POR LUIS CLÁUDIO GUEDES

O empresário e prefeito de Janaúba, Yuji Yamada, 68 anos, tomou um susto no último dia 10, quando o município teve todo o repasse da primeira parcela de março do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) retido pelo governo federal, por conta de dívidas com a Previdência. O bloqueio de R$ 877 mil foi o que bastou para instalar de vez a crise financeira na cidade.

Yamada ainda não havia quitado a folha salarial de fevereiro, por isso servidores municipais ameaçaram entrar em greve. Passado o susto e refeitas as contas, o secretário de Administração, Fazenda e Recursos Humanos, José Maria da Silva, anunciou para a próxima sexta-feira (18) a solução para o impasse.

O município de Janaúba recebeu neste mês de março R$ 3,7 milhões em repasses intergovernamentais, mas um terço desse montante (R$ 1,3 milhão) não caiu na conta da prefeitura em razão do bloqueio ou pagamento de dívidas.

Se a vida do prefeito Yamada não anda fácil, o mesmo não se pode dizer do empresário e dono da Brasnica, que vai bem obrigado. Produtor de bananas para exportação e consumo no mercado interno, Yamada viu o preço da variedade prata do fruto atingir patamares inéditos no país. O quilo da banana prata anda perto do R$ 7 nos supermercados em Brasília.

Japonês naturalizado, Yamada não teve na política o mesmo tino que o agronegócio. Ainda no início dos anos 1980, o empresário percebeu que o solo do semiárido mineiro era ideal para a produção de frutas irrigadas. Os projetos de irrigação do Jaíba e Bico da Pedra, em Janaúba, ajudaram na expansão do grupo, que conta hoje com mais de 2.000 empregados e distribuição de frutas para todo o país.

O toque de Midas de Yamada não se repetiu na política, seara em que a burocracia atrapalha o empreendedorismo e a conhecida malandragem brasileira inviabiliza a disciplina dos nipônicos. Resumo da ópera: o governo de Yuji foi cooptado por aliados e dificilmente ele vai tentar a reeleição. Melhor plantar bananeiras.