Até a tarde da última quinta-feira (2), o número de pessoas suspeitas de intoxicação por metanol chegava a 48, com 11 casos já confirmados e uma morte registrada no estado de São Paulo, onde apareceram os primeiros casos. Na cidade de Feira de Santana–BA, o óbito de um homem de 56 anos, ocorrido na madrugada desta sexta-feira (3), está em investigação, conforme nota do Governo daquele estado. Mais sete óbitos seguem em investigação, sendo dois em Pernambuco e outros cinco em São Paulo. O crescente número de casos levou o Governo Federal a criar uma sala de situação e, por meio do Ministro da Saúde Alexandre Padilha, anunciou a compra de 150 mil ampolas de antídoto contra a intoxicação, para serem utilizadas no tratamento de pessoas que ingeriram a bebida adulterada. Segundo o ministro, a intoxicação é uma emergência médica grave e a distribuição dos produtos será feita conforme a necessidade de estados e municípios. A Polícia Federal está atuando na investigação de estabelecimentos e fábricas.
Em Minas Gerais, ainda não há a constatação de casos, mas a situação serve de alerta para pessoas que cultivam o hábito de ingerir bebidas destiladas, como whisky, vodca ou gim. Preocupada, a fisioterapeuta Janaina Barros alertou os familiares. “Meu irmão mora em Brasília, onde foram registrados casos. Eu imediatamente pedi a ele e também ao meu esposo, que mesmo estando em Montes Claros, onde não houve casos, para evitarem consumir qualquer destilado”, disse.
O administrador Rafael Fernandes disse que parou de beber recentemente e, se ainda não tivesse feito, nesse momento faria uma pausa para evitar qualquer dano. Habituado a fazer compras para estabelecimentos, Rafael conta que alguns cuidados são essenciais no ofício. “Quando você compra direto da indústria ou por um distribuidor que representa a marca da indústria, existe mais segurança. Quando o distribuidor não é o oficial da indústria, a gente fica com um pé atrás. Pode ser que o produto seja original, mas a outra hipótese também existe”, diz. Ele faz questão de ressaltar que nem sempre é má-fé e, muitas vezes, isso pode até ocorrer sem o conhecimento do estabelecimento comercial. E complementa: “Além disso, o ideal é comprar de marcas conceituadas”.
O metanol, substância utilizada em combustíveis e solventes industriais, é proibido em produtos para consumo humano e pode causar cegueira, falência dos rins, convulsões e levar à morte, mesmo quando ingerido em pequena quantidade. Os principais sintomas da intoxicação são: visão turva ou perda de visão, náuseas, vômitos, dores abdominais e sudorese. Em caso de identificação dos sintomas, a pessoa deve buscar imediatamente o serviço de emergência médica. O governo disponibilizou um telefone para os casos serem comunicados, o Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) emitiu nota lamentando a situação, “um problema antigo e conhecido no Brasil” e reafirmando que a fiscalização de distribuidoras e empresas é necessária, “pois nenhum dono de bar ou restaurante agiria de má-fé sabendo da possibilidade de contaminação e dos riscos envolvidos”. A nota destaca ainda que os estabelecimentos devem ficar atentos a preços muito baixos, lacres tortos, erros de impressão e odor semelhante a solventes. As garrafas vazias devem ser inutilizadas antes do descarte, impedindo que sejam reaproveitadas por falsificadores”. A associação está realizando um treinamento on-line para todos os associados e conselheiros em dias e horários alternativos para que os associados se adequem à melhor opção.

