jogar bola, chegou um momento que não estava dando mais para fazer nem um, nem outro. Tomava remédios, e me ajudou muito. Entretanto, chegou o momento de fazer a cirurgia, e agora tomo menos remédios e tem vezes que nem lembro mais de tomar, por estar muito bem. E voltei a jogar bola e trabalhar me sentindo melhor”, conta satisfeito.
Contudo, o médico explica que não são todos os pacientes com a Doença de Parkinson que podem fazer a cirurgia – “Quando a doença é muito avançada, com o paciente com quadro demencial associado, já passou do tempo. Por isso, a gente fala que o ideal é procurar um médico logo, para poder o paciente ser avaliado e se tudo correr bem, ser operado no melhor momento”.
“Existem as contraindi-cações em doenças pré-existentes, como, por exemplo, discrasia sanguínea, de coagulação do sangue, infecção associada, doenças psiquiatras associadas. Por isso, se o paciente tem algum tipo de alteração psiquiátrica, não pode fazer a cirurgia”, conclui Lages.